Capítulo 26

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Deco
Segunda, 05:17am.


Era pouco mais do que cinco da manhã e eu estava acordado, por qual motivo eu anda não sabia, mas tava sentindo um bagulho estranho. 

Levantei da cama e caminhei até a varanda do quarto, sentei no sofá que tinha ali e acendi meu baseado, já era possível ver o sol querendo dar as cara, o mar calmo me faz lembrar coisa pra caralho... 

— Você nunca mais vai aparecer com mulher nesse morro, ta me ouvindo Deco? — a loira reclamava enquanto tava deitada no meu peito.

— Tu é engraçada né Leticia, não quer assumir nada mas também não quer que eu procure alguém — ela me olha furiosa — Fode ou saí de cima porra. 

— Você quer outra mulher Deco? — segura o meu queixo me fazendo olhar pra ela — Quer? —  não respondo, não ia dar mais essa moral pra ela, apesar de ela ter toda a moral comigo, se senta na cama e eu faço o mesmo — Me responde? — beija meu pescoço me fazendo arrepiar e depois sobe encontrando a minha boca — Você acha que encontra outra melhor do que eu? — se encaixa no meu colo — Você acha que vai encontrar outra mulher que te faça sentir tudo isso que tu sente por mim? 

— Não — respondo simples, não iria mesmo, nunca ia sentir por outra pessoa algo parecido com o que eu sentia por essa loira do caralho. 

— Então, por que tu ainda insiste em procurar?

— Por que tu abriu brecha pra eu fazer isso — ela me encara entediada — Tu que não quer nada assumido, tu — aponto pra ela observando os traços do seu rosto, o nariz fino, a boca rosa, os cabelos loiros — Você sabe muito bem que eu não quero outra, eu queria você, queria tu como minha mulher, queria casar conti...

— Não começa com essa porra desse papo de casar, eu não vou casar contigo porra — ela sai do meu colo rapidamente e se senta na cama procurando a roupa dela pelo quarto — Tu sabe que eu nasci pra isso, não nasci pra ser mulher de traficantezinho, chorando por você quando tu saí pra confronto — se levanta visivelmente irritada — Quer saber, vou pra minha casa.

— Não vai não — rebato

—  Não vou ficar aqui ouvindo você falar dessa merda de novo. 

— Não vou falar mais, deita aqui pô — imploro — Gosto de dormir contigo. 

— Você não vai falar sobre voltar? 

— Não vou — afirmo. 

— Certeza? — pergunta mais uma vez — Por que se for eu juro que eu... — ela cala a boca quando eu puxo ela pelo braço de volta pra cama, ela cai em cima de mim e eu puxo ela mais pra perto e vou logo beijando a boca dela. 

Maldito sentimento esse que eu sinto por essa demonia loira, não consigo ficar longe dela

Era péssima a sensação que eu sentia toda vez que lembrava dela, eu amava pra caralho aquela loira mas ela meteu o pé, foi embora sem nem falar nada o que me deu a entender que nada do que eu sentia por ela, ela sentia por mim... E eu só queria entender o porquê.

Os sons dos fogos sendo lançados no céu me tiram totalmente dos meus pensamentos, observo as ruas e vejo a movimentação estranha, de imediato já entendo o que tá acontecendo.

Estão invadindo.

Corro pra dentro e pego o rádio do lado da cama. 

— Qual foi? O que tá acontecendo ai? — pergunto mesmo sabendo a resposta. 

Válvula de escape - [M].Onde histórias criam vida. Descubra agora