Caio Coimbra (Deco) ⚡
Domingão com um sol pra cada morador dessa comunidade.
Hoje me dei o luxo de acordar mais tarde, ia dar dez. E pra quem acorda todo dia sete pra resolver problema isso é tarde pra caralho, levantei, fui no banheiro e tomei aquele banho frio pra acordar bem, desci pra cozinha, fiz um café daqueles e um sanduiche do bom, tava decidido que não ia sair de casa hoje, precisava descansar afinal, não é por que nois é bandido que não é filho de Deus né.
Sentei no sofá e liguei a televisão, tava passando uma reprise de algum jogo. Me amarrava. Não foi muito tempo até eu estar na paz e ela simplesmente acabar, o barulho do meu celular tocando me dizia que o que eu tinha certeza que aconteceria estava se concretizando, algum filha da puta iria me atrapalhar.
- Fala - atendi o telefone depois de ver o nome do Santos na tela - Tô pra nada hoje não irmão.
- Bom estar, teu amiguinho ta aqui na sala do lado te esperando, disse que precisa de falar contigo urgente.
- Quem porra?
- Dado.
- O que esse velho quer aqui em um domingo de manhã?
- Não sei, mas se quiser posso ir lá oferecer um cafezinho e perguntar pô.
- Vai se fuder - me irritei logo - Manda ele marcar quinze que eu tô chegando ai.
- Pode deixar que enquanto isso eu faço companhia pra ele e tento convencer ele a me colocar como gerente de alguma das favelas dele já que aqui tu não me dá o devido valor.
- Mano, tu tá boiola igual o TH, para de andar com ele.
- Mas eu só tô falando a verdade.
- Verdade é a minha pica, fica de boa na tua ai que eu to chegando.
Quando eu digo que não tenho paz as pessoas não acreditam, quando não é esse morro, são essas donas que ficam igual carrapato, quando não são elas é o TH e o Santos enchendo a porra do meu saco, quando não são eles dois, pode ter certeza que são mais milhares de problemas.
Tomar no cu mesmo.
Subi pro quarto de volta, coloquei uma camiseta branca, minhas havaianas, passei a mão na arma e prendi na cintura, desci voado pra boca pra ver o que o maluco tava querendo comigo em pleno domingo.
- Opa - falo atraindo sua atenção quando abro a porta e encontro o homem de uns quarenta e dois anos sentado na cadeira de costas pra mim, ele levanta, se vira e se aproxima me estendendo a mão, retribuo o gesto apertando a mão dele com firmeza, igual cabra macho - O que tu manda?
- Temos problemas - minha vontade era de perguntar qual era a novidade por que problemas a gente sempre teve mas só faço um gesto para que ele continue - Ta ligado no tal Lobo né - confirmei, até hoje não consegui maiores informações sobre o desgraçado - Tentou tomar o Dona Marta, mesma estratégia, poucos soldados, pouco alarde, dessa vez eles conseguiram levar mais dos nossos do que nós dos deles - explica - E tem uma coisinha que era especialmente pra você.
- O que? - ele pega o celular na mesa e empurra na minha direção, observo a foto, corpo do sub do morro de lá todo ensanguentado, no peito dele tinha uma mensagem em que dizia que minha vez estaria chegando, bagulho doido de se ver - Que porra é essa?
- Parece que tu tá na mira.
- Porra - dou um tapa na mesa - O problema é que eu não faço ideia de quem seja esse filho de uma puta, coloquei o melhor dos que eu tenho pra descobrir alguma coisa e nem assim.
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Válvula de escape - [M].
FanfictionNão importa bem a definição, Por que vale mais o sentido, Daquilo que te ajuda a manter a lucidez, Parar não ficar por ai perdida, E cometer bobagens e estupidez, Para aguentar a rotina, Equilibrando corpo e mente, Que faça enxergar os detalhes...