Mel conhece os Barbosa desde sempre, então se qualquer pessoa perguntar com quantos anos o tal do Gabigol fez o primeiro gol com a perna canhota ela vai saber responder. Isso significa que os dois são amigos? Não, mas é o preço que ela paga por ser...
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𝙼𝙴𝙻 𝟷𝟹 𝚍𝚎 𝙼𝚊𝚒𝚘 𝚂ã𝚘 𝙿𝚊𝚞𝚕𝚘/ 𝙱𝚛𝚊𝚣𝚒𝚕
—Dhio, isso seria um desastre — Passo a mão no rosto.
—Porque? É perfeito, amiga! Você precisa do emprego e ele precisa de alguém de confiança — Ela conta nos dedos antes de pisar no acelerador pra sair do sinal vermelho.
Andar de carona com a Dhiovanna é a mesma coisa de aceitar um emprego na Turquia: você não sabe se vai voltar viva.
Ela dá uma freada brusca e preciso agarrar com força o banco pra não ser jogada com tudo pra frente.
—E eu vou ser paga pra que? Pra fazer nada? — Soltei uma risada nervosa.
Ainda não descobri se estou nervosa pelo fato de estar dentro desse carro um dia depois do pneu dela simplesmente ter estourado sozinho ou pelo fato de que agora ela e a família querem que eu me mude pro Rio de Janeiro pra trabalhar pro irmão.
—Claro que não — Solta uma risada — Ele tem ido ao estúdio do Papato pelo menos umas duas vezes por semana, tem um projeto com o Borges pra soltar e o Fabinho não tá conseguindo dar conta de tudo sozinho.
O Fabinho é outro que está no meu pé há dias, mas fala sério... Desde quando o Gabriel tem uma carreira musical pra ser gerenciada?
Alguém precisa avisar pra ele que mudar a Bio do insta pra “artista” não faz ele ser o próximo L7 ou algo assim.
—Daí eu vou morar dentro da casa do seu irmão? Aí Dhiovanna, você sabe que não curto essas coisas — Balancei a cabeça negativamente.
—Mel desde quando você tem esse tipo de coisa com a minha família? Você passa semanas comigo no apartamento do Gabriel aqui em São Paulo — Ela me olha.
—Por favor não tira os olhos da pista, tá? — Empurrei a bochecha dela que soltou uma risada — E é óbvio que passo semanas na casa dele com você. Porque estou com você — Revirei os olhos.
—Vai mudar o que, Mel? — Solta um suspiro.
Muda muita coisa pra mim.
Claro que eu já convivi com o Gabriel várias e várias vezes durante os anos, tipo aquela vez que fomos todos juntos pro rodeio em Jaguariúna e tivemos que colocar centenas de colchões no mesmo quarto pra dividir ou quando a Dhiovanna me arrasta pro Rio e ficamos na casa dele, mas nunca tivemos uma conversa que durasse mais de duas frases. Era sempre “e aí, beleza?” e eu respondia “beleza”. Pronto.
Como vou morar na mesma casa que ele?
—Muda tudo né, Dhiovanna? Inclusive o estado — Deslizo no banco.
Que belo momento de perder o emprego, Mel.
O pior é que até minha mãe concorda com essa ideia bizarra de ser assistente do “Lil Gabi”. Tudo isso porque desde que ela e papai se separaram as contas de casa precisaram ser dívidas entre eu e ela, estar desempregada complica tudo.
