– Ma, Anton não vai com a gente não?
Mavi perguntou com um biquinho e com as sobrancelhas franzidas para o tanto de pertences delas espalhados no tapete no chão da sala.
Haviam voltado para o "ma", embora o "mamãe" fosse pronunciado vez ou outra pela pequena, que ainda parecia estar se acostumando tanto quanto ela.
– Não, meu bem. Vamos só nós três.
– Mas ele disse que queria ir.
– Disse, foi?
Mavi andava muito apegada a Anton ultimamente e mesmo seu sobrinho não sendo muito comunicativo, ela parecia o entender muito bem.
– Sim... E o tio Khan? Ele não vai também não?
Maya fechou o zíper da necessaire quase explodindo no seu colo e a colocou no chão junto com as outras coisas que iria levar para passar o dia na casa de Melanie com as meninas.
– Ele não vai, amor. Lembra que ele disse que ia trabalhar amanhã?
– Mas amanhã! A gente vai sair hoje! – bateu o pé no chão.
Maya suspirou e a encarou, se perguntando o porquê de ela estar agindo assim, se estava tão animada ontem.
– Vamos dormir na casa da tia Érika hoje e no sábado de manhã nós vamos pra casa de Isabel. – explicou com paciência, e inclinou a cabeça quando Mavi continuou com a mesma expressão emburrada – O que foi, Mavi? Vem cá, senta aqui e me conta o que tá acontecendo. Vamos resolver isso.
Mavi foi chegando pertinho, e Maya a puxou delicadamente pelo braço, dando um beijinho nos seus cabelos desgrenhados.
– Vai, me diz. – Maya a fez sentar ao seu lado no sofá – Você não quer ir? É isso?
Mavi não respondeu; ficou encarando as próprias mãos, brincando com os dedos.
– Mamãee, acabou o papeel! – Mabel falou do banheiro.
Maya pegou Mavi no colo — pois a conversa das duas ainda não havia acabado, embora nem tivesse começado — e se levantou para ir até o armário do corredor pegar mais papel higiênico.
– Brigada.
– De nada, amore. Vem, Mavi, vamos lá na cozinha ver se tem algo lá que precisamos levar.
E foi com ela no colo para logo em seguida sentá-la em cima da mesa.
– Ma, eu tô enjoada... – Mavi confessou depois de um tempo em silêncio.
– Está? Será que foi o pão doce que você comeu? – ela pegou a caixinha de remédios no armário de cima – Mavi, você precisa me contar o porquê de você estar assim. Se você não quiser ir, a gente não vai. Simples.
Maya pingou algumas gotas na colher e deu pra ela, que tomou e fez uma careta logo em seguida.
Maya sorriu, mas logo voltou a ficar séria.
– Mas se não formos, eu não sei qual vai ser a próxima vez que a tia Mel vai nos convidar. Isso se ela nos convidar de novo. Entendeu?
Maya tinha uma noção do quão reservada era a família de Melanie. E não era porque tinham algum problema ou segredo sinistro, mas sim porque simplesmente preferiam assim.
Vendo que Mavi havia voltado para o seu silêncio, Maya parou de focar na sua tarefa e foi para o lado dela, espelhando seu comportamento.
– Eu tô com medo... – ela finalmente disse baixinho.
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O Poder do Amor
Chick-LitSe fosse para resumir Maya Bianchi em uma palavra, esta seria "tradicional''. Tradicional e pés no chão, era assim que ela era. Depois de alcançar seus objetivos acadêmicos e se tornar uma das pessoas mais bem sucedidas nas áreas profissionais nas...