Capítulo LIII

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Uma tempestade cruel e imperdoável havia se apossado do bom tempo lá fora. Balançava árvores, alagava qualquer depressão que encontrava pelo chão e agitava os coraçõezinhos indefesos.

– Mamãe, eu tô com medo.

Como durante a tarde puderam ver claramente o toró que estava se aproximando, as três se banharam mais cedo e aceleraram suas rotinas para poderem se deitar mais cedo. Maya estava sentada na poltrona do quarto delas enquanto lia um livro para distraí-las, mas nem ela mesma estava com cabeça para pronunciar as palavras.

– Deita aqui comigo? – Mabel perguntou com um dedo na boca.

Maya fechou o livro e espiou Mavi, cuja cama era mais próxima da janela. Estava deitada e quieta, e fechava os olhos fortemente a cada trovão, mas não dizia nada.

– É claro. – ela se levantou e se esticou com uma careta. Aquela poltrona estava longe de ser a mais confortável – Mavi, amor, quer deitar aqui com a gente também?

Mavi concordou com um balançar de cabeça e foi para perto.

Maya se deitou primeiro espremendo Mabel no canto, que não pareceu se incomodar. Em seguida estendeu os braços para Mavi que veio para o seu colo e deitou do seu ladinho, também encolhida.

Mabel abraçou as duas como seu bracinho permitia, e Maya as cobriu com o lençol cor de rosa fino e pequeno que mal chegou aos seus pés.

Um outro trovão ecoou lá fora e as duas se agarraram ainda mais a ela.

– Será que Musa e Colette estão bem? – Mavi perguntou baixinho, preocupada.

– E Pedromar e Plutão? Pedromar é tão teimoso! Aposto que saiu do ninho só pra ir nadar na piscina dele! – Mabel se irritou só de imaginar – Ele é tão burro!

Maya se controlou para não rir.

– Tenho certeza de que todos eles estão quietinhos dentro das suas casinhas. Nós acomodamos eles muito bem lá dentro antes de começar a chover, lembram? Mavi, você fechou bem a porta da casinha?

– Hum... Não me lembro... Eu não lembro. – ela ergueu a cabeça com os olhos arregalados – Mamãe...

– Mavi! Você esqueceu de fechar a porta?! – Mabel também se levantou.

– Acalmem-se! Eu vou ver pela janela. Tenho quase certeza de que você fechou, Mavi.

Maya se levantou bufando e foi até a janela para checar.

– Está bem fechada, não precisam se preocupar. – ela voltou para a cama – Venham, vamos para o meu quarto. Tragam seus travesseiros.

Tendo pegado tudo que precisavam, Maya pegou as duas no colo e saiu arrastando as suas pantufas.

– A sua camisola é bonita. – Mavi elogiou brincando com os lacinhos.

Maya sorriu.

– Obrigada, meu bem. A sua também é.

– Mamãe, e a minha??

– A sua também, amor. As duas são muito fofas.

– Mamãe, de presente de aniversário você me dá uma pantufa de tigrinho? Daquela que a gente viu lá na loja?

– Dou. Mas você quer de aniversário mesmo? Porque o natal está se aproximando. – ela sorriu para as expressões de choque e entusiasmo das duas.

– Então eu quero de natal!

– Mamãe, e eu?! Eu também quero! Eu quero uma de urso panda!

– E eu uma de urso polar!

– Ué, mas você não queria a de tigrinho?

O Poder do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora