Capítulo LVI

28 5 0
                                    

Foi apenas numa terça-feira que enfim puderam ir à praia com a avó Ângela.

As meninas tinham se enturmado tanto com Pedro que passaram a convidar ele para brincar sempre que podiam — ou seja, quase todos os dias. No dia anterior, Pedro só voltou para casa depois das oito da noite, pois ele e as meninas tinham decidido assistir filmes.

Não era sempre que Odessa vinha — Maya não queria abusar tanto pois sabia que ela tinha as coisas no seu ateliê em casa para fazer, suas encomendas. Ela não queria ser um incômodo impedindo-a de cumprir seus objetivos —, então durante os dias em que não tinha consultas, ela ficava encarregada de participar das brincadeiras e inventar ideias para entreter as crianças.

Ela percebeu que embora gostasse muito de ter um pouco da sua rotina de antes, ela gostava mais ainda de passar tempo com suas filhas, mesmo que isso significasse mais trabalho — pois elas estavam naquela fase de querer brincar com terra e água e outras coisas que sujam tudo, o que não era lá a combinação mais agradável para quem não queria lavar roupas mais de duas vezes na semana.

Por insistência da mãe, Maya abriu mão de dirigir o próprio carro para usufruir do trabalho do motorista. E assim elas foram para uma viagem de um pouco mais de uma hora.

– Por que viemos para essa praia específica? – ela perguntou para a mãe que estava no banco da frente ao lado de Jhonny – Por que não fomos para aquela perto da sua casa?

– Por que? Bom... Achei que quisesse ir para um lugar diferente. – sua versão mais velha ajeitou os óculos escuros no rosto – Além do mais, essa praia é privada. Não é melhor?

Maya se lembrou das palavras do seu pai sobre mantê-las longe dos olhos curiosos.

– Sim. – respondeu por fim.

Elas se hospedaram no hotel de luxo, que permitiu a entrada delas na praia cuja entrada era mais do que restrita para aqueles que não eram clientes frequentes.

Antes de poderem começar a usufruir daquele tempo bom e da brisa e de tudo mais, as quatro foram obrigadas a ouvir um longo conjunto de regras envolvendo a praia, para "manterem a discrição e o respeito tanto pela natureza quanto pela privacidade das outras pessoas presentes".

– Mamãe, a gente pode brincar na areia? – Mavi perguntou só pra ter certeza após ouvir o homem falar por quase dez minutos inteiros.

Maya, um pouco estressada, suspirou e se abaixou para ajustar o lençol na areia onde elas poderiam ficar.

– Sim, meu bem. Pode brincar à vontade.

Havia várias outras pessoas ali, mas nenhuma delas parecia lhes dirigir o mínimo de atenção, ocupadas demais jogando vôlei ou conversando em grupinhos. — Ricos e ricos. Nada abaixo disso.

– Ufa! Consegui comprar uma bebida para nós. – a mãe chegou com duas taças de algo colorido e ofereceu uma para ela. – Você trouxe o suco das meninas.

– Sim. Estão na bolsa. Elas disseram que vão beber depois. – ao tomar um pouco do que havia na taça, Maya fez uma careta – Mãe!

– O que foi?

– Gin? Sério mesmo?

– Só um copinho não vai fazer mal, Maya.

Maya bufou com as sobrancelhas franzidas de desgosto, e tomou apenas mais um pouco antes de deixar a taça na mesa ao lado.

– Mamãe, eu quero ir no mar! – Mabel exclamou depois de um momento fofo de quietude, assistindo e admirando as ondas.

– Eu também quero.

O Poder do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora