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Ele segurou em seu rosto e matou o desejo de provar de seus lábios. Ao perceber que ela não o rejeitou, ele intensificou o beijo e fez com que durasse o máximo possível. Ela sentiu o coração acelerar e um arrepio percorreu todo seu corpo. Os lábios deles se encontravam em um momento de intensa emoção e desejo. Um beijo carregado de uma mistura de tristeza, necessidade e uma conexão inegável.

Eles se entregaram àquele momento fugaz, deixando de lado os problemas e as preocupações. Naquele instante, tudo o que importava era o toque dos lábios, a proximidade dos corpos e a sensação de alívio que aquele beijo proporcionava.

No entanto, assim como começou, o beijo terminou abruptamente. Ambos se afastaram, com olhares cheios de confusão e culpa, como se que aquele beijo não pudesse ser simplesmente esquecido ou ignorado.

Em silêncio e ainda nervosa com a situação, ela se afastou dele, pegou sua bolsa e foi embora.

Ele olhou para ela ir, e pela primeira vez não sabia explicar o que acontecia com ele.

Negou com a cabeça tudo isso, e pediu mais bebida.

...

Ainda agitada, ela chegou em casa e foi direto para seu quarto, consumida por pensamentos conflitantes.

Ela pensava no seu marido, mas  também naquele beijo. No toque e cheiro de outro homem. Sua mente acusava-o de ser um estranho. 

Balbuciando para si mesma, balançou a cabeça de um lado para o outro, tentando limpar sua mente. De repente, encheu-se de coragem e foi até o closet, retirando as coisas do marido e jogando-as dentro de uma mala.

Enquanto lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto, ela lutava para manter seu orgulho intacto.

...

- Quero que saiba que não fiz para te magoar.

Henrique chegou em casa e viu duas malas prontas em seu quarto. Viu o quadro do casal manchado pelo vinho tinto que ela jogou. Analisou a situação novamente e, por fim, se deu por vencido.

Ele conversou com a filha sobre o que estava acontecendo e, após muitas lágrimas da jovem, que não queria se afastar do pai, ele foi até a estufa onde Victória estava, sabendo que a encontraria lá.

- Aconteceu! – Ele se aproximou dela, que estava de costas enquanto cuidava de algumas plantas. - Eu sei que prometi me afastar dela, e tentei... mas não consegui. Não consegui abrir mão dela, me desculpe! - Ele justificou a si mesmo, sem se importar com o que ela estava sentindo, apenas querendo que ela entendesse seu lado.

- Guarde seu discurso para você mesmo. – Ela o interrompeu. – Eu não preciso dele.

- Victória...

- Enquanto eu te esperava na nossa casa. Cuidava das nossas filhas e casa, você se divertia com outra. – Ela falou, ferida. - Com sua funcionária... - Ele sentiu vergonha. - Vá embora, Henrique! Vá, e saiba que nunca vou perdoar o que fez comigo.

Ele olhava para ela e se sentia o pior dos homens. Apesar do que fez, não deixava de amar ela, mas amava mais a outra pessoa. Não podia evitar.

...

- Espero que esteja satisfeita! – Paula descia a escada ao lado de seu pai. - Por sua culpa, meu pai está indo embora.

- Paula, minha filha. Já falei que isso não é certo. – Olhou para sua mulher. – Só não deu mais certo. Sua mãe não tem culpa.

- É claro que tem! – Acusou. – Pai por favor, fica!

- Vou estar sempre aqui para você, é só me ligar.

VICTÓRIAOnde histórias criam vida. Descubra agora