Nunca te esqueci

Capítulo 64

POV Aléxia

Já tem uns vinte dias desde que tudo aconteceu e que meu pai está nervoso, se esquivando de conversar comigo, só existe uma pessoa que o faz ficar assim: minha"querida" mãe!

Ele pensa que eu não sei que ela está no Brasil e provavelmente está querendo se aproximar, eu a monitoro há anos e sempre que ela tenta, eu procuro maneira de afastá-la de nós, sei o quanto ela feriu meu pai... Quanto a mim, sinceramente eu nem sinto nada, o tempo em que eu me sentia inferior, insuficiente por ela ter nos abandonado quando eu tinha apenas três meses de idade, esse tempo já passou,entendi que o amor que o meu pai me dava era mais que suficiente, era completo, meu pai me amou por ela também, nunca senti falta de amor, posso ter sentido falta de conselhos femininos, de aprender coisas de mulher com ela, mas fui tão agraciada que a vida me deu tia Amália, que supriu muito bem o que meu pai não conseguia por não saber como fazer. Minha progenitora entendeu que precisava de liberdade e que não queria ser mãe e por isso nos deixou da pior maneira possível, aproveitou uma viagem do meu pai,  me largou com a vizinha e simplesmente sumiu, deixando uma carta contando os seus motivos. Eu nem vou criticar o fato dela não querer ou se sentir pronta para ser mãe, isso é possível e acho melhor você assumir sua incapacidade ou falta de maturidade, do que maltratar um filho e ferrar com o psicológico dele. Mas ela fez na covardia, não sentou e conversou com meu pai, só largou a bomba e foi! Segundo as pessoas que estiveram com ele na época, era notório o sofrimento dele, porém ele não desistiu, ele ficou e foi o melhor pai do mundo, me preparou pra tudo, pra vida, pra ser o que sou hoje.Meu pai nunca me abandonou, me apoiou, sustentou meu emocional, corrigiu meus erros sempre com amor e por isso eu faço de tudo para poupá-lo de ter contato com ela, sei que isso ainda o abala, meu pai nunca mais conseguiu ter um relacionamento com ninguém, talvez por medo de ser ferido, abandonado de novo,então eu o vejo vivendo pra nós, pro trabalho, tem seus encontros( menos os que tia Amália arruma) e segue a vida. Talvez seja o momento de pôr um ponto final, talvez ele precise dessa finalização.

Estou no endereço que meu contato me passou e fiquei alguns minutos olhando pra frente da casa onde ela está, agora estou esperando que ela venha abrir a porta.

_Bom di... Aléxia!- claro que ela sabe quem sou, assim como eu ela também me monitora, me acompanha à distância, eu sei exatamente quando ela fez isso... Na minha formatura, no meu casamento, no nascimento do Noah e lá em Londres quando me divorciei,eu sei que ela estava na audiência, o juiz era amigo dela e a deixou ficar numa parte em que eu supostamente não a via. Mas eu sabia que ela estava lá e decidi há muito tempo ignorá-la, ela não fez parte da minha vida em momento nenhum e iria continuar a ser assim, era melhor, mais saudável!

_Oi Clarice, tudo bem?

_Sim, entra filha...

_Não me chame assim, você perdeu esse direito há muito tempo!

_Tudo bem, você está certa, me desculpe- ela fala baixando o olhar, mas isso não me comove, sei bem comquem estou lidando.

_ vim aqui apenas para te dizer que se afaste, não ligue, não fale com meu pai, você já fez estragos suficientes, não precisa fazer mais, aliás, eu não vou permitir mais que você faça!

_O que ele falou de mim pra você? Ele falou o pior de mim não foi? Eu sabia que  ele iria me denegrir pra você, por isso você me odeia tanto. – ela fala com a voz embargada, quase gritando.

_Primeiro pode baixar o tom, segundo, ele nunca falou de você! Nada mesmo, nem bom nem ruim, eu descobri por mim mesma e por ele ter me preparado tão bem, sei muito bem avaliar as coisas sem influência de ninguém. Terceiro, eu não te odeio porque pra odiar tem que se sentir algo pela pessoa e você me é totalmente indiferente, não posso odiar alguém que não me diz nada!