39

130 18 5
                                    

...

Final do dia seguinte.

- O que houve? – Paula entrou no quarto de sua mãe, chorando, e a abraçou.

- Brigamos novamente!

Duas semanas se passaram desde que ela descobriu sobre a proposta de trabalho para Jerônimo, e o clima entre eles só piorou. Por mais que tentassem ignorar esse assunto, foi impossível. Tanto Victória quanto Otávio sabiam que mais cedo ou mais tarde, esse assunto viria à tona com toda a intensidade.

- O que aconteceu? – Otávio saiu do banheiro, vestindo uma calça de moletom e sem camisa, e viu as duas abraçadas enquanto Paula chorava intensamente.

- Ela está com problemas com Jerônimo.

- O que ele fez? – Perguntou, bravo, e voltou para o closet para pegar uma camisa. - Me diga o que ele fez e eu darei um jeito. - Como se Paula fosse sua própria filha, ele estava determinado a ter uma conversa séria com Jerônimo.

- Ele decidiu aceitar o trabalho! – Ainda abraçada à sua mãe, Paula chorou ainda mais.

- Querida...

- Como? Ele disse que não estava interessado. - Otávio perguntou.

Ele já tinha conversado com Jerônimo e, aparentemente, apesar de a proposta ser muito boa, e de ter que se afastar de Martin, não era uma opção mudar de país.

- Pois mentiu! Assim que o confrontei, ele aceitou.

Victória e Otávio se olharam, e sabiam que o pavio da jovem deve ter provocado essa reação.

- Vou conversar com ele!

- Não! – Paula pediu. – Não. – Ela pediu quase como uma suplica.

- Ok! – Aproximou-se dela e a abraçou.

De uma forma que ele ainda não entendia completamente, sentia algo especial por suas enteadas, e claro, por Jerônimo e Martin. E toda essa situação o deixava numa posição difícil. Ele conhecia Jerônimo e reconhecia que a proposta que ele recebeu era como um sonho a ser realizado na vida de seu amigo. Era um trabalho sério e respeitável. No entanto, ele também entendia que Paula estava iniciando sua carreira e estava se saindo bem ao lado de seu pai. E se ainda fosse apenas os dois, o problema seria menor, mas com Martin, Vick, e a decisão de que eles mesmos cuidariam da filha, algumas coisas se complicavam um pouco mais.

...

- Paula, você precisa me dizer o que quer. Seja sincera. – Jerônimo batia na porta do quarto de sua esposa.

Ela passou a noite na casa de sua mãe e, assim como Jerônimo, que estava na porta de seu quarto logo cedo, também não conseguiu dormir. Por algum tempo, ele ouviu seu marido batendo na porta e pedindo para entrar.

- Você que começou. – Respondeu do outro lado da porta.

- Como comecei?

- Você deveria ter me contado desde o início.

- É, devia! – Reconheceu. – Mas se não contei, foi porque não queria que passássemos por isso.

- E como seria depois? Um dia você iria jogar na minha cara que teve a oportunidade de viver seus sonhos e não viveu...

- De onde você tira essas ideias? Meu sonho é você! - Ele falou, e depois de alguns segundos, ouviu ela abrindo a porta. - Me diz o que você quer? - Perguntou assim que a viu.

- Lá você vai fazer o que sempre quis. Vai ganhar um bom salário.

- E qual é a vantagem se aqui você me sustenta?

VICTÓRIAOnde histórias criam vida. Descubra agora