Pov Marília
Depois de passar a noite em claro, depois de passar a noite inteira tentando falar com Maraisa, eu acabo perdendo o horário de ir para a escola. Ela não atende meus telefonemas, não responde as minhas mensagens, só me ignora.
Me sinto uma grande merda, por não ter forças para proteger o meu amor, para segurar a sua mão e dizer que eu iria fazer o que fosse necessário para não deixar ninguém machucar ela, de assumir o nosso relacionamento para todos, eu me sinto um grande nada! Por que as escolhas pesam tanto? Por que eu a amo tanto, mas tenho tanto medo de mostrar quem eu realmente sou? Eu só queria conseguir beijá-la na frente de todos, me gabar pela nossa aliança, mostrar para todos que ela é minha, mas eu não consigo... não dá.
Eu sou apenas uma adolescente, meu pais, meus amigos, minha família deveriam me amar do que jeito que eu sou. A vida deveria ser simples. As pessoas reclamam de como eu faço, das consequências das minhas atitudes, mas esquecem que o minha vida só está começando...
O dessespero novamente me invade, a dor de cabeça toma conta do meu corpo e minha única resposta é chorar. E se ela desistir de nós? Como eu iria cuidar dela? Como fazer isso de longe? Eu não consigo pensar na minha vida sem essa mulher, porque ela é a razão de tudo.
Escuto alguém batendo na porta e não me procupo em levantar, a última coisa que eu queria é visita agora.
- Marília... - Escuto a voz de Maiara - Sou eu...
Me levando rapidamente, na esperança que Maiara tenha informações sobre o meu amor, na esperança que tudo acabe bem. Abro a porta e vejo a sua cara nada boa na minha direção.
- Oi, Mai - Sorrio fraco - Pode entrar.
Maiara entra direto e fica em pé, me olhando o tempo inteiro, julgando meus movimentos, o tempo inteiro.
- É... - Falo devagar - Eu tentei falar com a Mara... a noite inteira, ela não me responde e... e eu estou ficando preocupada.
- Ela está internada, Marília - Maiara fala seca, sem sentimento algum - Tomou uma dosagem muito grande de remédio.
- O-o que? Ela...
- Ela não tentou se matar - Maiara me interrope - Ela só tentou dormir, um pouco, depois de você ter rejeitado ela.
- Eu nunca faria isso, Maiara - Falo rapidamente - Nunca em um milhão de anos.
- Então você pode desmentir os boatos que estão espalhando sobre ela na escola - Maiara fala se aproximando - Pode acabar com esse inferno que estão fazendo na vida da minha irmã, a sua namorada.
Eu quero muito, mas o medo me prende, como se fosse uma corda, me prendendo, me impossibilitando de ser feliz. Me dói mais que tudo ver ela longe e não conseguir fazer nada. Não é questão de querer, porque eu quero, o problema é que eu não consigo.
- Eu não consigo... - Sussurro fraco.
Maiara sorri sem humor e leva as mãos para o seu bolso, se aproximando de mim, para olhar melhor nós meus olhos.
- Eu sei que você se lembra da primeira noite de vocês duas - Ela fala me olhando - Sei que mentiu para ela o tempo inteiro.
- O que? Eu na-
- Você acha que eu sou idiota, Marília? - Maiara pergunta nervosa - Acha que essa história que você estava bêbada me engana? Ou você esqueceu que somos amiga à anos e eu sei que você não bebe para passar dos seus limites? Eu te conheço, caralho.
- Eu ia contar...
- Não, você não ia - Maiara aponta o dedo para o meu rosto - Porque você é uma covarde, não tem peito para assumir o que você faz. Não consegue assumir os seus sentimentos, assumir que você gosta de mulher e ainda assumir o seu relacionamento com ela. Você é uma covarde, é isso que você é.
Ela está certa, em cada palavra, ela está completamente certa, em cada pequena palavra.
- Eu não queria isso... - Falo sem forças.
- Então porque você se deixou levar Marília? - Ela grita nervosa - Por que virou amiga dela? Por que fez tudo o que fez?
- Porque eu não queria nada com ela no começo - Grito de volta - Eu só queria que ela gostasse de mim, mas acabamos nós envolvendo demais...
- E você tirou a virgindade dela e fingiu que se esqueceu - Maiara fala sarcástica - Típico de Marília
- Eu não te devo explicações do meu relacionamento - Começo a ser grossa - Nem nada do que eu faço.
- Para mim? Não, realmente, mas e para aquela menina no hospital? Esperando a sua namorada, para ajudá-la a acabar com esse inferno.
- Eu queria poder parar com a dor dela...
Maiara arruma a roupa do seu corpo e vai em direção a porta do meu quarto.
- Eu te pedi para não se envolver com ela, várias vezes - Ela fala antes de sair - Mas você se envolveu, machucou a minha irmã e agora... todos vão saber quem você realmente é.
Fico confusa com a sua ameaça, como todos iriam saber quem eu realmente sou? Maraisa nunca iria me expor desse jeito. Mas isso não importa agora, eu precisava ver meu amor, só ela importa para mim, só ela... Eu não sei em que hospital ela está, nem onde está, nem como está. Mas eu iria achá-la, me desculpar, pedir perdão por tudo e ter coragem para enfrentar meus maiores pesadelos.
///
Depois de quase uma hora, passando em vários hospitais, chego em outro e vou direto para a recepção.
- Nome do paciente? - O rapaz pergunta.
- Carla Maraisa Henrique - Falo rapidamente.
Ele demora alguns minutos até me responder e sorri quando vê o seu nome na tela do computador. Pego a carteirinha de identificação e vou correndo para a sala que me falam.
Quando entro na sua sala, vejo Maraisa balançando os pezinhos entediada, olhando para o teto, sem ter o que fazer. Não consigo deixar de sorrir com essa cena.
- Oi, meu amor... - Falo devagar e chamo a sua atenção.
- Lila...
Me sento na sua frente e passo minhas mãos pelo seu rosto. Ela me olha sem entender, mas beija o meu rosto, deitando a cabeça no meu ombro.
- Você está bem? - Pergunto baixinho.
- Estou... você está aqui - Sorri fraco.
- Eu vou desmentir os boatos - Falo devagar - E vou mostrar para todos que você é a minha namorada...
- Não precisa fazer isso... a culpa não é sua, de nada disso.
Me aproximo mais dela e deito no seu colo, pouco me importando aonde estávamos. Eu teria que enfrentar o mundo, para poder ficar com ela, mas só de ter a sensação de tê-la para mim, já me traz um pouco de coragem.
- Promete não desistir de mim? - Pergunto procurando os seus olhos.
- Prometo, meu amor...
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Revenge (Malila)
FanfictionO amor está mais perto do ódio do que a gente geralmente supõe. São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão. Carla Maraisa nunca pensou que a pessoa que ela mais amava, séria capaz de fazer algo tão cruel, além de usar seus sentimentos, como um...