Feliz bodas de estanho

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Ele largou as chaves sobre o balcão da cozinha tendo apenas o silencio do pequeno apartamento naquele final de tarde. Afrouxou a gravata, que já não estava tão perfeita assim, e a tirou de vez. Os olhos azuis fitaram o canto do apartamento que ainda tinha algumas malas que ele nem se dera o trabalho de abrir. Coçou os cabelos os desajeitando por completo e abriu a geladeira passando o olho rapidamente sem real apreço a qualquer coisa.

Sinceramente? Mal tocava em comida e quando o fazia geralmente era alguma porcaria. Poderia ir a um bom restaurante, poderia ter boas companhias... Até poderia, mais estava um caco e a última coisa que ele queria era sair, só o fazia para trabalhar e ainda assim porque era obrigado.

Da bolsa largada no sofá escapou mais algumas folhas que eram mais intimações do tal Hatake quanto ao divórcio, da qual ele recusava-se veemente a se pronunciar. Talvez lhe faltasse coragem, talvez força...

—Droga, Hinata... – murmurou e irritado com a linha de pensamentos que se direcionavam novamente a sua futura ex-mulher, ele fechou com certa força a porta da geladeira encostando a testa contra o metal frio fechando os olhos e respirando fundo.

Aquele dia em particular ele estava mais calmo, talvez não houvesse mais animo na verdade, ou força de vontade para lutar e resistir. Sentia-se completamente oco, incompleto e amargurado como jamais esteve. Pegou do armário suspenso uma das garrafas de Whisky que havia comprado, era a única coisa que jamais faltava naquela casa alias.

Abrindo a mesma ele tornara a pensar no que aquela data traria. Perguntou-se o que estariam fazendo? Como estariam comemorando...

—Aos dez anos! – disse ele com imensa amargura no peito e virou um bom gole do liquido âmbar direto da garrafa sentindo o amadeirado ardente descer pela garganta.

Com a mesma em mãos, ele caminhou então para fora do apartamento, especificamente para as escadas de acesso que esse tinha e subiu alguns lances delas até estar finalmente onde seria um terraço do prédio, mas não passava de um grande espaço vazio, sujo e feio com uma vista para o nada. As luzes estavam tão lindas e perfeitas para se apreciar na sua combinação de sol poente, mas ele estava pouco se importando, como expectador da escuridão que ansiava, ele apenas sentou-se encostado em uma parede e continuou bebendo goles leves enquanto deixava a mente flutuar.

Do outro lado da cidade, no bairro residencial próximo ao parque ecológico de Konoha, Hinata também vivenciava em silencio o pôr-do-sol, estava diante da vidraça do seu ateliê. Em sua mão esguia e delicada havia uma taça com suco de laranja e um pouco de vodka. Estava vestida de forma um pouco extravagante, porem elegante, salto mais baixo, joias leves, vestido longo, cabelos em um rabo de cavalo. Ela quase se abraçava com o braço restante, o apoio do corpo estava sobre a perna destra e ela suspirou mais uma vez enquanto divagava naquela data se lembrando vividamente do dia que disseram sim um ao outro, ironicamente? Diante de um pôr-do-sol assim...

O entardecer de um sábado de maio.

Naruto estava tão concentrado em nada que mal notara a chegada do primo bem ali. O ruivo assim que entrou no pequeno apartamento notou a presença do loiro ali, com a bolsa, a gravata e o blazer jogados no sofá, mas como ele não estava dentro da casa, Nagato resolveu vir ao primeiro lugar que parecia ter se tornado o ambiente de isolamento social do Uzumaki loiro. Ele se aproximou de Naruto e sentou-se bem ao lado dele que novamente estava apenas inexpressivo e caótico. Tentando levantar o ânimo do loiro, ele puxou assunto, já que sabia que Naruto não o faria.

—Mesmo na merda, o safado bebe bem. – Ele sorriu e Naruto estendeu ao primo a garrava de whisky quinze anos.

Nagato não se fez de rogado e bebeu um belo gole, houve um silencio enquanto o show do sol acontecia.

Reconquistando minha esposaOnde histórias criam vida. Descubra agora