Capítulo XXXV

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Era um lindo dia de primavera.

Os pássaros cantavam e conversavam próximos às janelas, as árvores deixavam que seus galhos dançassem exibindo suas folhas para o vento. O sol entrava de fininho por entre as cortinas como um intruso com a intenção de acordar quem quer que fosse.

Infelizmente para ele, Maya já estava acordada. Estava na cama aproveitando aquela paz da manhã, o silêncio e a oportunidade de ter a mente calma o suficiente para pensar e planejar o dia.

Ela se levantou e fez como sempre: escovou os dentes, tomou um banho frio, colocou uma roupa fresquinha e depois penteou os cabelos num coque elaborado e bonito. 

Ela tomaria outro banho depois do almoço, e pensar nisso a fez sorrir, se lembrando das suas meninas falando que ela parecia um peixe por gostar tanto de água. Era uma graça. 

Maya sempre gostou de tomar banho, principalmente frios. Se jogar debaixo da água assim, principalmente de manhã para acordar de vez para começar o dia, a levava com a sua imaginação para um lago, ou uma cachoeira - qualquer lugar que fosse melhor para sua mente e sua paz de espírito. 

Era uma das suas valiosas heranças indígenas que falava alto em si. Ela não se imaginava vivendo longe de lugares assim, com natureza e, principalmente, água abundante para que pudesse se banhar sempre que quisesse.

Ela arrumou sua cama e passou o lencinho nos móveis - coisa que fazia todos os dias - para limpar, e então passou o aspirador de pó no chão antes de fazer o mesmo no corredor e nas escadas, após cuidar do quarto/escritório improvisado de Érika.

Ela não deixava muito dos seus pertences ali quando ia embora nos finais de semana. Deixava apenas o colchão fino e precário que ela insistia em manter mesmo com a insistência de Maya para que conseguissem uma cama melhor; sua almofada gigante e colorida e seus materiais de aula, como seu quadro branco e suas canetas (para caso as meninas quisessem usar para brincar).

Maya limpou tudo ali também rapidamente e foi para o andar de baixo fazer o mesmo. 

Ela tinha acabado de estender as roupas no varal - os vestidinhos e todas as roupinhas fofas das suas filhas pelas quais ela era apaixonada, além dos seus lenços e saias longas que ela costumava usar em casa pois eram mais do que confortáveis - quando a campainha tocou.

Ela avistou a caminhonete de Khan e liberou sua entrada, porém, como as vezes acontecia, o portão travou e ela teve que ir lá resolver.

- Não acredito que vou ter que trocar o portão... - ela resmungou enquanto abria o maior com um pouco de dificuldade.

- Vou dar uma olhada nele pra você, Ma. - Khan, que tinha ouvido o resmungo dela, falou como cumprimento - Vou consertar.

- Por favor. - foi tudo que ela disse sobre o assunto - Estaciona lá na garagem.

- Tem certeza? Não é melhor deixar espaço para suas irmãs?

- Tenho certeza. Guarda ele lá do ladinho do meu. - ela piscou pra ele sorrindo de forma gentil - Que bom que veio mais cedo. Veio me ajudar a lavar roupa? 

- Vim te ajudar com a comida, na verdade. Mas se precisar pra lavar roupa também estamos aí. 

Ela foi caminhando em direção a garagem enquanto ele deixava o carro lá. E quando finalmente saiu, ela pulou nele e o abraçou apertado como se não o visse há anos.

Ele a segurou com aqueles braços fortes prontamente, correspondendo o abraço. E quando se afastaram, trocaram um beijo demorado e bonito.

- E aí? Como estamos hoje? - ele perguntou ao se afastarem.

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