Fazer valer os erros

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A consciência voltava lentamente ao corpo à medida que o toque baixinho soava ao fundo. Buscou ainda mais pelo aconchego do corpo pequeno contra o seu, agarrando apertado a cintura feminina. O nariz roçou lento próximo ao pescoço, sentindo o aroma doce que ela emanava. Era como viver um dos seus sonhos, só que lúcido; difícil de acreditar que ela estava bem ali, em seus braços, que ficou a noite toda, mais do que isso, ele a teve por tanto tempo tão perto de si naquela noite. Toques, mordidas, chupões... Seu corpo sentia saudades, mas, além disso, ele sentia falta de tudo. Uma consciência de que eram os mínimos detalhes a tanto tempo esquecidos, que traziam a alegria real, como o toque suave de mãos, ou o enlaçar firme dos dedos enquanto se afundava nela, até mesmo o contato do olhar, o hálito quente, o beijo úmido... Tudo, cada pedacinho era importante e fazia falta. Não era a mera questão de fazer sexo carnal. Talvez soasse tão piegas ao dizer que essa era diferença de fazer amor, e com relação a isso, não havia qualquer familiaridade com Sara.

Claro que agora era um momento bastante complexo e inusitado, afinal, eles não eram um casal, não mais. Também ainda havia muitas questões em aberto e tudo que ele temia era que quando ela abrisse os olhos, tivesse outra reação exagerada e fugisse, e, certamente isso ele não suportaria. Então dividia-se entre a culpa por passar por cima daquela linha estipulada por Mabui, e, ao mesmo tempo, sentia-se bem e feliz por tê-la, mesmo que por pouco tempo. Seria algo simples apenas abrir seus sentimentos, não é? Dizer a ela o que pensava, como se sentia, como finalmente estava entendendo o que ela sentiu diante de sua traição, como aquilo a afetou e como foi pesado e nojento a forma que ele a machucou, muito embora soubesse que ambos sofreram de maneiras distintas, e que claro, como responsável pela ruptura da relação, Naruto carregava culpa e frustração. O problema era como atingir aquela conversa uma vez que fora complicado para ele se abrir até mesmo com Mabui, como pedir perdão a Hinata mais uma vez quando ele pensava tantas vezes que nem mesmo o merecia. Indagava-se como reconstruir aquela relação que ele mesmo quebrou. Faltavam tantas verdades de todos os lados. A Hyuuga o via como vilão, sua família, seus amigos e certamente ele era. O vilão do próprio conto.

Como levantar e reagir quando se tinha medo e tanto mais a se perder. Era possível ver o copo meio cheio, mas seu estado era tão complicado.

Não... não seria apenas uma simples conversa, não um simples perdão, porque mesmo que pudesse — e ele não tinha certeza, não mais — de que poderiam superar facilmente aquela traição conjugal, havia outras traições dentro daquela relação. Um acumulado de mentiras, de trapaças.

Como Naruto se sentiria se ao levantar tanto do passado expondo para a mulher quem era a família dela de verdade, talvez ela não o desse ouvido, ou obviamente, ficasse do lado dos seus?

Hinata acreditaria, por exemplo, que seu pai tentou comprá-lo para a deixar, e que estava disposto a ser muito, muito generoso? Ou ela levaria a sério quando ele dissesse cada pedacinho de inferno ele viveu sobre o comando humilhante do sogro e quanto Hiashi o tornou um trapo imundo e insuficiente? Ela acreditaria que a empresa de sua família possuía um setor restrito completamente usado para encobrir toda a... merda que eles causavam da qual era responsável pelas atrocidades do grupo Hyuuga? Hinata ficaria ao seu lado quando ele não bastasse?

Muito provavelmente não. Ele sabia que nem mesmo a Hyuuga era completamente honesta consigo, e desde que soube que ela havia interferido em sua pequena empresa na época, que havia praticamente vendido sua alma ao diabo que ocupava até pouco tempo a cadeira da presidência do Grupo Hyuuga, Naruto vinha ponderando sobre o que mais ela deixou de lhe contar. Ele era orgulhoso até certo ponto, e sabia, e não era como se ele não aceitasse ajuda, apenas recusava o que viesse da família dela. Hyuugas não eram boas pessoas, eram lobos, cometiam atrocidades, eram desumanos dissimilados, por isso, se eles lhe davam algo com uma mão, ele não tiravam com a outra, eles levavam toda a sua alma de uma só vez.

Reconquistando minha esposaOnde histórias criam vida. Descubra agora