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Pov Marília

- Ela está bem? - Pergunto para a enfermeira que esta me encaminhando para a sala de cirurgia - A minha noiva está bem?

Mas a mulher nada responde, apenas continua andando, sem sequer parar para falar comigo. Quando entro na sala de cirurgia, vejo Maraisa enquanto as enfermeiras conversam com ela. Me aproximo devagar, e quando a minha esposa me vê, seu sorriso dobra de tamanho.

- Oi, meu amor... - Falo baixinho apenas para chamar a sua atenção - Eu estou aqui.

Maraisa quando me vê, segura as minhas mãos, apertando com tanta força, que eu quase puxei de volta. Ela continua chorando, a dor do parto é uma coisa insuportável, a minha única reação é deixar ela apertar as minhas mãos e beijar o seu rosto.

- Eu não vou aguentar, Lila - Ela fala soluçando - Eu não vou conseguir.

- Você vai, amor - Falo rapidamente limpando as suas lágrimas - Eu sei que dói, mas você vai conseguir.

- Eu não vou conseguir...

Vejo uma quantidade muito grande de sangue, isso não está certo, com Léo não aconteceu isso, não é para sangrar, pelo menos não tanto assim. Sinto um aperto no peito, um sentimento ruim me invadindo e meu estômago embolando, o mesmo sentimento quando eu vi a minha noiva, quase desmaiando nós meus braços.

- Ela está perdendo muito sangue - A médica fala preocupada - Não tem condições de ser parto normal, ela não vai conseguir.

- Lila... - Maraisa me chama - Lila, Lila, por que está sangrando, é normal, não é?

- Vai ficar tudo bem...

- Não foi isso que eu perguntei, Lila - Ela fala chorando - Você sabe que não foi isso.

A médica se afasta, e uma equipe de enfermeiros se aproxima. Maraisa começa a chorar mais ainda, quando eles deitam ela na cama, e a sua dor parece aumentar. Consigo ouvir os médicos conversando no canto da sala, sem saber o que fazer, me aproximo deles e para entender melhor.

- O que está acontecendo? O que está acontecendo com a minha mulher?

- Talvez ela não aguente o parto - A médica tenta me acalmar - As gêmeas, não estão na posição correta.

- O quê?

- Sua mulher está perdendo sangue, se a gente tentar o parto normal ou ela, ou as gêmeas não vão sobreviver. E você vai ter que escolher entre a sua esposa e as suas filhas.

Nego com a cabeça e começo a me desesperar. Essa decisão é humanamente impossível de fazer. Olho para trás, e vejo a minha mulher chorando de dor, apertando a mão da médica, para tentar aliviar.

- E- e a cesariana? Tenta a cesariana - Grito nervosa - As três tem que ficar bem.

- As gêmeas estão abraçadas, mas mesmo assim não estão na posição correta - Ela fala me olhando - Podemos tentar, mas não é uma garantia.

- Você estuda a porra de dez anos e não sabe fazer a merda de um parto?

- Nós vamos aplicar a anestesia local nela, tá bom? - Ela me explica - Que vai parar com a dor dela. E aí... nós tentamos.

- Tudo bem...

Me aproximo da minha mulher, e passo a mão no seu rosto, beijando a sua bochecha.

- Eles vão parar com a sua dor, amor - Sussuro para ela - Vai parar, eu prometo.

Ela concorda e procura as minhas mãos, me olhando o tempo inteiro, sem quebrar o nosso contato visual, por nenhum minuto. Quando o efeito da anestesia bate, ela parece ficar mais calma, e suspira aliviada, parando de apertar as minhas mãos ao pouco.

Revenge (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora