23.

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Pov Maraisa

- Você é irresponsável - Minha advogada e irmã briga comigo - Irresponsável e egoísta.

- Eu sou egoísta? É meio irônico você dizer isso.

- Maraisa, para com isso - Maiara fala nervosa - O que aconteceu, foi a dez anos atrás.

Reviro meus olhos e cruzo meus braços abaixo do seio. Minha cabeça está doendo, estamos esperando o Juiz formar o veredito final e parece uma eternidade.

- Quantas vezes eu pedi para você não dirigir - Ela para na minha frente - Principalmente porque você não tem carta, você poderia ter matado alguém Maraisa.

- Eu não matei ninguém - Grito nervosa - Eu só... só atropelei.

- Você atropelou uma senhora, Maraisa.

- Mas ela está viva e está bem - Falo como se fosse óbvio - Eu só encostei o carro nela... e aí ela caiu.

- Se ele quiser te prender, eu vou ser a primeira a apoiar - Ela aponta para dentro da sala - Eu deveria estar na peça da minha filha.

Bufo irritada e me levanto da cadeira, prefiro ficar andando do que ouvir Maiara brigando comigo o tempo inteiro. Uma semana depois de voltar para o Brasil, quase fui presa e agora estou sendo julgada por ter feito nada de errado. Quase dez anos depois de tudo o que aconteceu, eu não tive forças para voltar ao Brasil, eu não conseguia, como se uma força maior me impossibilitasse de voltar para a minha cidade. Mas de qualquer forma, estou aqui, dez anos mais velha, com mais preocupações, mas a única coisa que não mudou, foi porque em dez anos, eu nunca consegui jogar a aliança com seu nome fora.

- Carla Maraisa Henrique - Um homem alto me chama - O Juiz está te esperando.

Me levanto irritada e vou para a sala de julgamento, já esperando a pior das notícias. Maiara para do meu lado e consigo ver a sua tensão. Todos estão quietos, menos os advogados de acusação, que ainda estão conservando com o Juiz. Quando todos ficam em completo silêncio, sei que a pior notícia está por vir...

- A sua pena vai ser de um ano fazendo trabalho voluntário - O Juiz bate o martelo - Por não ter morte, nem alguém gravemente ferido.

Maiara respira aliada ao ouvir isso, mas eu não. A última coisa que eu quero é perder um ano da minha vida fazendo isso.

- No Brasil - Ele completa.

- Mas eu não moro aqui - Falo por impulso - Não posso passar um ano da minha vida aqui.

Quando falo isso, Maiara me dá um chute, por baixo da mesa.

- O que foi? - Pergunto confusa.

- Você prefere um ano em uma prisão estadual, senhorita Carla? - Um advogado de acusação pergunta - Podemos mudar isso.

- Eu quero que você se fod-

- Dois anos de trabalho voluntário - O Juiz aumenta - E está encerrado esse caso.

Maiara abaixa a cabeça envergonhada e me olha com raiva. Não consigo entender a sua reação, eu não deveria lutar pelos meus próprios direitos?

Saímos do tribunal, com Maiara me xingando e Naiara entrelaçando as nossas mãos. Nós duas estamos noivas a dois anos, quando ela me pediu em casamento em uma ilha particular, ela é uma ótima pessoa, me trata bem, cuida de mim, sabe tudo o que eu passei, mas não sei... mas parece que independente de quantas anos passar, nunca vai ser a mesma coisa. Nunca.

- Você está bem? - Naiara pergunta me olhando - Você parece triste, amor...

- Estou... - Minto - Só não quero ficar dois anos da minha vida aqui.

Revenge (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora