Capítulo 7

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Capitulo 7

POV Aléxia


Acordei com os raios de sol batendo na cabeceira da cama pois a janela enorme que tem no meu quarto é bem em frente à cama e ontem eu esqueci de fechar as cortinas  que deixam o quarto escuro. Acordar cedo num sábado depois do que vivi ontem é crueldade, veio tudo de uma vez só, todas as lembranças, tudo o que eu fiz, só não fico corada porque há muito tempo que eu perdi a vergonha no que se relaciona a sexo.  Com o tempo me tornei muito livre, aprendi a buscar o meu prazer sem pudor, sem as barreiras que os ensinamentos religiosos colocaram em mim. Antes eu entendia que eu não podia procurar , isso me tornava uma mulher sem valor, que mulheres direitas não tinham direito sequer  de ter prazer, só as “putas” se ofereciam. Por um tempo, até   uns três anos antes  do meu casamento terminar, eu via o sexo com um certo tabu mas eu me descobri e comecei a buscar novas coisas, novas posições, novas formas de buscar prazer com meu marido mas o que no começo o surpreendeu e me incentivou a continuar a buscar ,fez com que ele começasse a questionar minha fidelidade e minha vida virou um inferno, ele queria ver meu celular, controlar minhas idas e vindas, eu não podia respirar mas quando ele começou a interferir no meu trabalho,  eu dei um basta!

Richard e eu trabalhávamos juntos, ele era meu chefe direto na Interpol e por anos nós fomos uma equipe de muitos resultados positivos, mesmo após a separação, que foi tremendamente desgastante  e traumatizante, nós permanecemos por um tempo trabalhando mas tive que pedir transferência de equipe porque ele acabava misturando as coisas, atribuindo tarefas que sequer eram da minha alçada só pra me manter debaixo do controle dele, impedindo até de ser promovida em determinada  época. Essa foi a gota d’água ,fui aos nossos superiores e pedi transferência, o que me foi concedido sem problema algum.

Vim para o Brasil para dar continuidade a uma investigação que teve início na Alemanha ao encontrarmos mulheres sendo escravas sexuais em boates que tinham serviço de prostituição no seu cardápio. Seguindo todas as pistas e provas chegamos aos supostos financiadores e talvez aos também sequestradores, pois a maioria vinha daqui do Brasil e outros países da América do Sul.

Como eu  também fiz a faculdade de biomedicina, antes da de direito porque quando estavam faltando dois anos pra terminar eu prestei vestibular novamente e passei em direito por ter finalmente definido que o que eu queria se relacionava a isso, investigação, a ação de prender e fazer com que permanecessem presos. Logo após ter terminado a faculdade de direito passei na prova da Polícia Federal, onde o Richard, meu ex marido, já trabalhava e trilhava a passos largos o sucesso da sua carreira. Foi difícil essa jornada, conheci o Richard no final do segundo semestre de biomedicina, numa festa da faculdade em que ele foi acompanhando o seu irmão  mais novo. Eu ainda esperava de alguma forma que Carlos viesse até mim, não demonstrava mais o que sentia, nem pra Bilito que foi o meu porto seguro, aguentou muito choro coitado mas decidi que não podia levar ninguém junto comigo e coloquei a máscara da superação e segui em frente! Ou fingi , até o dia que o vi numa rave quase engolindo uma ruiva gostosa( palavras de um colega meu) ,aquela foi a cena em que me agarrei para enterrar definitivamente aquele amor unilateral. E foi exatamente uma semana depois que eu conheci Richard, tudo foi muito rápido e muito intenso, ele me envolveu e eu me deixei levar, eu queria esquecer e viver sem ter aquela sombra em mim, nos conhecemos em Agosto, e eu engravidei em dezembro. Fiquei apavorada, só pensava no meu pai e no bebê, no que meu pai ia fazer comigo, na decepção dele e em como eu ia criar essa criança se o Richard não a quisesse. Mas tive uma grata surpresa, nem meu pai me desamparou e nem Richard! E de quebra tive todo o apoio de tio Francis e tia Amália que fizeram uma rede de apoio e me proporcionaram condições de continuar a estudar, concluir e ainda fazer outra faculdade, claro que ao decidir fazer a segunda faculdade eu sentei com todos e expliquei tudo o que senti, queria largar a biomedicina mas tio Francis e meu pai logo me convenceram a terminar e fazer a outra depois e como tia Amália me conhecia como ninguém, depois que eles saíram me disse que se fosse ela faria as duas, já que só faltavam dois anos pra concluir biomedicina e foi o que eu fiz... Só não contava com a vinda de Gael no meio do processo, pesou mais um pouco mas finalmente consegui! Tive dias de querer desistir, mal tinha tempo pra cuidar de mim, casamos mas ficamos na casa do meu pai porque seria mais fácil pois Richard trabalhava por turnos e papai me ajudava com as crianças. Ainda assim eu não queria sobrecarregar e quando eu achava que ia desmoronar ,tia Amélia surgia e “sequestrava” os meninos por dias às vezes. Não posso me queixar de não ter tido apoio mas com certeza foi uma loucura ter feito as coisas dessa forma, ainda que no final tudo tivesse dado certo e hoje estou onde queria e caminhando para ir mais longe ainda!

