Capítulo LIV

24 6 0
                                    

– Mamãe, como nós vamos na praia desse jeito? Não para de chover!

– A gente tem que avisar a vovó que não vai dar pra ir. – Mavi observou a confusão lá fora – Tomara que ela não fique triste.

– É, essa chuva tá bem chata, não tá?

– É, não vai embora... CHUVA, VAI EMBORA, SUA CHATONILDA!

Como se em resposta, um trovão ecoou e fez tremer o chão, alto e imponente.

Mabel saiu da frente da janela e foi correndo para o sofá, assustada.

Maya e Mavi não puderam fazer outra coisa senão rir.

– Nós jantamos muito cedo. Querem comer um pedacinho de bolo de cenoura? – ela perguntou já se levantando.

– Eu quero!

– Eu posso comer mais chocolate?

– O que está no bolo é o suficiente, Mavi. Você já comeu bastante chocolate mais cedo. – respondeu, e Mavi fez um biquinho.

Khan entrou em casa ofegante e encharcado, pois tinha ido correndo tirar os brinquedos das meninas que tinham ficado na chuva e aproveitou para verificar como estavam os bichinhos em suas casinhas.

– Conseguiu? Espere aí, vou pegar uma toalha pra você.

– Tio Khan, você viu eles? – Mavi deu pulinhos, genuinamente preocupada.

– Como que os meus filhinhos?!

– Eles estão bem. – pegando a toalha que Maya trouxe, Khan passou pelo rosto de uma forma agressiva e tipicamente masculina – Estão todos juntos na cama da casa maior, dormindo.

– Dormindo?! Numa tempestade dessa?! – Mabel se espantou.

– Logo logo vocês também vão estar dormindo, moças. Não pensem que vão escapar só porque o tio Khan está aqui. – Maya sorriu para as duas enquanto partia um pedaço do bolo para cada.

– Mas o tio Khan disse que a gente ia brincar!

– Disse?! – ele perguntou arregalando os olhos.

– Disse! Você prometeu!

– Mabel, o que foi que eu falei sobre ficar mentindo? – Maya falou, séria.

– Não tô mentindo, mamãe!

Ela claramente estava. —- Maya já tinha conversado com ela várias vezes sobre aquela mania de ficar inventando coisas. Já não sabia mais o que fazer para impedi-la de continuar. A única opção que lhe restava agora era colocá-la para assistir alguma história relacionada às consequências das mentiras. Não queria mas teria que ser assim.

Mavi se aproximou discretamente, cochichando e olhando a irmã de rabo de olho:

– Eu acho que ela tá mentindo, mamãe. Ela nem falou com o tio Khan hoje antes dele chegar...

– Mabel, Mabel... – ela disse em tom de aviso.

– Mamãe!! – ela bateu os pés no chão, começando a fazer birra.

– De qualquer forma. – Khan entrou no meio, para a felicidade das três – Podemos fazer alguma coisa legal, já que não podemos assistir filme. Já tenho várias ideias.

– Eu só espero que a luz não acabe... – Maya murmurou sem que as meninas ouvissem, pois com certeza ficariam com medo.

– A gente também pode jogar xadrez! – Mavi exclamou.

Era adorável a forma como ela era simples com seus gostos. Mavi jogava xadrez desde quando Khan havia comprado o tabuleiro para ela, quando ainda morava no orfanato, e mesmo agora que tinha vários outros brinquedos e objetos para se entreter, ela sempre se lembrava do jogo.

O Poder do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora