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Pov Marília

- Ele já está na emergência - A enfermeira fala segurando meu ombro - Você não pode entrar.

- Eu quero meu filho - Falo em meio às lágrimas - Deixa eu ver o meu filho.

- Você não pode entrar - Ela fala pela última vez.

Me abaixo para chorar, eu estou com medo, estou trêmula, não consigo pensar, ou raciocinar. Porque amor é justamente isso, é ficar inseguro, é ter aquele medo de perder a pessoa todo dia, é ter medo de se perder todo dia. É você se ver mergulhado, enredado, em algo que você não tem mais controle.

Estou tão tonta, que acabo vomitando no chão do hospital, é tanta tensão, muitas energias envolvidas, eu não consigo pensar. Os socorristas me tiram dali e me levam para outro lugar, mas eu luto contra eles, preciso estar, aonde o meu filho está.

- Eu preciso ver o meu filho - Empurro eles chorando - Tira a porra das mãos de mim agora.

- Enzo Henrique Mendonça - Escuto uma voz familiar - É o nome do meu filho, eu preciso ver ele.

Empurro as pessoas para longe e vou correndo abraçar a minha mulher, que se assusta, quando vê.

- Lila... cadê ele?

- Eu não sei.

- Ele estava respirando? - Ela pergunta segurando meu rosto - Por favor, me fala que sim.

Ele não estava respirando, nem respondendo, estava mole, com os braços abertos nas minhas mãos. Não respondo, só abraço ela com força, e sinto suas mãos me segurando.

- Ele é guerreiro, Lila - Maraisa fala em meio às lágrimas - Meu filho é forte, e vai conseguir, não é?

- Mara...

- Por favor...

- Eu não sei o que fazer...

Ela começa a chorar mais ainda. É difícil ser o pilar da sua família, você tem que ser forte, o tempo inteiro, tem que saber o que fazer, o tempo inteiro, não pode descansar, não pode errar. Se alguma coisa te machucar, levanta a cabeça e segue em frente, você não tem tempo de chorar. Se acontecer algum problema, você que resolve, se alguém machucar os seus filhos, você que resolve, se alguém machucar a sua esposa, ela só vai ter você, é difícil, muito difícil.

Mesmo querendo chorar tanto quanto ela, eu preciso me acalmar e acalmar a minha esposa.

- Mara, se acalma, por favor - Falo segurando seu rosto - Você está se tremendo inteira, se acalma.

- Eu quero o meu filho, Lila, promete que vai ficar tudo bem, por favor...

- Eu não mentir para você...

- Lila...

Helena começa a chorar e Maraisa ignora totalmente, ela está sem condições nem para acalmar a nossa filha. Me aproximo da pequena e coloco ela nós meus braços, balançando, mas ela não para de chorar.

- A mamãe precisa que você nós ajude agora, amor - Sussuro para a pequena - A sua mamãe Mara precisa de você.

Helena me olha atenta, ela parece entender o que eu estou pedindo, e vai parando de chorar aos poucos, segurando com força a minha roupa.

Maraisa está sentada na cadeira, com os olhos cheios de lágrimas, se beliscando. Odeio quando ela faz isso. Me sento do lado dela e beijo a sua bocheca, fazendo Emma se jogar nós seus braços.

- Oi, filha... - Ela fala baixinho - Você está com fome?

Helena se encaixa no corpo da sua mãe e fica ali deitada, olhando para ela, sem chorar, nem nada, só ali, segurando o seu dedo. Não sei se ela me entendeu e tentou acalmar a sua mãe, mas isso acalmou a minha esposa.

Revenge (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora