26.

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Pov Marília

- Tudo bem, só não esquece que ele não pode comer fritura essas coisas, não faz bem - Começo a listar as coisas para a minha irmã - E não esquece de ver a fraldinha dele, para não assar, por favor.

Luísa está me olhando com Leo no colo, os dois entediados do tanto que eu falo. Luísa vai levar o Leo para a sua ONG, e eu vou trabalhar e no final do dia buscar o meu pequeno, mas mesmo confiando na minha irmã, fico insegura de deixar ele longe de mim.

- Lila, eu sei o que eu estou fazendo - Luísa fala pegando a bolsa do pequeno - Não vou tirar o olho dele, por nenhum segundo.

- Promete?

- Prometo...

Me aproximo do meu pequeno e deixo um beijo na sua cabeça, fazendo ele sorrir para mim.

- A mamãe te ama - Deixo outro beijo na sua bochecha - Muito, muito, muito.

- Eu também te amo, Luísa - Luísa fala me imitando - Ah irmã, para com isso, eu também te amo.

Reviro os olhos em tamanho drama e deixo um beijo na sua bochecha também. Leo está agarrado no pescoço da sua tia, animado com as aventuras que ela o leva. Os dois saiem do meu ponto de vista e vão para a ONG. Eu queria ir junto, mas estou com muito trabalho acumulado, e saber que Leo está se divertindo, me deixa menos tensa.

Subo para pegar o meu violão e meu caderno de composições, alguma coisa tem que sair daqui.

Depois que Murilo foi embora, eu fui atingida por um bloqueio criativo, não consigo compor nada, não consigo ver a composição de outros artistas, não consigo fazer muita coisa. Acho que com o passar dos anos, eu tentei amar ele, mas não consegui, talvez seja por isso que nosso relacionamento foi cercado por traumas e incertezas, mas nunca, em um milhão de anos, que eu pensei que ele iria fazer o que fez comigo, me engravidar e ir embora, como se nada importasse mais. Meu maior medo, é o Leo me culpar de alguma forma, por ter seu pai ausente, por não me ver como suficiente, eu tenho muito medo disso.

Passo minhas mãos pelo meu rosto e tento aliviar essa tensão que está no meu corpo esses últimos meses, mesmo quase nada resolvendo.

- Eai vagabunda? - Lauana fala entrando na minha sala.

Acabo me assustando com a sua aparição repentina e deixando meu violão cair no chão.

- Desculpa, Lila - Ela fala pegando meu violão rapidamente - Não vi que você estava concentrada.

Lauana é assim, entra na minha casa sem ao menos tocar a campainha, ou pedir permissão. Jogo uma almofada na sua direção e volto minha atenção para o meu violão.

- Acho que eu nunca mais vou conseguir compor nada - Falo chateada - Não consigo compor nada.

- Oh amiga... eu tô aqui - Lauana senta do meu lado - Vamos tentar compor juntas, você vai conseguir.

- Já tentamos isso, Lau... minha cabeça não está funcionando como antes.

- Você está pensando muito sobre - Ela faz uma pausa para não falar o que me traz gatilho - Sobre tudo, Lila

- E tem como não pensar? A todo instante que eu olho para o meu filho, eu lembro do que aquele desgraçado fez.

- Mas você está se machucando com isso, sem necessidade.

- Como sem necessidade?

- Seu maior medo é o Leo te culpar por isso... você realmente acha que aquele menino sorridente, que fala mais que a Luísa, que gosta de todo mundo, vai se lembrar de uma pessoa que ele nunca conheceu? Sério mesmo?

Revenge (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora