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...

- Ele é meu filho! – Sentou na sua poltrona, se sentindo derrotado pelas mentiras e por todo o tempo perdido.

- ... – Ela foi até ele.

- O que eu faço? – Grossas lágrimas involuntárias desciam em seu rosto, ao mesmo tempo que encostou sua cabeça na barriga dela, onde mais uma semente sua, crescia.

- Você não está sozinho. – Fez carinho nos seus cabelos. – Veja pelo lado positivo.

- Lado positivo? – Sorriu com sarcasmo.

Já tinha tido uma discussão cheia de insultos e palavras dolorosas, com Alba, e ainda estava arisco e com raiva de tudo.

- Ele é um bom rapaz. Você sempre esteve por perto... o conhece bem, e nunca lhe faltou nada.

- Está brincando? – Questionou em voz alta. – Lhe faltou um pai. – Levantou e se afastou dela. – Como se sentiria se eu te deixasse criando nossos filhos sozinha? – Perguntou e imediatamente ele viu sua expressão doce mudar, para medo.

Sem querer descontar nela, ele saiu de casa.


Três dias inteiros passaram e nada de Otávio conseguir lidar com isso, internamente. Em casa ele ainda tentava disfarçar, voltando mais tarde, mas todos percebiam que estava acontecendo algo. As jovens inclusive chegaram a cogitar a ideia de ele e sua mãe estarem se separando.

Tentaram arrancar alguma informação de Jerônimo, mas ele também não sabia nada.

Esse era o Otávio. Não dividia seus problemas com ninguém. Ainda mais se o ódio que sentia fosse maior que qualquer coisa.

...

- Olá, Cida! – Victória tinha ido até o trabalho de seu marido.

- Sra. – A secretaria sorriu gentil.

- Meu marido está?

- Sim, Sra.!

- Obrigada! – Sorriu, mas notou um olhar estranho na mulher. – Ele está ocupado?

- Acredito que sim! – Falou sem jeito. – Ele desmarcou todas as reuniões da semana. E também pediu para não passar nem uma ligação... ou ser interrompido.

- Entendi. Bom, vamos torcer para que ele possa me receber.

-... – Cida concordou com um pequeno sorriso. Realmente estava na torcida. Fazia muito tempo que não o via tão mal humorado.

Victória respirou fundo e abriu a porta de sua sala, e lá estava ele, totalmente envolvido no seu trabalho.

Na mesa várias pastas e relatórios, na tela do computador, planejamentos de expansão. Sua mente não parava de trabalhar. A todo custo fugia do que estava acontecendo.

Ele levantou o rosto e a olhou entrar e fechar a porta atrás de si. Como sempre ela estava linda, e seu cheiro invadia todo o ambiente.

- Oi! – Ela falou primeiro.

Nesses dias praticamente não se viram. Ele tinha deixado claro que não queria discutir mais isso com ela, e só falavam sobre Heitor ou sobre seu bem estar físico.

- Oi! – Voltou seu olhar para o documento na sua mesa. – Está tudo bem? – Perguntou, frio.

- Sim!

- Certo. Acho que vou me atrasar. – Se mantinha sério.

- Entendo.

Ela ficou a lhe observar e queria poder ter algo para aliviar a sua dor, mas não conhecia nem uma palavra que pudesse mudar isso.

VICTÓRIAOnde histórias criam vida. Descubra agora