Capítulo X

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- Eu posso tomar banho na banheira?

Maya bateu a porta do guarda-roupa sem querer quando Violeta surgiu na porta do seu quarto de repente.

- Pode... Você trouxe uma ceroula, pelo menos?

- Ceroula... Ah, trouxe sim. Nossa, quanto tempo não ouço você dizendo isso, ceroula. Coisa de gente velha, Ma.

Maya apenas revirou os olhos e jogou uma toalha para ela.

- Pode ir primeiro.

- Você não vai tomar banho no chuveiro? Pode ir primeiro. Você não vai demorar, né?

Maya deu um suspiro e fechou as portas do guarda-roupa, já com sua camisola em mãos. E se virou para Violeta com um olhar divertido embora estivesse triste por ter tido que deixar suas meninas naquele lugar horrível outra vez.

- Acha mesmo que eu vou deixar de ter meu momento na banheira só porque você está aqui?

Violeta saiu pelo corredor rindo alto.

Mais tarde, depois que tomaram banho e jantaram, elas foram para frente do espelho grande que tinha no quarto e ficaram lá fazendo skincare. Violeta tinha comprado novos produtos e queria testar. Enquanto ela falava e explicava como se usava, ia passando um creme gelado - pois tinha estado na geladeira desde cedo - no rosto de Maya.

- Não, Ma. O primer vem antes da maquiagem, pra preparar a pele. - ela explicou com paciência enquanto passava uma espécie de rolo no rosto dela - Ele vem depois do hidratante e antes da base. Ajuda a disfarçar os poros e essas coisas. É muito bom.

- Hm... Eu nem uso maquiagem, Vi. Nem sei porque tá me ensinando essas coisas. Vou esquecer tudo na manhã seguinte.

- É importante saber. Na verdade, me surpreende saber que você nunca tinha feito skincare.

- Por quê?

- Ah, sei lá. Você mora nessa casa grande sozinha, tem toda uma rotina de banho perfumado, cuidados com a pele... Geralmente mulheres independentes como você curtem passar o tempo se cuidando, e skincare está no topo da lista. Você não vê no Instagram?

- Eu não tenho Instagram, Violeta.

- Ah, é. Tiktok então?

- Também não.

- Caramba! Pra quê que você tem celular então?

Maya franziu as sobrancelhas.

- Pra fazer ligações?

Ela ouviu Violeta bufar e sorriu de olhos fechados.

- É surpreendente você ter WhatsApp. Parece ser contra qualquer tipo de rede social ou aplicativos úteis que todo mundo usa. - ela enfatizou.

- Eu não sou contra. - Maya se defendeu e sentiu algo fino ser colado no seu rosto - Só não vejo necessidade de ter.

- Seria bom pro seu negócio. Pra se divulgar. Já pensou nisso?

- Não preciso me divulgar assim. As pessoas já me conhecem e sabem o que eu faço. E também tem o meu cartãozinho. Qualquer um pode entrar em contato comigo.

- Mas... Você é uma mulher inteligente e profissional. Nas redes sociais muitas pessoas tem dúvidas com relação a essas coisas que você sabe. Tem vários advogados por aí, por exemplo, que usam o Instagram para tirar dúvidas de quem não entende essas coisas de processos. Você poderia ter uma conta assim, pra ensinar coisas.

- Não creio que eu teria paciência para isso. Não gosto da ideia de ter que desperdiçar meu tempo na internet onde tem um monte de gente ignorante e problemática. E também tem o fato de que eu provavelmente chegaria num ponto em que estaria expondo mais do que deveria sem nem perceber. - ela balançou a cabeça, irredutível - Isso é algo que eu realmente não preciso na minha vida. Estou bem vivendo longe disso, mas obrigada pela sugestão.

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