Válvula de escape - [M].

Capítulo 53

Alícia Medeiros ✨

— Você está estranha — vejo ela quieta e calada dentro do carro — Oque aconteceu? — pergunto mas ela continua calada — Ei garota, estou falando com você! — chamo a atenção dela.

— Oi — responde baixo — Eu estou bem, não tenho nada — a voz amena me deixa intrigada.

— Se tem uma coisa que você não está é bem — olho rapidamente para ela e depois volto os meus olhos para o caminho — Oque aconteceu? — pergunto novamente — Você sumiu e quando voltou já estava estranha.

— Não foi nada — fala — Nada aconteceu.

Ela continua em silêncio e eu decido não forçar mais a barra para saber se algo aconteceu, já fui adolescente e sei bem como é insuportável que as pessoas fiquem te interrogando exigindo saber da sua vida, o dia em que ela decidir que está preparada para e contar eu também estarei preparada para ouvir.

O resto da semana foi corrido e intenso, os plantões no hospital não foram fáceis mas mesmo assim eu me sinto grata pelo meu emprego, Cecília continua com a carinha triste e hoje eu decidi que iríamos lanchar, quem sabe um hambúrguer gigantesco não anima essa menina, saio do vestiário do hospital e me despeço da Júlia e também do Alex mandando um beijo para eles, vou para o carro e depois sigo para o morro em busca da pequena. Assim que adentro a loja sinto o ar condicionado me atingir e posso finalmente me refrescar do calor que estava o Rio de Janeiro.

No domingo antes de irmos para casa Steffany e Cecília me cercaram e me torturaram até que eu permitisse que a garota trabalhasse na loja com a Teff, no início fiquei irredutível, para mim o mais importante para ela neste momento é o estudo, mas conversando com o Deco ele também me fez ver que seria vantajoso para ela, além de ter algo para ocupar a mente, ela teria um lugar para ir após a escola e ganharia o seu próprio dinheiro para poder adquirir as coisas que tanto desejava, no fim de tudo combinamos que seria uma ideia boa desde que não atrapalhasse os estudos dela.

— Chegueeei — cantarolo na loja que naquele momento não havia cliente.

— Oi amiga — Steffany me cumprimenta toda feliz de trás do balcão.

— Por que tanta felicidade? — Pergunto.

— Estávamos fechando o caixa e adivinha — fala animada — Tivemos uma excelente entrada essa semana — dança junto com a Cecília, sorrio das duas juntas.

— Serio? Que maravilha — respondo contente por ela — Precisamos ir Cecília, temos reserva marcada e eu não quero perder — falo com a mais nova que concorda e sai para buscar suas coisas.

— Perder oque? — a voz rouca invade o local e logo sinto a mão na minha cintura e os lábios no meu pescoço.

Depois do episódio dele com a tal vitória, não posso falar que tivemos uma briga, mas uma boa conversa, ele até tentou explicar mas eu cortei logo, se não temos nada sério não quero que tenha uma cobrança de nenhum dos dois lados.

— Deu pra ouvir conversa dos outros agora? — ela fala com cara de deboche.

— Steffany, Steffany não me faz rapar a tua cabeça garota — ele responde ela com tom bem humorado.

— Você ainda não tá ficando louco — sorri — Não tá mesmo.

— Pronto — Cecília vem com a mochila nas costas.

— E aí pequena — Caio fala com ela, que vem e além de um toque de mão dá um abraço na garota.

— Então vamos né — chamo a mais nova — Como já disse não quero me atrasar.