8.

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Pov Marília

Sábado de manhã, o céu está totalmente cinza, o vento gelado e a areia molhada, belo final de semana na praia. Minha cabeça está doendo, além de estar totalmente decepcionada comigo mesma, estou preocupada em ter machucado uma pessoa importante para mim.

" - Porque eu quero te beijar, Marília.

Não tenho reação, apenas fico olhando para a morena, esperando a minha confiança voltar e eu conseguir beijar ela, mas isso não acontece. Consigo ver a sua decepção ao não obter uma resposta minha, Maraisa deita na cama e cobre o seu corpo.

- Por isso é melhor você voltar para o seu quarto - Maraisa aponta para a porta - Você só quer ser a minha amiga, certo?

- Certo... "

Continuo andando pela praia, não queria ter que voltar para aquele lugar, para ver Maraisa novamente e não poder fazer nada. Passo pelo calçadão, por quiosques, ando um pouco pela areia molhada, enquanto sinto o vento gelado no meu rosto. Na praia não tinha muitas pessoas, pelo fato do dia não estar bonito.

Esse medo de me entregar para ela, estava me consumindo, eu queria jogar todos esses sentimentos fora e beijar a sua boca de uma vez. Mas e se desse errado, e se eu machucasse ela? Eu não queria isso, mas não quero ficar nessa angústia para sempre. Às vezes arriscar tudo é a única coisa que vale a pena fazer, e eu iria arriscar.

Volto para casa o mais rápido possível e entro no seu quarto devagar, ela tinha acabado de acordar, dava para ver pelo seu rosto. Maraisa está com uma blusa branca, enquanto o seu cabelo está no seu rosto.

- Bom dia... - Ela estende a mão para me fazer sentar ao seu lado, e sorri para mim - Desculpa por ontem a noite e-

Ignoro a sua mão estendida para mim e me sento na sua frente, olhando para o seu rosto, e me impossibilitando de acovardar novamente.

- Me desculpa...

- Pelo o que, Lila?

Seguro seu rosto nas minhas mãos e junto as nossas bocas em um beijo lento e único, Maraisa demora um pouco para me dar passagem, mas faz, minha língua invade a sua boca e ela segura a minha roupa com força. Um beijo único, fazendo as borboletas no meu estômago aparecer. Cada vez que as nossas línguas se encontram, escuto os suspiros da mulher que está embaixo de mim. Seus dedos gelados na minha barriga me trazia arrepios. Nossa guerra no beijo está travada, Maraisa se inclina para deitar na cama e eu me deito em cima dela, no meio das suas pernas. Um beijo malicioso misturado com a paixão que estava guardada, o melhor beijo da minha vida.

Quando tomo consciência do que eu fiz, me separo rapidamente do seu corpo. Meu peito subia e descia rapidamente, não foi um simples beijo. Maraisa me olha em choque, abro a boca para tentar falar algo, mas não saí nada.

- Lila...

- Eu não deveria ter feito isso - Falo nervosa - E-eu não sei, eu só... olha me desculp-

Maraisa segura o meu rosto e junta as nossas bocas novamente, segurando o meu pescoço e intensificando o nosso toque.

- Não precisa pedir desculpas... - Ela fala no meio do beijo.

Maraisa finaliza o beijo com dois selinhos e sorri para mim. Fico envergonhada e me deito ao seu lado, para olhar melhor nós seus olhos.

- Você pode me beijar assim quantas vezes você quiser... - Ela fala me olhando.

Me aproximo dela e deito minha cabeça no seu ombro. Nenhuma das duas fala nada, apenas o som da nossa respiração e nossas mãos entrelaçadas.

- Você não vai tentar se afastar de novo, não é? - Ela pergunta me olhando.

- Podemos não pensar no amanhã?

- Podemos...

Maraisa me abraça e beija a minha cabeça, passo meus braços pela sua cintura e deito minha cabeça no seu ombro. Ela coloca qualquer filme na TV, enquanto continua me olhando constantemente. Nossos amigos voltaram pela madrugada ontem a noite, provavelmente vão acordar tarde e com ressaca.

- Lila...

- Oi.

- Eu posso te beijar a hora que eu quiser? - Maraisa pergunta com a voz tímida.

- Pode, Mara... - Começo a rir com a sua pergunta.

Maraisa sorri e volta a me beijar, abro a minha boca para dar passagem para a sua língua e sinto as suas mãos descendo para a minha coxa, apertando com força. Coloco a minha mão no seu pescoço, para trazer ela mais para perto, recebendo seu sorriso safado como resposta.

- Eu estava pensando, poderíamos fazer o café da manhã juntas - Ela fala me dando vários selinhos - E depois voltar para o quarto e ficar a tarde inteira aqui.

Eu queria ficar com ela a tarde inteira, o dia inteiro e o resto do ano, mas ninguém poderia descobrir além de nós duas, ninguém.

- Eu queria muito... - Seguro seu rosto com as mãos - Mas nossos amigos não podem desconfiar.

Maraisa para com os beijos e se afasta, me olhando sem entender, enquanto senta na cama.

- Porque eles não podem saber?

- Porque isso tem que ficar entre nós duas...

- Maiara é a minha gêmea, Gustavo é meu melhor amigo - Sua voz volta a grosseria - E a Luísa é a sua irmã, porque eles não podem saber?

- Porque eu não quero que ninguém saiba disso - Aponto para nós duas.

Maraisa parece entender que o mundo ideal que ela criou na cabeça, só pertence a ela, não a mim.

- Então você pretende me beijar e fingir que nada aconteceu? - Maraisa pergunta me olhando - Assim como você faz com todos que você beija?

- Não, óbvio que não - Respondo rapidamente e me aproximo dela - Mas ninguém nós aprovaria, Maiara não me quer por perto, Luisa contaria aos meus pais, eles não podem saber.

- Ou porque você está com medo de todos saberem que você gosta de mulheres?

- Esse não é o problema, Mara...

Ela parece ficar chateada com a minha reação e separa as nossas mãos que estavam entrelaçadas até agora.

- Eu não sou igual as pessoas que você fica, Marília - Sua voz está embargada, consigo ver pelos seus olhos o quão mal ela está com isso - Eu não sou o tipo de pessoa que fica com vários em uma festa e dorme com outros trezentos, não me considero melhor que eles, mas eu me considero diferente.

- Eu sei, Mara - Me aproximo e seguro seu rosto nas minhas mãos - Você é diferente, você é melhor do que qualquer pessoa que eu já me envolvi.

- Então porque você quer esconder o que a gente tem? E não me fala que é só um beijo... porque você sabe muito bem que não é só isso.

- Porque é o melhor...

Maraisa tira a minha mão do seu rosto e me afasta, se levantando da cama e limpando o seu rosto.

- Eu quero ficar sozinha agora... - Ela fala cabisbaixa - A culpa não é sua, eu só realmente quero ficar sozinha.

- Mara...

- Por favor, Lila.

- Eu te amo... - Sussurro para ela.

Seus olhos estão cheios de lágrimas, talvez caiu a ficha que nunca vamos ter nada, que o mundo não permite viver esse amor.

- Vai para o seu quarto, por favor.

Concordo com a cabeça e vou na sua direção, mas antes de sair, abraço o seu corpo e deixo um selinho na sua boca.

- Eu queira muito ser quem você espera que eu seja - Falo devagar - Mas eu não posso...

Revenge (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora