VICTÓRIA

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Ele chegou quase no final do evento, quando ela estava fazendo seus agradecimentos. Mesmo sem ele, que sempre lhe dava coragem e a fazia se sentir confiante desde que entrou em sua vida, ela subiu ao palco e seguiu o conselho de Camila, e imaginando que todos estavam nus, fez um discurso belíssimo, mencionando todos que estiveram ao seu lado nessa jornada, inclusive seu marido. Apesar da raiva que sentia naquele momento, ela reconhecia que ele era sua base e que, de alguma forma, com ele ao seu lado, tinha coragem de se lançar no desconhecido.

Ele a ajudou a descer do palco, abraçou-a e lhe deu um beijo.

- Perdão pelo atraso. – Ele pediu, enquanto os olhos dela o observavam de cima a baixo. Ainda usava a mesma roupa que saiu de casa, e sua aparência não era das melhores.

- O que aconteceu? – Mantinha a expressão séria, que dizia que era bom ele ter tido um ataque cardíaco ou sofrido um acidente, pois nada além disso justificaria.

- Parabéns, mãe... – Paula e Jerônimo se aproximaram, interrompendo a conversa dos dois.

- Podemos conversar depois. – Otávio apertou sua mão e falou em seu ouvido.

Pelo resto da noite, ela tentou fingir que estava tudo bem, mas todos percebiam que algo estava errado. Mesmo antes de ele chegar, ela não conseguia aproveitar a noite, e agora, com ele ali, a situação não havia melhorado.

No caminho para casa, ele dirigia ao lado dela, que estava furiosa, e pedia desculpas repetidamente.

Mariana e Ângelo foram a uma festa, enquanto Jerônimo e Paula voltavam em outro carro, acompanhados por Mercedes e uma amiga.

As crianças estavam com Tatiana, que se ofereceu para cuidar de Vick. Mesmo depois de Paula mencionar que seus irmãos também iriam ficar com sua filha, Tatiana insistiu, afinal, Estrela era a melhor amiga de Vick, e se não fosse um problema para Victória, estava tudo bem para ela.

- Ok. - Decidiu ouvir sua história. - E o que houve? – Perguntou, respirando fundo e olhando-o nos olhos.

- Estava de saída quando ouvi Laura pedir...

- Laura... – Ela o interrompeu, esboçando um sorriso de desgosto.

- Eu sei que ela não é exatamente sua pessoa favorita, mas foi sério.

- Sim? E o que aconteceu com ela que fez com que meu marido me abandonasse em um dia tão especial? - perguntou em voz alta.

- O covarde do seu namorado a agrediu. – Falou com ódio. – Ela estava assustada, então a acompanhei até o hospital e chamei a polícia...

Ele lhe contou tudo o que havia acontecido, mas nada do que ela ouvia parecia satisfazê-la.

- Eu gostaria de ter estado com você, mas...

- Mas tinha coisas mais importante. - Ela concluiu.

- Victória, não é hora para ciúmes. Se fosse com Paula ou Mariana, você com certeza gostaria que alguém cuidasse delas em um momento como este.

- ... Ela concordou com um aceno, mas estava longe de sentir o mesmo em relação a Laura.

- Mas eu sempre soube que esse prêmio era seu. – Ele estacionou na garagem e segurou a mão dela com carinho. – Estou muito orgulhoso de você. – Ele beijou sua mão, mas ela ainda parecia distante, triste e decepcionada. No entanto, ao vê-lo sem terno, algo em sua aparência chamou a atenção dela.

- Tem sangue aqui! – Mostrou para ele, mas ele não conseguiu ver claramente. – E batom. – A decepção a tomou, e ela saiu do carro, batendo a porta.