Mel conhece os Barbosa desde sempre, então se qualquer pessoa perguntar com quantos anos o tal do Gabigol fez o primeiro gol com a perna canhota ela vai saber responder. Isso significa que os dois são amigos? Não, mas é o preço que ela paga por ser...
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𝙼𝙴𝙻 𝟷𝟿 𝚍𝚎 𝚊𝚐𝚘𝚜𝚝𝚘 𝚁𝚒𝚘 𝚍𝚎 𝙹𝚊𝚗𝚎𝚒𝚛𝚘 / 𝙱𝚛𝚊𝚜𝚒𝚕
Sabe aquelas tempestades de verão? Aquelas que você não tá esperando, uma hora tá maior solzão e de repente tá caindo o mundo de água na sua cabeça?
Então...
Foi exatamente isso que aconteceu quando o Gabriel entrou no quarto de hóspede que eu tinha roubado a adaptado pra ser o meu quartinho de leitura.
Que? Eu morava aqui agora, tinha que fazer umas coisas que fossem a minha cara.
E não. Eu não pedi permissão. Só abri a porta e pedi pro moço da loja de móveis montar minha estante aqui. Também tem um daqueles colchões de veludo. Não tem uma base, mas tem uma porrada de travesseiro que eu sai roubando das camas de hóspedes dos trezentos quartos que tem nessa cama. Porque a gente faz o que pode com o que tem.
Juro. Ele entra parecendo um furacão, um redomoinho, aquele bichinho da Tasmânia... Daí para bem na frente do colchão e largar uma caixinha preta.
Deixo meu cenho franzir enquanto largo o livro que estou lendo e desvio minha atenção para a caixinha preta. Tem duas mãos desenhadas na frente. Se tocando. E tem um círculo vermelho imenso dizendo “o jogo das intenções”, mais pra baixo uma frase... Que hum... “Cartas para criar conexões íntimas”.
Olho pra ele.
—Que merda é essa, Gabriel? — Perguntei.
Ele abriu aquele sorrisinho sacana de lado, chutou a Kenner que estava usando pra longe e sentou na minha frente..
—É pra apimentar a relação — Balançou as sobrancelhas.
Soltei uma gargalhada. APIMENTAR A RELAÇÃO. Puta que pariu. Só pode ser piada.
—Tu quer apimentar o que, Gabriel? – Tento segurar a risada enquanto ele começa a abrir a caixinha.
—A relação pô — Solta uma risadinha, embaralhando as cartas e colocando-as espalhadas no colchão — Bora, Mel. Puxa uma aí.
—Fala a verdade: tinha isso guardado, né? Aposto que usava quando tava namorando — Apertei os lábios, cruzando os braços em frente ao corpo.
Ele queria apimentar o que, cara?
A gente transouno ofurô, transou a noite no meu quarto e tudo bem que faz uns três ou quatro dias que mal nos vemos direito, mas não acho que precise apimentar nada não.
