Revenge (Malila)

38.

Pov Maraisa

- Porque chegou uma carta minha no seu escritório? - Pergunto pegando o papel da sua mão - Não deveria chegar para mim?

- Acho que é porque você está fora da sua cidade - Luísa dá de ombros - E como a sua única localização é a ONG, eles entregaram lá.

Meu coração para por segundos, quando vejo de onde é a carta. Dias antes, de mim bater o carro naquela senhora, e acontecer tudo o que aconteceu na minha vida, eu estava com uma dúvida, sobre a minha fertilidade, e decidi ir ao médico para saber mais disso. E agora o resultado chegou, e eu não tenho forças nem para sequer abrir o papel das minhas mãos. Abro o papel com as mãos trêmulas e recebo o pior resultado possível.

Resultado: Estéril

Fecho o papel devagar e suspiro, o choro estava preso na minha garganta, mas não posso chorar, não agora.

- Amor, o que era? - Marília pergunta me olhando.

- Não é nada - Nego com a cabeça - Eu vou deitar um pouco, tá bom?

- Mara...

Pego o papel e guardo na minha bolsa, subindo para o andar de cima rapidamente. Me sento na cama e começo o lento processo de me acalmar, respirando e inspirando várias vezes, até meu coração bater mais devagar. Eu não sou uma boa filha, não sou uma boa irmã, nunca consegui ser a melhor namorada, e agora não vou ser uma boa mãe. Mesmo que eu não planejasse ser mãe com Naiara, eu desejava ter filhos meus, mas agora eu entendo porque isso nunca aconteceu. As lágrimas começam a descer pelo meu rosto, e mesmo eu tentando parar de todas as formas, elas continuam saindo.

- Mara... porque você está chorando? - Marília aparece na porta - Aconteceu alguma coisa?

Nego com a cabeça e limpo rapidamente as lágrimas do meu rosto. Marília parece entender que algo de ruim aconteceu e se aproxima, sentando do meu lado.

- O que aconteceu, meu amor?

Não queria contar para ela, Marília está com muita coisa na cabeça, a última coisa que ela precisa saber é isso, mas eu não posso mentir, não para ela.

- Não é nada, Lila.

- Não mente para mim, Carla Maraisa.

- Não me chama de Carla Maraisa - Resmungo nervosa.

- O que aconteceu?

Não falo nada, apenas pego o papel em mãos e coloco na sua, observando a sua reação. Marília fica tensa quando começa a ler.

- Mara...

- É só um teste idiota - Tiro o papel das suas mãos - Está tudo bem.

Marília limpa o meu rosto com as mãos e me puxa para perto, beijando minha bochecha e sela nossos lábios.

- Podemos fazer outros testes, em outras clínicas - Marília fala no meu ouvido - Existe tratamentos...

- Eu não pretendia engravidar - Dou de ombros - Mas...

- Mas o que, amor?

- Mas eu imaginava ter um filho seu, algum dia...

Marília me olha com os olhos cheios de lágrimas e abraça o meu corpo forte, suspirando devagar no meu ombro.

Escuto uns resmungos no corredor e um barulho alto, quando vejo, Leo entra engatinhando no quarto. Quando ele me vê, deita a cabeça para me olhar melhor. Ele se aproxima de mim e fica em pé, com o apoio das minhas pernas.

- Oi, meu amor... - Sussuro olhando para ele - Você veio me ver?

Leo fica me olhando, provavelmente sem entender porque estou desse jeito. Pego ele no colo, e sento o pequeno no meu colo.