Maya não conversou sobre suas desconfianças com ninguém. Queria, sua consciência clamava por isso. Mas resolveu ficar na sua e tentar espantar aqueles pensamentos, aquelas neuroses. Podia não ser muito sensato mas ela não ia ficar agindo como uma panela de pressão daquela vez.
Na quarta-feira, Melanie entrara em contato. Não só as duas tinham se tornado amigas — as semelhanças nas personalidades de cada uma contribuíram bastante — como também Isabel, Mavi e Amabel participaram de uma chamada em vídeo muito adorável onde a pequena bebê mostrou para elas os seus brinquedos preferidos com suas palavras limitadas.
Melanie a convidara para uma visita no sábado, a qual Maya aceitou de muito bom grado. Estava mesmo querendo sair mais com as meninas e aquela oferta de reencontro veio num momento perfeito.
– Aqui, Anton. Esse ano eu atrasei um pouquinho mas eu não esqueci, viu? – ela sorriu para seu sobrinho, ajoelhada na sua frente, entregando o embrulho a ele.
Anton pegou o pacote, tateou com as mãos — ação que Maya admirou por alguns segundos — e deu dois tapinhas no ombro dela antes de sair correndo para o andar de cima, com certeza para abrir o presente na privacidade do seu quarto.
Maya se ergueu do chão sorrindo satisfeita e se virou para Natty, a empregada que chegava com dois copos de suco de maracujá, entregando cada um para suas filhas.
– Obrigada... – Mavi agradeceu olhando para tudo à sua volta.
Mavi estava, como sempre, de calça e blusa de mangas longas. Maya não conseguiu convencê-la a usar algo diferente dessa vez, seus apelos não tinham sido o suficiente. Por sorte, o local para onde iam não a faria sofrer com o calor.
– Brigada.
– De nada. Se precisarem de mim é só me chamar. O patrão já está descendo. – ela se despediu com uma pequena mesura e se retirou.
Mavi esperou que Natty saísse para comentar:
– Ma, que casa grande!
– E tem taaantas luz! – Mabel disse de olho no enorme lustre no centro da sala.
– E diamantes. – Mavi sussurrou toda impressionada, como se só agora tivesse reparado.
Maya riu baixinho das carinhas das duas e se virou quando ouviu passos descendo a escada.
– Boa tarde, Maya. Meninas. – Paulo cumprimentou com seu tom neutro e pacífico de sempre. Atrás dele vinha Anton com o seu novo bichinho de pelúcia (uma baleia) de cor azul e cinza. Um dos presentes que ela tinha acabado de dar.
Maya às vezes se perguntava como alguém como Serena, toda cheia de vida e boa vontade, se casara com alguém quieto e sem graça como Paulo. Quer dizer, ela também se considerava sem graça...Mas isso não vinha ao caso; tirando a boa aparência e o bom cargo no trabalho, o que sua irmã tinha visto nele afinal?
Maya foi para o carro minutos depois com as três crianças.
– Prontos para vermos vários peixinhos e peixões hoje?!
– Simm...
– SIIIIMM! – Mabel gritou. A mais animada dos três.
Maya logo deu partida.
– Será que lá vai ter tubarão? – Mavi quis saber.
– Tubarão... – Anton repetiu, interessado.
– Com certeza sim.
– E baleia, mamãe??? – Mabel perguntou alto.
O caminho seguiu assim, com os quatro conversando sobre as várias espécies marinhas que teriam no aquário para onde estavam indo.
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O Poder do Amor
Genç Kız EdebiyatıSe fosse para resumir Maya Bianchi em uma palavra, esta seria "tradicional''. Tradicional e pés no chão, era assim que ela era. Depois de alcançar seus objetivos acadêmicos e se tornar uma das pessoas mais bem sucedidas nas áreas profissionais nas...