VICTÓRIA

20

- E tem sempre que pensar o pior? – Respirou fundo e tentou manter a calma com ela.

- Sim!... você também é assim.

- Estávamos noivos... satisfeita? – Falou depois de muito pensar. – Ela estava grávida...

- Ângelo?... – Arregalou os olhos.

- E um dia fui visitar a Alba. – Interrompeu seu julgamento. – E encontrei ela e Leonel discutindo. Subi para o andar de cima, de onde vinham as vozes, e quando me aproximava da porta, o ouvi exigir seu direito de pai. – Ele sorriu com desgosto. – Apesar do ódio pelo que tinha ouvido, empurrei a porta do quarto, que nem se quer tinham se dado o trabalho de fechar, e os vi. Apesar de estarem discutindo, ao pé da janela, ela fumava, confortavelmente nua, enquanto ele estava ao seu lado.

- Sinto muito! – Falou com pesar e foi até ele.

- Não sinta. – Não queria sua pena, e se afastou dela. – Isso me fez ver como as pessoas são. – Se serviu uma dose de whisky e foi até a varanda do seu quarto.

- E você a amava? – Perguntou temerosa, enquanto ele olhava para fora e tomava de sua bebida.

- Eu achava que sim! – Respondeu depois de muito pensar, e a olhou. E nesse olhar tão singular, se deu conta de que o que sentiu um dia por Patrícia ou qualquer outra, não chegava nem perto do que sentia por ela – Mas não! Não creio que tenha sido amor. – Tomou mais um gole de sua bebida, e voltou seu olhar para fora novamente.

Com passos lentos e um nó na garganta, ela foi até ele, e por traz o abraçou apertado e beijou suas costas. Imaginava em como deve ter sido difícil foi para ele passar por tudo isso. Pensava no quão sozinho ele se sentiu.

Em silêncio, ele aceitou seu abraço.

Ficaram naquela intimidade por um bom tempo, e ainda dentro do abraço dela, ele se virou para ela e segurou em seu rosto para que lhe olhasse.

- Nunca senti por ninguém o que sinto por ti! – Disse olhando nos seus olhos, e aproximou sua boca da dela, e a beijou.

Apertou seus braços em volta de seu corpo, e lhe encheu de beijos enquanto ia com ela, para a cama.

Naquele momento não precisavam de palavras.

...

- Meu amor... não quero te deixar triste insistindo nessa história, mas... - Com ele deitado entre suas pernas, com a cabeça apoiada na sua barriga, enquanto ela acariciava suas costas, sua mente não parava de se questionar sobre o fim dessa história.

- Ângelo não é meu filho. – Respondeu sua pergunta ainda não feita.

- E como tem certeza?

- Depois que Ângelo nasceu, Alba me ajudou a fazer um teste de paternidade. E não, não há possibilidade de ele ser meu filho.

- Entendi!... e eles estão juntos?

- Quem?

- Leonel e Patrícia? – O olhou.

- O assassinaram.

- Cristo! Pobre Alba.

- Sim! Ela ainda não superou a perda do filho.

- Mas pegaram quem fez isso?

- Sim!... Mas ela não acredita que tenham pego o verdadeiro culpado.

- E por quê?

- Ele e sua família não tinham nada, mas depois que ele foi preso, poucos meses depois sua família saiu da miséria para uma vida mediana. Casa, carro, um pequeno comércio...