Uma tempestade cruel e imperdoável havia se apossado do bom tempo lá fora. Balançava árvores, alagava qualquer depressão que encontrava pelo chão e agitava os coraçõezinhos indefesos.
– Mamãe, eu tô com medo.
Como durante a tarde puderam ver claramente o toró que estava se aproximando, as três se banharam mais cedo e aceleraram suas rotinas para poderem se deitar mais cedo. Maya estava sentada na poltrona do quarto delas enquanto lia um livro para distraí-las, mas nem ela mesma estava com cabeça para pronunciar as palavras.
– Deita aqui comigo? – Mabel perguntou com um dedo na boca.
Maya fechou o livro e espiou Mavi, cuja cama era mais próxima da janela. Estava deitada e quieta, e fechava os olhos fortemente a cada trovão, mas não dizia nada.
– É claro. – ela se levantou e se esticou com uma careta. Aquela poltrona estava longe de ser a mais confortável – Mavi, amor, quer deitar aqui com a gente também?
Mavi concordou com um balançar de cabeça e foi para perto.
Maya se deitou primeiro espremendo Mabel no canto, que não pareceu se incomodar. Em seguida estendeu os braços para Mavi que veio para o seu colo e deitou do seu ladinho, também encolhida.
Mabel abraçou as duas como seu bracinho permitia, e Maya as cobriu com o lençol cor de rosa fino e pequeno que mal chegou aos seus pés.
Um outro trovão ecoou lá fora e as duas se agarraram ainda mais a ela.
– Será que Musa e Colette estão bem? – Mavi perguntou baixinho, preocupada.
– E Pedromar e Plutão? Pedromar é tão teimoso! Aposto que saiu do ninho só pra ir nadar na piscina dele! – Mabel se irritou só de imaginar – Ele é tão burro!
Maya se controlou para não rir.
– Tenho certeza de que todos eles estão quietinhos dentro das suas casinhas. Nós acomodamos eles muito bem lá dentro antes de começar a chover, lembram? Mavi, você fechou bem a porta da casinha?
– Hum... Não me lembro... Eu não lembro. – ela ergueu a cabeça com os olhos arregalados – Mamãe...
– Mavi! Você esqueceu de fechar a porta?! – Mabel também se levantou.
– Acalmem-se! Eu vou ver pela janela. Tenho quase certeza de que você fechou, Mavi.
Maya se levantou bufando e foi até a janela para checar.
– Está bem fechada, não precisam se preocupar. – ela voltou para a cama – Venham, vamos para o meu quarto. Tragam seus travesseiros.
Tendo pegado tudo que precisavam, Maya pegou as duas no colo e saiu arrastando as suas pantufas.
– A sua camisola é bonita. – Mavi elogiou brincando com os lacinhos.
Maya sorriu.
– Obrigada, meu bem. A sua também é.
– Mamãe, e a minha??
– A sua também, amor. As duas são muito fofas.
– Mamãe, de presente de aniversário você me dá uma pantufa de tigrinho? Daquela que a gente viu lá na loja?
– Dou. Mas você quer de aniversário mesmo? Porque o natal está se aproximando. – ela sorriu para as expressões de choque e entusiasmo das duas.
– Então eu quero de natal!
– Mamãe, e eu?! Eu também quero! Eu quero uma de urso panda!
– E eu uma de urso polar!
– Ué, mas você não queria a de tigrinho?
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O Poder do Amor
Chick-LitSe fosse para resumir Maya Bianchi em uma palavra, esta seria "tradicional''. Tradicional e pés no chão, era assim que ela era. Depois de alcançar seus objetivos acadêmicos e se tornar uma das pessoas mais bem sucedidas nas áreas profissionais nas...