Revenge (Malila)

2.

Pov Marília

A festa ia ser na casa de Murilo, estávamos comprando as bebidas para isso. Murilo é meu melhor amigo, junto com Maiara.

- Então você vai realmente fazer o trabalho com a Maraisa? - Murilo pergunta enquanto leva o carrinho de compras.

- E eu tenho outra opção?

- Tem? Não fazer com ela.

- Ela é mimada e chata - Falo colocando as bebidas no carrinho - Mas eu não posso deixar minhas notas caírem.

- Mas ela é bonita - Ele diz pensativo - Eu deveria investir nela, mesmo ela sendo de outro time.

- Você deveria deixar ela em paz, qual o problema dela ser lésbica? - Acabo falando por impulso - Digo... ela não gosta de você.

- E nem de você - Ele responde como se fosse óbvio - E além do mais, você é hétero, qual o problema de eu investir nela? Só vamos saber se ela realmente é lésbica se eu tentar.

- Chega desse assunto, tá bom? Temos que comprar as bebidas e eu ainda preciso ir para casa. Tenho aula de violão.

- Marília Mendonça - Ele sorri animado - Vai ser um ótimo nome para uma cantora.

- Vai...

Meu maior sonho é se tornar uma cantora, trabalho incansavelmente para isso, e não posso desistir.

///

Já estava tarde, como de costume, Luisa está no meu quarto, bagunçando as minhas coisas e enchendo o meu saco, sem me deixar dormir.

- Murilo me disse que você ficou com a Maraisa - Luísa deita na minha cama - No trabalho de química.

- Tortura não é entretenimento.

Ela revira os olhos e senta na cama para me olhar.

- Sabe quem é amigo da Maraisa? Danilo, e ele é bonito... - Ela tenta me provocar - E já gostou de você.

- Ele e a Maraisa devem ter alguma coisa - Empurro ela na cama - Não quero ninguém comprometido.

- Ah, Lila... - Luisa sorri com a língua entre os dentes - E desde quando isso te impede?

- Porque isso machucaria a Maraisa - Dou de ombros.

- E você se importa com ela?

Sim.

- Não, mas isso me afastaria da Maiara - Minto - E eu não quero que isso aconteça.

Com o passar das horas, Luisa vai para o seu quarto, me deixando sozinha. Quando estou arrumando a minha cama, acho um brinco, de uma das meninas que fiquei semana passada.

- Merda... - Falo jogando fora imediatamente.

Procuro qualquer outro vestígio de alguma menina que passou pelo meu quarto, e felizmente não acho nada.

Sim, Marília Mendonça é uma farsa, esconder o tempo todo quem eu realmente sou e quem eu realmente queria ser, machuca. Mas saber que nunca vai ser aceita na sua realidade, me faz ficar presa, em um personagem, que eu mesmo criei. Me tranco no banheiro como de costume, deixar as lágrimas que ficam presa todos os dias, saírem. Minha cabeça dói, eu odeio ser quem eu sou, mas não porque eu não gosto de mim, mas sim porque ninguém me aceitaria. Eu seria outra pessoa, só para ser aceita pelas pessoas que eu amo. Mas isso não é possível.

- Eu te odeio muito, Marília Mendonça - Sussurro baixinho - Eu te odeio muito.

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Acordo com uma dor de cabeça, provavelmente de tanto que eu chorei noite passada. Meu rosto está inchado pelo choro e minha boca avermelhada.