Enfim, por ter feito biomedicina me designaram para ser infiltrada no instituto ,já que eles estavam precisando de uma pessoa na área e ainda não tinham preenchido a vaga por “falta” de verba e esse era o início da investigação, pra onde estava indo essa verba e quem a desviava e principalmente, qual a relação com o tráfico de mulheres, já que encontramos papeis que tinham o timbre do instituto e se dirigiam aos donos daquela boate.

  Como eu estava “emprestada” pela PF à Interpol ,a minha vinda seria muito mais facilitada, eu responderia aos meus superiores daqui e eles reportavam aos meus superiores lá e quando eu tivesse as informações necessárias e concretas, a minha equipe viria para cá pra começarmos o processo de toda a recolha de provas e posteriormente a prisão dos responsáveis.
Meu trabalho por enquanto era identificar quem fazia parte da rede de tráfico humano e como era feito o processo de financiamento e sequestro. O que nos pareceu foi que de alguma maneira o crime tinha início aqui, de alguma forma o instituto estava envolvido e eu precisava encontrar quem exatamente fazia parte do esquema de desvio de verba. E ao que tudo nos indica, tem algo a ver com a área de pesquisa... Então essa foi a brecha que foi encontrada para que eu fosse infiltrada, existia uma vaga e eu tinha o curso, o resto foi forjado pela minha expert em tudo que diz respeito à internet, darkweb, hakear dados e a cereja do bolo para a situação atual, forjar dados, Max a nossa deusa da tecnologia! Ela forjou currículo, tempo de serviço, até foto de premiação a danada forjou para que eu fosse contratada sem qualquer desconfiança por parte do  diretor, já que nós não sabíamos onde começava a rede nem até onde ia. Quando eu vi a foto do Carlos no dossiê, eu tive um choque e não vou mentir, dei uma balançada e até tive um primeiro impulso de me negar a fazer o trabalho mas logo em seguida eu me recusei a deixar que algo do passado e que já estava morto e enterrado,  interferir no meu trabalho e na minha carreira!


Eu me preparei bastante, tinha que parecer surpresa ao vê-lo pela primeira vez e principalmente, tinha que me manter fria e distante, preciso de sobriedade e imparcialidade para executar o que me foi proposto! Todos ali são suspeitos e tenho que  investigar um por um, observar cada um ,por isso tenho me enturmado cada vez mais com eles. Aparentemente são pessoas legais que amam o que fazem. Como Aninha trabalha diretamente comigo no laboratório e é totalmente desprovida de freio, consigo ter acesso a informações que pra ela nada dizem mas pra mim muito me contam.

Por exemplo, Fernando ,que trabalha no nível V com o Carlos, por três vezes nos últimos dois meses se ausentou por dias e ninguém sabe exatamente porquê, a fofoca é que ele está de namoro com uma gringa que ele conheceu num aplicativo de relacionamento. Pode ser verdade? Pode! Mas também pode ser para que ele  se encontre com alguém ou faça algo para a organização que está envolvida no tráfico... Ou a Ariadna que volta e meia é chamada à sala do diretor Alvarez e que não encontro motivo, já que o nosso chefe é o Carlos e não ela... Tem o próprio diretor que faz muitas visitas ao escritório do Carlos, estranhamente quando ele não está ou ao laboratório com a desculpa de que precisa encontrar com ele para saber como andam as pesquisas, coisa que é totalmente desnecessária já que fazemos relatórios semanais para isso. Só do Jr que não tem fofoca, aliás o Jr passa despercebido pra muita gente mas não pra mim, eu vejo como ele procura saber de tudo que está acontecendo em cada laboratório, como se procurasse algo ou não sei, talvez descobrir algo...

Bom, e tem o Carlos! Esse é o que me traz mais dificuldade, porque  tenho que descobrir mas não posso me aproximar muito para que não haja confusão nas coisas, ele pode interpretar como uma aproximação com outra  conotação... O pior é eu também acabar por confundir e é algo que não quero! Ontem eu quase caí, o mais difícil foi largar aquela boca e me afastar quando tudo o que eu , espera, eu não, o meu corpo queria era ser totalmente tomado por ele!

Existe tudo o que eu penso sobre ele, sobre o que aconteceu, e sim eu tenho medo de me machucar novamente mas o que está aqui em primeiro lugar é a investigação portanto tenho que me manter de cabeça fria e livre de qualquer coisa que possa  me atrapalhar! Mesmo que pra isso eu tenha que trazer uma mágoa que eu enterrei e já não era lembrada(que ainda machuca) para conseguir levar adiante a investigação.





Quem diria,nossa Lexie agente da PF e da Interpol e sim minhas lindas, é sim possível.

Meninas, quero fazer das mulheres deste livro as mais representantes  possível, são mulheres fortes,sofridas,valentes , batalhadoras,guerreiras mas que passam por situações que cada uma de nós já passou em algum momento, claro que aqui eu coloco mais ênfase mas são situações reais!

Votem, comentem e até semana que vem! Bjo lindonas!

Nunca te esqueciOnde histórias criam vida. Descubra agora