Quem fugiu foi você!

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Kushina estava completamente deslumbrada com aquele pequeno ser na incubadora. Seu neto, seu primeiro neto, havia nascido. Tão pequeno, tão frágil e já tendo tantas lutas. Agora, com parte do desinchaço do parto complicado, ela conseguia reconhecer aqui e ali no pequeno, e quase careca, os traços misturados de Hinata e Naruto. Os olhos? Eram um mistério completo para todos, afinal, Boruto não fazia nada além de dormir e dormir dada a intubação.

Claro que a chegada antecipada do pequeno garotinho, causara um verdadeiro caos. Àquela altura já havia vários tabloides os citando, enquanto haviam-se especulações demais, mas tudo que havia ali, era uma família como qualquer outra, que sofria, amava e sentia.

Os olhos azuis maternais de Kushina não tiveram dificuldade, por exemplo, de notar que havia uma proximidade maior com antigas pitadas de companheirismo entre Hinata e Naruto. Pareciam estar em um momento diferente. Claro que não pode deixar de notar uma grande e satisfatória mudança no filho. Não que Naruto fosse um desajuizado, ou fizesse tudo errado, muito menos que fosse um sujeito imaturo com comportamentos duvidosos ou infantis, não era isso, mas ela pode ver uma certa maturidade vinda da experiência de vida agora. Um verdadeiro homem refletido ali. Seus olhos quando miravam o filho carregavam amor, proteção e uma intensidade genuinamente fervorosa. Ele parecia mais duro, um tanto. Um pouco mais centrado e focado. Quando havia chego ao quarto de Hinata, naquele pós-almoço, ela viu o cuidado dele para com a ex mulher, mesmo que ambos parecessem pisar em ovos um com o outro. Havia toques de intimidade, é claro, mas havia também bastante resistência ali. Ela sabia que se amavam, genuinamente se amavam e perderem aquilo seria uma pena.

Na cabeça de Kushina, não era como se uma traição devesse e pudesse apenas ser banalizada, mas era como se também não pudesse apenas ser hostilizada. A experiência de vida a ensinou que haviam casos e casos, necessidades e intensidades, verdades absolutas e fontes de arrependimento, e nada mais dolorosos que uma vida de arrependimentos, fosse o que fosse. Ela sabia que certamente Naruto carregaria os seus, como grilhões eternos, pelo que fez e causou a ex mulher, pelo lar destruído, pela confiança abalada que, certamente jamais se tornaria a ser igual, mesmo sabendo que certamente eles poderiam reconstruir certas pontes, as fissuras estariam lá para sempre. Mas não era como se fosse impossível. Ela os queria em e felizes, e quem os conhecia verdadeiramente saberia que juntos, eles eram.

Superar uma traição não era apenas um tabu, era profundo e complexo porque sempre envolveria a perspectiva moral, psicológica e emocional de dois indivíduos.

Ela notou também a apatia de Hinata, que parecia mergulhada em um complexo de fragilidade. Estava mais pálida e reservada. Notou-a mais triste e melancólica do que deveria. Como se seus olhos sofríveis mostrassem uma culpa inerente pelo estado de Boruto e não apenas desse.

Aquele foi o primeiro momento que Hinata também via o filho. Teve a oportunidade através do contato da UTI com todos os procedimentos necessários. Tocou a pele fininha, sentiu o morno da vida, embora ainda com a sensação do surreal da situação. Claro que aquilo geral uma conversa necessária com seu filho sobre sua amada nora: Hinata precisava de ajuda. E ela sabia disso.

Ela fora despertada com a entrada de uma pequena comitiva médica e isso fez seu coração disparar angustiada. Talvez hospitais a intimidavam mais do que admitiria. Ela reparou que não fora apenas ela a tencionar, mas Naruto também, assim como Hinata, que pareceu apertar tão forte a mão do ex marido.

— Temos... novidades – Anunciou Kayui, o médico que estava responsável pelo caso do pequeno Boruto. Junto a ele estava Tsunade, que dava confiança e era a figura conhecida de Hinata e Naruto, e havia também um terceiro médico, esse seria Darui.

Reconquistando minha esposaOnde histórias criam vida. Descubra agora