Capítulo XLII

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A chuva tinha pegado todo mundo de surpresa. Ela chegara de forma discreta e teve a decência de dar tempo o suficiente para todo mundo reunir e levar as coisas para a varanda correndo. E depois disso... Ela parou. Pelo menos por alguns minutos.

– Muito obrigada por ter vindo. Eu amei ter você aqui. Venha nos visitar mais vezes. – Maya falou dando um abraço de despedida em Melanie e fazendo carinho nas costas de Isabel, que estava deitada no colo quase fechando os olhos outra vez.

– Pode deixar. A gente podia marcar algo para as crianças. – Melanie sorriu ao se afastar – Confesso que eu não sou muito de sair, então a ideia de algo em casa, mais confortável, me agrada mais. Aliás, vamos ver um dia também para vocês irem lá em casa. Acho que as meninas vão se divertir brincando de fazenda. – ela deu uma risadinha e olhou para a filha – Essa mocinha aqui adora ajudar com a colheita. Crianças gostam desse tipo de coisa, não é?

– É mesmo. Acho que elas estão mesmo precisando ter mais contato com a natureza. Esse lugar é meio vazio e por enquanto não estou podendo fazer programas mais elaborados, então elas passam bastante tempo em casa, infelizmente.

Melanie assentiu como se entendesse.

– Pode ir lá em casa sempre que quiser. Estou em casa sempre.

– Tudo bem então. Pode deixar que eu vou.

– E quando é que você vai levar essas moças para visitar a minha Academia, hein? – Érika quis saber se aproximando com um bom humor distinto – Estou esperando até hoje, sabia?

Érika pôs as mãos na cintura encarando Mavi e Mabel enquanto Maya sorria dizendo que iam assim que pudessem, e logo se lembrou de algo importante:

– Ah, eu tenho algo para vocês! Esperem aqui um minutinho.

Ela foi em casa rapidamente e voltou com dois embrulhos de tamanho mediano.

Mabel e Mavi estavam sentadas na grama conversando sobre algo enquanto brincavam com as flores que haviam achado por ali.

– Aqui. – entregou um para a ruiva e o outro para a cartunista – É só uma lembrancinha. Me desculpa, infelizmente não tenho nada para Isabel. Esqueci completamente de comprar. – ela corou.

– Que isso! Agora eu estou sem graça por ter chegado aqui apenas com frutas... – Melanie disse dando uma espiada no embrulho.

– Ah mas nós vamos fazer muito bom proveito delas, não precisa se preocupar. Eu adorei.

– Obrigada, Maya. Posso abrir? – Érika tateou o presente, curiosa.

– Claro, mas está começando a chover. – ela observou as nuvens cinzas se reunindo conforme o dia ia chegando ao fim.

– Ai, é mesmo. A gente precisa ir embora, Mel. Ainda temos que pegar pista.

Maya chamou as meninas para se despedirem das três e logo elas partiram deixando-a já com saudades da companhia agradável.

Em casa, Khan estava cuidando de tudo: tinha guardado as coisas do piquenique, arrumado a mesa e feito café para Serena — que já estava reclamando de dor de cabeça pela abstinência — e chá para as outras. Estavam todos muito bem aconchegados no conforto da sua casa.

Felizmente Maya tinha conseguido controlar a sua raiva de mais cedo. Não queria correr o risco de estragar aquele clima harmonioso com a sua revolta.

Mabel estava agindo bem desde que o pai se fora. Estava tranquila, com nenhuma mudança de humor ou comportamento. — Maya não sabia exatamente o que ele tinha dito a ela e por isso estava ansiosa para saber. 

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