- Nunca pensei que livros ajudariam tanto.
Serena comentou enquanto tomavam chá na mesinha da varanda e comiam o bolo de chocolate recém tirado do forno.
- É, geralmente aquelas pessoas que leem muito costumam ter uma vida social menos... estimulada. - Angélica falou olhando para Maya de soslaio - Lembro que Maya não saía muito de casa na época do ensino médio. E quando saía, era para a biblioteca.
Maya estreitou os olhos para ela quando Serena não estava olhando, e recebeu um sorrisinho e uma piscadela como resposta. Surpreendentemente sem malícia ou ameaças de expor seu segredo.
Era estranho agora que ela sabia que Angélica sabia sobre a amizade que ela manteve em segredo durante toda sua juventude. Ela agora não se importaria se todos ficassem sabendo - principalmente depois de contar para Violeta -, mas ainda assim Angélica não demonstrara nenhuma intenção de expor sua história para os outros.
Maya se perguntava o porquê.
- Elas são tão inteligentes, Maya. Tão educadas e falam tão bem... - Serena disse ao vê-las jogando xadrez com Anton.
Estava sendo ele contra as duas. Vez ou outra Maya era chamada para ajudá-los ou para explicar algo.
Só o fato de Anton estar brincando com elas foi o suficiente para surpreender Serena, pois ele não costumava brincar com outras crianças - geralmente as ignorava para brincar sozinho e do seu jeito repleto de gestos repetitivos.
Maya se perguntou se, na verdade, os estímulos que Anton vinha recebendo como uma criança de quatro anos não estavam mais sendo suficientes para ele. De certa forma, parecia que ele precisava de mais do que estava recebendo - e mais das coisas de seu interesse, como biologia.
Se conseguissem descobrir mais dos seus gostos, isso contribuiria muito no estímulo da evolução social dele e até mesmo ajudaria a criarem um padrão para seu sistema de aprendizagem.
Maya nunca teve que lidar pessoalmente com um caso como o do seu sobrinho. Era uma pena que ela não se deixava se interessar demais pelos casos em sua família.
- Elas nem se importaram com o fato de Anton não falar muito, não é? - Angélica disse.
- É mesmo.
Maya assentiu com o peito cheio de orgulho.
- Elas sabem como é ser e se sentir diferente. E sabem como é ruim quando ficam te perturbando com isso. - ela revirou os olhos, se lembrando da situação delas no orfanato. Das crianças se recusando a brincar com elas e até mesmo esquecendo de mencionar a existência de Mabel.
- Isso é bom. Quer dizer, é ruim que elas tenham tido que aprender da pior forma... - Serena balançou a cabeça e comeu mais um pedaço do bolo - Enfim. Como tem sido tudo, Ma? Alguma dificuldade até agora?
Maya pensou um pouco, e então negou.
- Mabel chorou um pouco a noite. Estava com medo da chuva e do escuro, mas tirando isso... Tudo tem estado bem até agora.
- Que bom, não é? - Serena sorriu com um olhar distante e contente - Não acho que elas darão muito trabalho no futuro também. E você finalmente pode tirar umas férias. Terão muito tempo juntas para se conhecerem mais...
- Falando em férias, Maya... - Angélica disse apontando a colher para ela - Ester comentou com você sobre a professora?
- Ah... Sim, ela comentou. Me deu o número dela. - Maya respondeu meio distraída, brincando com o guardanapo na mesa.
- Eu pesquisei um pouco sobre ela. É bem conhecida e é uma ótima profissional com relação a sua escola de dança. - Angélica continuou, cruzando os braços - E já trabalhou muitas vezes antes como professora. Dava aulas particulares na varanda da casa dela.
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O Poder do Amor
ChickLitSe fosse para resumir Maya Bianchi em uma palavra, esta seria "tradicional''. Tradicional e pés no chão, era assim que ela era. Depois de alcançar seus objetivos acadêmicos e se tornar uma das pessoas mais bem sucedidas nas áreas profissionais nas...