Pov Marília
- Foi só um susto - O médico explica passando a mão na cabeça do pequeno, que está no meu colo - Leo está bem, só precisa descansar um pouco, e tenta distraí-lo, ele ainda tá meio assustado.
- Eu vou cuidar dele - Sorrio para o médico - Foi só uma falta de cuidado da minha parte, eu... eu deveria ter me precavido.
- Não se preocupa em relação a isso, acontece com todas as crianças - Ele me explica - A sua reação de trazê-lo para o hospital rapidamente foi ótima.
É... não fui eu que trouxe ele.
Leo está com a cabeça no meu ombro, quietinho, passando os dedinhos pela minha blusa, desenhando cada detalhe dela. Ele ficou assustado, por isso não solta de mim, por absolutamente nada.
Me despeço do médico e pego qualquer taxi, para ir até a minha casa, me deixando alivada por ir embora desse inferno. Quando Leo tinha três meses, em um descuido, ele teve contato com pasta de amendoim, e acabou passando muito mal, e vomitando, mesmo ele sendo um recém nascido praticamente, e eu mãe solteira de primeira viagem, tive que aprender a não me desesperar para levá-lo até o hospital, o que deixou um trauma enorme.
Quando entramos no taxi, Leo suspira alivado, por saber que estamos indo para casa. Ele está tristonho, olhando para a rua, enquanto a sua coberta cobre o seu corpo, seu bracinho está cheio de curativos, provavelmente ele chorou muito, na hora de fazer ele tomar o remédio na veia.
Meus pensamentos vão para a minha noiva, eu não fui justa com ela, me arrependo por ter falado com ela daquele jeito, no dessespero. Estava tão acostumada a ser mãe solteira, que trabalha, banca a família inteira, cuida dos amigos e ainda tem a vida profissional, levar o peso de ser uma grande cantora de sucesso, tudo isso sozinha, afinal, eu construí tudo isso sozinha, então quando divido isso com alguém e algo da errado, eu me sinto responsável pelo erro.
Leo acaba dormindo no meio do caminho, quando chegamos em casa, ele está mole nos meus braços. Entro em casa devagar, e está um completo silêncio, subo para o meu quarto e deixo meu filho na minha cama, cobrindo seu corpinho com a minha coberta.
Procuro Maraisa pelo quarto e não encontro, mas assim que entro no banheiro, ela está na banheira, apenas com a cabeça de fora, enquanto a água cobre o seu corpo. Me aproximo devagar e sento na borda da banheira, olhando para ela, que parece ter chorado bastante, pela coloração do seu rosto.
- Me desculpa... - Ela sussura sem me olhar - Eu nunca iria fazer algo para prejudicar o seu filho.
- Nosso filho - Corrijo ela rapidamente - Leo é o nosso filho.
- Eu nunca vou ser um mãe boa o suficiente, não é? - Maraisa pergunta procurando meus olhos - Eu nunca vou conseguir chegar no seu nível.
Eu pesei nas palavras, Maraisa é sensível com o que é direcionado para ela, e eu esqueci totalmente disso. Me aproximo mais dela e passo as minhas mãos pelo seu rosto, fazendo ela fechar os olhos para sentir o meu carinho.
- Eu não quis falar daquele jeito...
- Eu não queria isso, Lila...
- Eu sei, meu amor - Falo rapidamente - É só... é difícil, tudo é novo, por muito tempo, foi só nós dois, eu tive que fazer o papel, de mãe e pai, me reerguer para o meu filho, eu não estou acostumada com ajuda, com alguém cuidando dele, e quando algo da errado, eu sinto que a culpa é minha.
- A culpa não é sua...
- Nem sua...
- Como não? Eu errei, não fiz o mínimo que é saber agir em caso de dessespero - Ela fala rindo - Não sou uma boa mãe, não igual a você, nunca vou ser igual a você.
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Revenge (Malila)
FanfictionO amor está mais perto do ódio do que a gente geralmente supõe. São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão. Carla Maraisa nunca pensou que a pessoa que ela mais amava, séria capaz de fazer algo tão cruel, além de usar seus sentimentos, como um...