Capítulo VII

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A quarta visita ao orfanato foi para conversar com as meninas e também para simplesmente passar mais tempo com elas. Foi difícil tocar no assunto da cirurgia apesar de já terem conversado com Mabel sobre aquilo. Maya sabia que nada de ruim poderia acontecer, mas ela ficava triste por lembrar que a pequena estava sentindo medo e não tinha ninguém para acalmá-la nos momentos em que ela não estava lá. 

No começo, Maya estava com receio de sufocar as meninas com sua presença caso fosse visitá-la muitas vezes durante a semana, e por isso deixou para ir apenas duas ou três vezes a cada sete dias. Mas depois de um tempo elas passaram a insistir para que ela fosse mais vezes. Mavi - Mavi - falou que "queria muito que ela pudesse ir todos os dias", e foi apoiada veementemente por uma Mabel chorosa.

Era uma sexta-feira e ambas as entrevistas já tinham acontecido, o que significava - de acordo com o que Matilde tinha dito na visita de segunda-feira - que ela poderia levar as meninas para um passeio.

Matilde tinha notado o quanto Mavi e Amabel já estavam apegadas a ela, e mesmo tendo mostrado uma reação positiva quanto a isso, ela ficou parecendo meio receosa por alguns dias. 

Maya teria continuado se preocupando com aquilo se não fosse por Serena e Angélica, que estavam de olho naquela situação e prometeram impedir que o pai fosse dar pitaco nos seus assuntos. Violeta tinha surtado quando soube e até mesmo Antonella e Ester tinham ficado horrorizadas pois sabiam do que o pai era capaz de fazer quando tinha suas ordens desobedecidas.

Parece que houve uma reunião de família - para a qual ela não foi - e um certo drama aconteceu ao redor daquele assunto. Violeta fez questão de ligar para ela tarde da noite só para fofocar, dizendo que "todas as filhas do senhor Bianchi ameaçaram se afastar dele pra sempre caso ele interferisse na felicidade de Maya" - ela contou como se fosse uma verdadeira história digna de virar filme.

- Tenho uma surpresa pra vocês. - ela disse para as meninas naquele dia, abrindo um sorriso.

- Qual? - Mavi perguntou sentada no colo dela.

Ela tinha se tornado um grude e Maya estava amando aquilo. Estava adorando ver que sua pequena não tinha mais receio de mostrar sua pele bonita para ela ou de se deixar tocar e ser tocada por ela.

- Adivinhem. 

- A gente vai se mudar?? - Amabel quis saber, se animando. 

- Ainda não. Mas... - Maya disse depressa quando viu a alegria dela se esvair - Vamos poder sair juntas! Nós três! 

- Sério? - Mavi a olhou, desconfiada. - A tia Matilde deixou?

Maya balançou a cabeça.

- Deixou. Acho que vamos poder sair muitas vezes a partir de agora. 

- Mas... Como que eu vou? - Amabel perguntou indicando o pé enfaixado, ficando tristinha.

- Nós vamos de carro, amor. Vai dar tudo certo. - Maya beijou a testa dela e ela sorriu timidamente, seus olhinhos brilhando - Se você não quiser andar com as muletas, eu tenho uma cadeira de rodas no meu porta malas. 

- Que legal. - Mavi disse - Deve ser legal andar de cadeira de rodas. Eu nunca andei. 

- Eu também nunca andei... - Amabel pensou um pouco e perguntou - Quem emprestou?

- Hã... Eu peguei emprestado de onde eu trabalho. O pessoal de lá empresta quando alguém precisa. 

- Ah ta... Legal... Você trabalha num hospital?

- Não, eu trabalho numa clínica de reabilitação pública. - e ela também tinha o próprio consultório particular.

- O que é isso?

O Poder do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora