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MIRELA

Cinco minutos depois de sentir o sangue se escorrendo pelas minha pernas, um círculo se formou em minha volta, minha irmã, Thiago e minha mãe estavam na minha frente tentando entender oque estava acontecendo e se comunicar comigo, que não estava mais ali. Minhas vistas estavam turvas, suadeira incontrolável, vontade de vomitar, e cólicas voltando. Não tinha mais controle sobre meu corpo, estava mole e não conseguia estabelecer um contato entre meus pés e o chão, Thiago me pegou em seus braços e me levou para fora de casa, eu ainda estava ciente do que acontecia.

― Leva ela pra UPA ― minha mãe gritou em desespero no meio da rua, Thiago me chacoalhava no colo correndo em direção a algum lugar e foi aí que eu apaguei complemente.

Não sei por quanto tempo fiquei inconsciente, mas acordei sentindo algo gelado entrando em contato com meu rosto e uma gritaria insuportável.

― Ei, Mirela ― Isadora enfiou sua cara em meu campo de visão para que eu a visse, ainda meio zonza eu tentei assimilar oque estava acontecendo e mais uma cólica me atingiu.

― Aí, muita dor ― foi tudo que eu consegui dizer, tinha a impressão de que qualquer esforço faria com que doesse mais.

Quando meus olhos se abriram suficiente para ter noção de onde estava, vi que haviam me colocado em um carro e estavam seguindo em direção a UPA, que tem atendimento 24hrs. Ao meu lado esquerdo estava minha mãe, a direita estava Isa, no banco da frente estava Thiago e quem dirigia era Manteiga.

― Minha filha, estamos quase chegando ― minha mãe fez carinho nas costas da minha mão com seu polegar.

― Coringa.. ― balbuciei, jogando minha cabeça para trás na intenção de descansar.

Poderia não estar em minha total consciência, mas ainda me lembrava do que havia escutado a algum tempo atrás, e a possibilidade de descobrir que Coringa havia morrido era mil vezes pior do que qualquer sensação que eu estava sentindo naquele momento. Fechei meus olhos e pedi desesperadamente a Deus que nada de ruim que se passava em minha mente realmente acontecesse.

― Irmã, olha pra mim ― Isa agarrou meu rosto com certa agressividade. ― O Coringa não morreu, você acha mesmo que alguém ia conseguir matar aquele estrúpicio com tanta facilidade? ― ela me encarou com a testa franzida, estava mesmo falando sério.

― Não? ― indaguei confusa, e um sorriso genuíno se abriu em meu rosto.

― Ele tá voltando ― Manteiga me garantiu.

Assenti, me mantendo parada feito uma estátua para não ocasionar em mais dores na barriga. Passei o caminho inteiro apertando a mão da minha mãe em ansiedade até chegarmos na Unidade médica, quando Manteiga estacionou o carro mais rápido que a velocidade da luz, Isa e minha mãe me ajudaram a sair do carro e só então me dei conta de que tinha sujado o estofado todo de sangue, que já havia tomado conta das minhas coxas inteiras e desciam até minhas pernas.

― Eu sujei o carro ― falei no automático, sentindo minhas pernas fracas de mais para andarem.

― Foda-se, eu compro bancos novos ― Manteiga rebateu nada preocupado, tentando fazer com que eu me sentisse menos culpada.

Encostei meu corpo no carro sem controle algum sobre meu corpo e minha mãe continuou segurando minhas mãos.

― Não estou conseguindo andar ― comuniquei ao pessoal, que me assistia sem saber oque fazer.

― Pega ela ― Isadora deu um tapa no ombro de Manteiga, que não mediu esforços para me pegar no colo e me levar para dentro.

― Por favor, eu preciso falar com a Karine ― apertei o ombro de Manteiga, que parece não ter me escutado.

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