Nunca te esqueci

Capítulo 15

POV Carlos

Cheguei no instituto mais cedo, não consegui dormir direito com tudo o que eu e o Renan conversamos, estou decidido a não recuar e não desistir da Aléxia, sei que vai ser difícil passar por algumas barreiras que tenho mas também sei que vai valer a pena, ela vale qualquer sacrifício que eu tenha que fazer, até mesmo ir contra meus instintos de me esconder num passado que eu sei que não tem como ser diferente, não há volta e eu realmente tenho que me desapegar dele como disse o Renan!

Fui para o meu escritório e ao abrir a porta, me deparei com o Alvarez tentando abrir a gaveta da minha escrivaninha onde supostamente guardo todos os arquivos sobre as pesquisas em pendrives, o que aliás ninguém sabe que é "supostamente", para todos os efeitos é lá que estão guardados. Desde que a pesquisa sobre um medicamento para coração com base em algas, que seria o fim do uso de muitos outros por não ter quase efeitos colaterais  e permitir que fosse bem mais barato, sumiu misteriosamente dos meus arquivos, passei a usar outros meios para guardar e oficialmente eles estão em pendrives.

_Bom dia Alvarez, precisando de algo?- ele se assusta ao me ver entrar e vejo que ele ficou meio perdido no que iria me responder.

_Eu...É... Eu estava procurando uma caneta pra te deixar um recado e...
_Entendi. E por que não me mandou o recado pelo celular?

_Ah,  é que eu já estava aqui e resolvi fazer assim...

_Hum, tá bom e qual é o recado, o que você quer falar comigo?
_Hum, bem, é que preciso dos relatórios das últimas pesquisas.
Olho pra ele e tento não dar uma resposta que o coloque em alerta, tenho algumas desconfianças e preciso ir com calma....
_Ahh, sim pode deixar que daqui dois dias eles estarão na sua mesa.
Ele deixa transparecer  alívio por não ser mais questionado e sai do meu escritório.

Ainda com a porta aberta o vejo se aproximar da Ariadna e observo que ela ficou incomodada com algo que ele disse.
Tenho que descobrir o que está acontecendo, já tem um tempo que eu venho observando que ela é chamada na sala dele para fazer relatórios que não cabe a ela fazer e que isso a incomoda, não falei nada pra ver se ela viria até mim, porém está me parecendo que de alguma forma ela está sendo coagida. Vou aguardar para ver o que vai acontecer agora...

Meia hora depois...

Vi Ariadna  avisar Fernando que precisava dar um pulinho na sala do diretor e que já voltava, dei a ela uns minutinhos de dianteira e fui sutilmente atrás dela...

Vi que ela respirou fundo antes de bater na porta de Alvarez e entrar assim que teve permissão. Aguardei cinco minutos e fui até lá, bati na porta e entrei como se nada fosse.

_Alvare...- vi os dois saltarem de susto, ele a  estava  encurralando na mesa dele, ela  chorando  e ele com o dedo apontado para a cara dela, e assim que entrei ele disfarçou e vi claramente uma expressão de alívio no rosto dela. Ela estava com os dois botões de cima de sua camisa abertos e a primeira coisa que ela fez foi fechá-los, a segunda foi praticamente pular pra perto de mim.

_Tá tudo bem por aqui- falei olhando para Alvarez firmemente, sentindo Ariadna tremendo levemente ao meu lado.

_Sim, claro, ham, eu estava  conversando com a dra sobre, ham...

_Sobre?- eu perguntei, não posso deixá-lo sair dessa como se nada fosse.

_Ora, sobre o trabalho dela, é claro! Pedi relatórios sobre as pesquisas dela e...

_Não sabia que faz parte do trabalho da dra. Ariadna passar relatórios a você, achei que esse era trabalho meu, aliás você foi ao meu escritório hoje justamente para isso, não foi? Não entendi o motivo de ter pedido a ela também...

_Bem acho que como seu superior não devo satisfações a você e...

_Dra Ariadna é minha subordinada e responde a mim, é meu dever também protegê-la e cuidar do seu bem estar dentro do instituto, acredito que você ,melhor do que ninguém, saiba das condutas morais que devem ser seguidas e de como nós, ainda que subordinados temos respaldo para nos proteger aqui dentro, não é mesmo?

O estatuto de conduta de ética do instituto foi redigido de forma a proteger subordinados, homens ou mulheres, de qualquer tipo de assédio aqui dentro, e Alvarez entendeu bem o que eu disse, se ele fosse por esse caminho eu me reportaria a quem é superior a ele e ele teria que responder a isso.

Alvarez recuou mas de alguma forma intimidou Ariadna pois senti que ela se encolheu do meu lado, olhei pra ela  e vi a expressão de medo e o olhar dela fixo no celular de Alvarez, que parecia mostrar a ela sutilmente, como se tivesse algo ali... E era sobre ela!

_Bom dia Alvarez, daqui dois dias entrego os relatórios que você tanto quer . - e saí puxando Ariadna sem dar chance a ele de prendê-la ali outra vez.

_Você está bem?- vi que ela estava com os olhos marejados e a conduzi até o meu escritório. Entramos e a fiz sentar, me dirigi até o frigobar que tenho na minha sala tirei uma garrafa de água gelada e enchi um copo.

_Respira, bebe aqui essa água, tá geladinha- entreguei a ela o copo.

_Obrigada e descul...

_Não precisa! Eu quero saber o que está acontecendo mas vou esperar até que você esteja mais calma e possa me explicar tudo, de forma que eu possa tomar alguma providência...

_NÃO!- ela grita apavorada.

_Carlos, você não pode fazer nada, por favor, ele vai acabar com a minha vida e eu não posso perder tudo outra vez , eu não aguento passar por tudo de novo!-ela falou já chorando com desespero e eu a abracei, tentando acalmá-la.

_Tá bom, eu não vou fazer nada por enquanto mas quero saber tudo, eu te juro que vou ouvir e só quero te ajudar, ok?

E Ariadna começa a me explicar tudo, quanto mais eu ouço, mais eu sinto nojo desse homem.

_Ariadna, você se importa de hoje ir até a minha casa e repetir tudo isso para um amigo meu que vai poder nos ajudar sem que você corra riscos? Topa?

_Eu vou, eu não aguento mais viver esse inferno!

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Espero que estejam gostando da estória!