Capítulo XX

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- Oi, Seu Zé. Bom dia. Desculpa incomodar o senhor tão cedo... - Maya disse quando Zé, o capinador que Maya chamava vez ou outra, atendeu.

- Ô minha filha, tem problema nenhum não. Gente assim da roça igual eu acorda com as galinhas! - ele disse e deu uma risada com aquela personalidade otimista e alegre que Maya adorava - Como você tá? Tá boa?

- Tô muito bem, e o senhor? - ela perguntou e acrescentou rapidamente - O senhor vai estar disponível essa semana? 

- Ô, minha filha... Eu tô muito bem não. Tô de cama. Levei um baita de um tombo ontem que além de ter machucado o joelho quando caí, ainda jogaram a areia todinha do caminhão nas minhas costas!

- Que isso, Seu Zé! Que absurdo! Ninguém tinha te visto lá?

- Ah, eu tava espatifado lá no chão com o joelho ruim, não consegui levantar. Aí quando me viram já tavam jogando a areia. - ele resmungou algumas coisas e fez um som de dor - Aí tô aqui de cama né? Fui pro hospital, o doutor passou uns raio-x e uns remédios pra dor. Aí não tô trabalhando não, mas ó - ele deu uma pausa - Não sei se a senhora vai querer mas eu tô com um substituto aqui. Menino bom, viu? Faz o trabalho melhor do que eu. Muito dedicado ele... Mas se não quiser, posso mandar aquele rabugento do Maicom. 

Maya se virou para observar o estado daquele matagal na área em volta da sua casa que não era muito usada. 

Ela não queria um homem estranho na sua casa mas também não queria saber daquele garoto abusado pisando no seu terreno. Na primeira e última vez que ele tinha vindo com Seu Zé para ajudá-lo, ele ficou todo cheio de si respondendo Maya de uma forma tão inadequada que ela ficou tão nervosa que precisou descansar assim que pode para não passar mal de raiva. Só não o expulsou da sua casa por respeito ao seu amigo.

- Ah... Acho que vou precisar sim do seu substituto, Seu Zé. - ela disse meio hesitante e o velho riu como se estivesse lembrando do rancor que ela tinha pelo moleque dele - A situação aqui tá terrível. Tô precisando mesmo. A professora das minhas filhas vai chegar essa semana e eu não posso receber ela com a casa assim. Ela vai achar que está abandonada.

Seu Zé deu uma risada de vô.

- Ah, mas então pode deixar que eu vou mandar ele aí! Que dia que você vai querer? Espera! Você disse filhas? Você tá com pimpolhos aí?! Aah, minha filha! Que beleza!

Maya deu uma risadinha e confirmou, começando a contar as novidades para ele. 

Devido a alguns imprevistos com seu negócio, Érika só chegaria na quarta-feira, o que deixava mais tempo para Maya ajeitar tudo porque apesar de ela ter dito que ficaria na casa de uma amiga que morava ali por perto, ainda assim queria que ela se sentisse confortável e, de certa forma, em casa. Ela iria preparar o único quarto de hóspedes restante para que ela pudesse usar, pelo menos, como uma espécie de escritório para poder se organizar com as aulas.

- Ma, eu posso ajudar também? Posso?? - Mavi se pendurou nas pernas dela com os cabelos pra cima. Tinha acabado de acordar e fazer a higiene matinal mas já estava com a corda toda.

Enquanto isso, Mabel estava sentada no sofá esperando a alma voltar para o corpo. Ela encarava a televisão desligada como se fosse fazê-la ligar só com o poder da mente.

Como se não bastasse ter que esconder as maquiagens de Mavi, ela também teve que esconder o controle da televisão. Não estava sendo fácil agora que as duas - principalmente Mabel - estavam tendo mais acesso àquela tecnologia; elas estavam querendo assistir filmes quase o tempo todo, mesmo sabendo que tinham horários para aquilo. 

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