Revenge (Malila)

87.

Pov Marília

- Você está linda, minha filha - Minha mãe fala beijando a minha bochecha - A noiva mais linda...

- Obrigada...

Não estou animada, falta poucos minutos para o casamento, e a minha única vontade, é sentar no chão, e chorar, até tirar esse aperto no peito. Eu não posso me casar desse jeito.

- Filha... você está desanimada - Ela fala me olhando - O que aconteceu?

- Não é nada... - Nego com a cabeça - Só não estou muito bem.

- Hoje é o dia do seu casamento.

Mas alguma coisa me diz que eu deveria ir embora e não estar aqui.

- Posso ficar sozinha? - Peço para ela - Preciso respirar um pouco.

Ela concorda com a cabeça e saí de perto de mim. A ansiedade invade o meu corpo, não consigo respirar, não consigo pensar, a minha única reação, é sentar e chorar. Ultrapassar a dor é a pior crueldade. E eu tenho medo disso, eu que sou extremamente moral. Mas agora sei que tenho de ter uma coragem muito maior: a de ter uma outra moral, tão isenta que eu mesma não a entenda e que me assuste.

E o pior de tudo, eu não sei o que eu fiz. Não posso olhar para ela e dizer que "me desculpa, eu te trai", porque eu estaria mentindo, mas não posso olhar para ela e falar "está tudo bem, vamos nos casar", porque seria uma mentira maior que a outra, eu me sinto confusa. Tenho medo de ter sido tocada sem o meu consentimento, tenho medo da minha noiva sentir novo de mim por causa disso, tenho medo de nunca mais conseguir me relacionar com a minha mulher, porque eu simplesmente não sei o que aconteceu, e eu criei um bloqueio, e agora tenho medo de qualquer pessoa que chega perto de mim. Meus sentimentos estão sendo resumidos ao medo.

- Lila... - Luísa me chama e quando me vê sentada no chão, se dessespera - Irmã, o que aconteceu?

- Eu não quero me casar...

- O quê?

- E-eu não quero me casar hoje - Sussuro baixinho - Eu quero os meus filhos, a minha casa, a minha mulher, eu não quero ter que enfrentar todas essas pessoas.

- Lila... por que você está falando isso?

Eu queria conseguir falar para ela, mas nenhuma palavra saí da minha boca, nenhuma.

- Todos estão lá te esperando, Lila - Luísa fala - Sua noiva, já está pronta, por que esse medo?

- Maraisa já está pronta?

- Já, Lila...

Respiro fundo, não posso desistir de tudo assim, não seria justo com a minha mulher, ela não merece isso.

- Eu já estou indo... - Sorrio fraco.

Luísa saí da sala, e eu tento me recompor, arrumo a maquiagem borrada e tento me acalmar. Quando olho no espelho, não sinto mais a confiança de antes, não é mais a Marília Mendonça, me sinto uma pessoa venerável.

Mas isso vai acabar, nós duas vamos nós casar, e vai acabar. Eu vou poder ir para casa, ficar com os meus filhos, e ficar com a minha esposa, isso vai acabar.

- Lila, podemos ir? - Gustavo aparece na sala - Maraisa pediu para você ir primeiro.

- Ela não estava pronta?

- Eu não sei...

Eu não quero me casar, com esse aperto no peito, com essa ânsia de vômito, não vou conseguir. Vou conversar com ela antes de subir ao altar, falar tudo que está acontecendo, mesmo sabendo da possibilidade, que ela pode querer me deixar, mas eu não vou me casar, me sentindo um lixo.