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Ele a viu partir e foi até a garrafa de bebida que ela deixou e tomou o restante.


Ainda se sentindo culpada, ela voltou imediatamente para casa e, para seu desespero, sua filha mais nova, Mariana, tinha passado mal.

Sob o olhar julgador de todos na sala de espera do hospital, ela entrou e procurou por informações, preocupada com sua filha.

Henrique olhou para o estado em que ela estava e a repreendeu como se fosse uma adolescente. Ela estava usando um sobretudo para cobrir o vestido rasgado e completamente molhado, e estava descalça.

- Onde estava? – Henrique abandonou a conversa com Tatiana e foi até sua esposa.

Tatiana estava com ele quando recebeu a notícia e dirigiu para levá-lo até o hospital.

- O que aconteceu com Mariana? – Não se importou com a outra presente, ou com o olhar de reprovação que Henrique lhe dedicava.

- Ela desmaiou. – Via o quão preocupada ela estava. – Mas já está sendo medicada. O médico disse que ela não anda comendo o suficiente. – Mais uma vez lhe falou como se lhe repreendesse, e ela respirou fundo. – Agora venha. – A pegou no colo. – Olha o seu estado. – Sentia seus cabelos molhados e seguia com ela rumo a um lugar em que ela pudesse sentar e tirar os pés daquele chão frio e sujo.

Apesar de ser quem ele era e de todas as suas traições, ela era sua esposa, a mulher que escolheu para ser a mãe de seus filhos. Mesmo que muito pouco, ele reconhecia o valor da mulher que ela era.

Tatiana observava a forma como ele a tratava e se mordia de ciúmes. Por mais que soubesse que ele não a amava mais, não conseguia evitar o sentimento de ciúmes.

...

No dia seguinte, eles voltaram para casa.

Durante todo o caminho de volta para casa, sua mente continuou a trabalhar. A situação com a filha a deixava sem escolhas. Ela observava Mariana agarrada ao pai e se sentia pequena demais para lidar com tudo aquilo. No entanto, também não suportava tal situação. Mal conseguia olhar para seu marido sem sentir ódio. Sem odiar a si mesma.

Depois de arrumar toda a casa e cumprir suas obrigações como mãe e dona de casa, ela voltou para o quarto. E mais uma vez, como se fosse uma adolescente, Henrique a estava esperando para reclamar das atitudes da noite passada.

Ela tinha o deixado sozinho em um jantar importante e nem se deu ao trabalho de lhe avisar. Além disso, apareceu daquele jeito no hospital. Mais uma vez, ele reclamou de seu comportamento e de não estar com a filha quando ela precisou.

- Eu sei o que você está fazendo. – Ela o interrompeu. Apesar de sentir que morria lentamente com a escolha que fazia, não suportava mentiras, e suportava menos a ideia de perde-lo.

- É o quê? – Não entendeu. – Victória, não mude de assunto.

- Eu sei de seu casinho. – Ela o encarou e o viu ficar pálido.

- O que está falando? 

- Termine com ela. – Ela ordenou sem hesitar. Escolhia sua família.

- ... – Ele não sabia o que dizer.

- O quê? Vai negar?

- Como soube? – Ele ainda não sabia o que fazer.

- E isso importa?

- Victória... – Tentou se aproximar dela.

- Não! – Ela o interrompeu. – Apenas... termine, seja lá o que vocês têm.. – Saiu em direção ao banheiro. Ela acreditava se tratar de um caso qualquer.

VICTÓRIAOnde histórias criam vida. Descubra agora