Fazia bastante tempo que ela não sentia aquele tipo de raiva fria. Na verdade, ela nem se lembrava de qual foi a última vez que sentiu algo assim.
Aquele paparazzi... Ela não entendia como haviam pessoas que gostavam de trabalhar com esse tipo de coisa. Gostavam de invadir a privacidade alheia, de expor coisas sem permissão... Era desrespeitoso, doentio até.
Ela não tinha um "time", mas achava que podia confiar no de Violeta e nela mesma. E no seu pai, é claro. Ela poderia resolver aquilo também, de qualquer jeito.
Ela odiava agir como uma menininha dependendo do papà e dos outros para resolver tudo, mas daquela vez ela decidiu se permitir. Tinha prometido a si mesma que não se deixaria abalar por qualquer coisa, e era isso que ia fazer.
Não deu pra esconder de Khan, no entanto. Assim que ele passou lá depois do trabalho, percebeu que tinha algo de errado com ela. Ele a conhecia há anos, e não importa quanto tempo tenha passado, eles ainda eram praticamente os mesmos.
E ele tentou disfarçar mas ela também conseguiu notar algo de diferente nele. Estava agitado, um pouco ansioso quando chegou. Mas tudo isso deu lugar a preocupação quando notou o estado dela.
Ele ficou para jantar, e só depois que as meninas foram dormir nas suas respectivas camas — foi um pouco difícil para Maya explicar que elas não poderiam continuar dormindo no seu quarto com ela toda noite, lhe partiu o coração — que eles enfim puderam conversar.
– Pelo menos fizemos um bom trabalho. – ele falou se referindo ao fato de terem conseguido esconder das meninas o que estava mexendo com cada um.
– Sim... – ela disse, colocando as pernas para cima para abraçá-las – Mas as crianças sentem. Elas conseguem sentir quando tem algo errado com os pais.
Khan observou o rosto dela, que estava distante. E a puxou para si, beijando seus cabelos.
– Bom, comigo não tem nada de errado. – falou com um sorriso pequeno, mas que logo desapareceu dando lugar a sua cara séria – Violeta me ligou mais cedo antes de eu sair da Academia.
Maya olhou para ele, e perguntou, franzindo as sobrancelhas com um sorriso confuso.
– Ela tem o seu número?
– Ué, por que não teria? Somos bffs, como ela diz. – ele riu e Maya o acompanhou um pouco desacreditada – Gosto dela.
– Eu também. Ela é um anjo quando não tá sendo um monstro.
– Exatamente algo que uma irmã diria sobre a outra.
Eles riram e Maya voltou a deitar a cabeça no seu peito.
– Você viu? – perguntou baixinho, passando os dedos pelos músculos escondidos sobre a camisa – Viu o que... postaram na internet sobre as meninas? Sobre... O que estão falando?
Khan a abraçou forte e a embalou.
– Eu vi. Estão falando mais de você, sobre ter escondido por todo esse tempo... Mas a maioria está comentando sobre a possibilidade de adoção. Por algo que Violeta deixou escapar numa das suas lives.
Maya limpou o rosto quando uma lágrima fujona caiu.
– Eu não me importo com o que estejam falando de mim. – disse, e foi sincera em cada palavra – Eu só... E se estiverem sendo cruéis com as meninas?
– Então é uma coisa boa elas não terem redes sociais. Uma coisa muito boa.
– Eu sei, mas e se... – ela fechou os olhos fortemente. Ela e seus "e se" – Eu só... Eu temo por elas. Pelo que pode acontecer.
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O Poder do Amor
ChickLitSe fosse para resumir Maya Bianchi em uma palavra, esta seria "tradicional''. Tradicional e pés no chão, era assim que ela era. Depois de alcançar seus objetivos acadêmicos e se tornar uma das pessoas mais bem sucedidas nas áreas profissionais nas...