Capítulo 34

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Alicia Medeiros

Acordo sentindo o peso em volta da minha cintura, abro os olhos mas a escuridão toma de conta do cômodo me impede de ver um palmo a minha frente, demoro a assimilar e me lembrar da noite passada. Lembro das nossas conversas e lembro também de estar deitada ao lado dele no escuro quando peguei no sono, o intuito era esperar minha mãe dormir e ele ir embora, mas pelo visto não foi o que aconteceu. 

Minha mãe.  

Ele precisa ir embora. 

— Ei — giro meu corpo ficando de frente pra ele —Você precisa ir — o homem não se mexe, balanço ele mais forte e aí sim vejo ele começar a despertar.

— Hum — murmura — O que foi?

— Tu precisa ir embora Caio, já é — levanto o corpo um pouco e olho as horas na Alexa — Seis e quinze, não podem te ver... — o homem dá um pulo da cama que me deixa assustada.

— Porra — resmunga se levantando rápido — Não podia ter dormido aqui — veste a camiseta que tinha tirado em algum momento ontem, coloca os tênis e se põe de pé caminhando até a porta.

Sem nem olhar pra trás abre a porta e segue pela sala, por sorte meus pais ainda estavam dentro do quarto, sigo junto com ele, ele mesmo abre e sai, vou fechando a mesma assim que ele passa pelo batente mas sou pega de surpresa quando ele se vira e trava a porta com a mão empurrando e abrindo ela de novo.

— Tá esquecendo nada não? — fala com a mão na porta, olho a minha volta procurando algo que ele tenha deixado pra trás mas não encontro nada. 

— Deixou alguma coisa no quarto? 

— Não, tá aqui na minha frente — agarra minha cintura e puxa meu corpo de leve a mão livre se encaixa no meu rosto me aproximando dele também, sinto sua língua quente em contato com a minha, dessa vez um pouco mais calmo do que todas as outras vezes durante a noite, fico aérea por sentir ele desse jeito, não dá pra negar quando ele me toca, meu corpo se acende instantaneamente, devagar ele separa nossos lábios e distribuí beijos pelo meu rosto seguindo até o meu pescoço — Bom dia gatinha — pousa um selinho nos meus lábios e logo sai.

Fecho a porta devagar e encosto nela tentando acalmar todo o meu corpo, mas nem preciso me acalmar quando abro os olhos e sinto o meu corpo gelar quando encontro meu pai na porta do quarto me observando.

— Bom dia gatinha — repete a frase dita a segundos atrás com sarcasmo, cruza os braços e me olha com aquela cara que ele sempre fazia quando descobria algo que eu fazia na infância. 

— Oi pai — sorrio nervosa e me aproximo, abraço ele que beija o topo da minha cabeça — Como o senhor passou a noite?

— Pelo visto não tão bem como você. 

— Poderia ter sido bem melhor — murmuro enquanto caminho para a cozinha em busca de um copo de água. 

— An? — pergunta.

— Não, nada não.

— Alicia — continua me olhando com a mesma expressão. 

— Paaai — falo sorrindo. 

— Quem era o rapaz? — pergunta se juntando a mim dentro da cozinha. 

— Um amigo — afirmo mesmo sabendo que ele não iria descansar até saber da verdade. 

— Anda beijando seus amigos agora? — merda — E mentindo pra mim também? — porra.

— Não e não — respondo as duas perguntas — Ele é só... Ele é... — nem eu sabia o que ele era, como iria explicar isso pra alguém?  — Lembra que eu te contei uma vez sobre uma pessoa que eu tinha conhecido, Caio — digo — É ele.

Válvula de escape - [M].Onde histórias criam vida. Descubra agora