Anton era uma criança tranquila e Maya realmente apreciava isso, mas também se preocupava e tinha em mente provavelmente o mesmo temor que sua irmã tinha.
- Vamos, Anton. Estamos quase chegando na livraria, querido. - Maya insistiu franzindo as sobrancelhas para ele.
O pequeno, de repente, tinha deitado de bruços no chão do corredor do shopping para brincar com seu carrinho e agora todo mundo que passava olhava para eles, às vezes rindo ou fazendo careta para ela.
- Anton, esse chão tem muitas bactérias, sabia? Vem, vem com a tia. - ela se abaixou para pegá-lo e ele deixou, deitando a cabeça no ombro dela com os bracinhos moles - Você não está passando mal... Estava bem agora há pouco... - ela fez carinho nas costas dele e suspirou, sentindo o cheirinho de bebê e roupa limpa - É difícil não é, querido? Nós vamos para um lugar mais calmo, ok?
Rapidamente, Maya encontrou a tão procurada livraria e entrou com o sobrinho no colo, que continuava quietinho passando o carrinho pelo braço dela.
- Boa tarde. - ela disse para a moça que ficava atrás do balcão e soltou Anton no chão quando ele quis.
- Olá, boa tarde. Precisa de alguma ajuda?
- Sim, gostaria de saber onde tem livros sobre biologia.
- Ah, claro. É no segundo corredor do lado esquerdo. Vou te acompanhar até lá.
- Ah, não precisa. Obrigada. Vou só dar uma olhada.
- Ok. Gostaria de deixar seu filho na área infantil? Temos materiais de desenho caso ele queira...
- Ahn... Você quer desenhar, Anton? - ela perguntou meio sem jeito para ele, que não respondeu - Tudo bem, ele vai me acompanhar.
- Ta bom, qualquer coisa é só chamar.
Maya assentiu e pegou a mão de Anton, indo com ele para o outro corredor. Mas num certo momento ele acabou se soltando e indo parar na mesinha infantil redonda e amarela cheia de folhas brancas e lápis de cor que havia por ali, com tapetes fofos em volta.
Maya ficou sem saber o que fazer por uns momentos. Será que era seguro deixá-lo ali enquanto ela ia escolher um livro para ele?
Ela olhou para a moça que os havia recebido e ela piscou para si, indicando que estaria de olho nele.
Maya assentiu em agradecimento e foi pegar um livro qualquer com ilustrações.
No fim, acabou pegando dois para ele escolher: um infantil que falava sobre bichos de jardim e outro de biologia mais informativo, com vários textos e imagens.
- Olha, Anton. Trouxe para você escolher. Se não gostar de nenhum dos dois, tem outros... - ela foi parando de falar quando viu o que ele estava fazendo.
Havia feito uma pequena bagunça de folhas com desenhos aleatórios de flores - muito lindas por sinal, mas como Maya não conhecia muito sobre o assunto, não conseguiu reconhecer nenhuma - e até mesmo uns rabiscos que pareciam formar um mapa de alguma rua, aparentemente a da casa dele.
- Nossa... - ela disse impressionada, sem saber o que dizer. E quando percebeu, ele estava com o livro que tinha pegado para ele na mão.
O livro infantil, que ela achou que seria seu escolhido, estava largado de lado.
- Ok... Não devia ter subestimado você. - ela murmurou e sentiu um certo orgulho ao ver que seu sobrinho aparentava ser um pequeno gênio, embora não tivesse muito traquejo social. Sua memória fotográfica, pelo visto, era incrível.
Ela escolheu uns livros de romance de época para si e foi pagar. A careta que ela quis fazer quando viu o preço que tinha dado era de dor e ela quase não conseguiu segurar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Poder do Amor
ChickLitSe fosse para resumir Maya Bianchi em uma palavra, esta seria "tradicional''. Tradicional e pés no chão, era assim que ela era. Depois de alcançar seus objetivos acadêmicos e se tornar uma das pessoas mais bem sucedidas nas áreas profissionais nas...