Revenge (Malila)

12.

Pov Marília

Estou fingindo que nada disso existe, que a melhor noite da minha vida não existe. Estou fingindo... o tempo todo, fingindo e fingindo. Vou me enganar mais uma vez, fingindo que te amo às vezes, como se não te amasse sempre. Minha maior vontade é acabar com esses sentimentos de você, fingir que você não existe... Mas por que? Porque eu não estou disposta a sair do meu mundo e entrar no seu. Lidar com os olhares, falas, cochichos, eu não consigo, te admiro por conseguir, mas eu não sou assim...

- Você está quieta, Lila... - Lauana chama a minha atenção - Aconteceu alguma coisa?

Olho para trás e vejo Luisa, Murilo e Bruno dormindo, poderia falar com a minha amiga em paz.

- Eu estou apaixonada... - Falo baixo olhando para a estrada - E acabei estragando tudo.

- A Maraisa?

Acabo engasgando com a sua pergunta tão repentina, estava tão na cara assim?

- O que? Não, porque você acha isso?

- Bom... na festa ela estava te procurando, aí começamos a ouvir barulhos no seu quarto - Ela começa a rir - Sem contar, que quando você saiu aquele dia da nossa mesa, Maraisa foi atrás de você.

Sinto meu rosto começar a queimar, abaixo a cabeça e tampo meu rosto com as mãos. Quando acho que nós escondemos bem, descubro que a maioria já tinha percebido.

- Acertei, não é? - Ela pergunta me olhando.

- É...

- Porque você estragou tudo?

- Eu tirei a virgindade dela... - Respiro fundo antes de continuar - E fingi que nada aconteceu.

- Porque você fez isso? Meu Deus, Marília...

- Eu sei, tá bom? Eu tô me sentindo um lixo - Falo olhando para a estrada - Foi impulso, eu estava nervosa, não sabia o que fazer.

- Você vai pedir desculpas para ela, Marília - Lauana briga comigo e aperta o volante entre as suas mãos.

- E se ela não me desculpar? - Começo a ficar nervosa - Eu não vou conseguir, Lau...

- Aí você vai ter que lidar com as consequências do que você fez.

Não quero lidar com as consequências, principalmente sabendo que isso vai magoar a morena, não quero ter que passar por isso, principalmente tendo a possibilidade dela se afastar de mim e nunca mais olhar na minha cara novamente.

///

Domingo a noite, todos estavam arrumando as malas para ir embora. Nosso final de semana foi horrível, não consegui comer, pensar, agir, não consegui fazer nada. Me sinto anestesiada, as horas não passam, eu só queria pular para segunda-feira, aonde eu iria ver a minha morena, e implorar para ela me perdoar.

Pensar na possibilidade de Maraisa, estar sofrendo por uma ação minha, me anestesia. Não me arrependo de ter transado com ela ou algo do tipo, me arrependo por ter feito um momento que era para ser especial, ter se tornado um dos motivos do seu choro. Mesmo prometendo para Maiara que eu iria me afastar eu não consegui, prometendo que eu não iria machucar a sua irmã eu não cumpri, talvez eu seja o problema afinal, e todos ao meu redor correm o risco de se machucarem com as minhas decisões ruins.

- Já avisei seus pais que você vai dormir na Maraisa hoje - Lauana avisa entrando no quarto.

- O que? - Pergunto rapidamente - Não, eu não vou.

- Sim... você vai - Lauana responde se aproximando - Eu sou a sua amiga, e por mais que você seja desagradável, fechada, sombria, soturna, carrancuda, sisuda, mal-humorada, mal-encarada, taciturna, severa, opressiva, macambúzia, malparecida, rebarbativa e chata - Ela faz uma pausa dramática - Eu continuo te amando, e sei o quanto a Maraisa é importante para você, eu não quero ter que voltar a ter que te ver tristes pelos os cantos, Lila. Quando vocês estão juntas, você sorri, é carinhosa, é a sua melhor versão... E eu não quero perder essa versão da minha melhor amiga.