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Enquanto João Paulo encarava todas as mulheres que desempenhavam suas funções na casa, como se fossem presas em seu campo de visão, Otávio, mesmo entendendo suas atitudes, e diante de todas as experiências vividas nos últimos dias com sua esposa, ainda assim, sentia que não se encaixava naquele contexto. Observava as mulheres passarem, quase se esbarrando neles, em busca de algum tipo de reciprocidade através do olhar, mas apesar da indiscutível beleza das damas, nada ali despertava seu interesse.

Se havia alguém com quem desejaria compartilhar intimidade naquele momento, ainda era sua esposa. A verdade era que não havia nada que desejasse fazer na cama com uma mulher que não tivesse experimentado com sua esposa. Lembrou com orgulho, que em diversas situações, foi seu professor na cama.

Contudo, ainda que seus pensamentos estivessem todos nela, ele sabia que na sua casa só estaria ela, e com a intenção de evitar um novo conflito, especialmente por estar ciente do cheiro de bebida de bar de esquina impregnado em sua roupa, optou por deixar o local de táxi, e foi para o seu apart-hotel.

Mas, ao entrar no quarto, ele logo percebeu que não estava sozinho. O cheiro dela preenchia todo o ambiente.


Ao contrário de Otávio, que passou o dia fora, Victória deu folga para Maria e passou o dia sozinha em casa. No final do dia, antes que seu marido voltasse para casa, ela vestiu um moletom e foi para o apart-hotel. Cansada de discutir, escreveu uma carta para ele, falando de seus sentimentos, e com a intenção de lhe dar espaço e organizar seus próprios pensamentos, decidiu sair de casa.

Os dois se encararam em silêncio, sem palavras. Havia esperança nos olhares, mas o receio insistia em se manter entre eles.

Após um período de desconfortável silêncio, onde ambos pareciam incapazes de encontrar palavras, evitando reviver as discussões que marcaram suas recentes tentativas de reconciliação, ele decidiu romper a barreira que havia entre eles. Com passos cuidadosos, ele se aproximou dela.

Victória vestia uma de suas camisas, tinha os cabelos molhados e segurava uma taça de vinho tinto. "É tão bonita", pensou ele, admirando a simplicidade que a destacava das outras mulheres que haviam flertado com ele durante todo o tempo que esteve com João Paulo.

Os olhos dela o seguiam, e, sem conseguir se mover, ela permanecia parada, respirando lentamente como uma presa acuada. Sentia seu cheiro misturado com álcool e perfume barato, enquanto todos os seus planos e ideias pareciam desaparecer de sua mente.

Ele tocou seu rosto, mantendo seus olhos fixos nos lábios dela. Ao sentir o toque de sua mão, ela fechou os olhos, saboreando o toque familiar que havia sentido tanta falta nos últimos dias.

Embora ele sentisse o calor do desejo pulsando em suas veias, resistia à tentação de avançar sobre ela. O medo da rejeição o segurava, e, temeroso de que ela pudesse escapar de seus braços, permaneceu imóvel, aguardando, esperando por ela. Torcendo para que ela o quisesse tanto quanto ele a queria naquele momento.

E, de fato, ela o queria, pois sem resistir, segurou seu rosto e o trouxe para mais perto, quebrando o silêncio com um beijo. Estava cansada das discussões, cheia de saudade e desejo. Queria sentir seu corpo junto ao dela.

Sua boca, ousada e envolvente, percorreu a curva do pescoço dela, beijando e mordiscando com uma intensidade cada vez mais envolvente. Suas mãos deslizavam pelo corpo dela até chegarem ao contorno do bumbum, onde apertava com firmeza, puxando-a ainda mais para ele. Enquanto ela puxava seus cabelos e arranhava suavemente suas costas.

- Está bêbado? – Ela questionou, notando a presença forte do álcool no gosto do seu beijo, na maneira rude como ele se comportava e a tocava.

- Não! – Falou sem desgrudar sua boca da dela. – Estava bebendo, mas não estou bêbado. – Tirou a taça de sua mão, a colocou na mesinha ao lado e continuou a beijá-la.

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