Seu Desejo

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Anthony parou sua moto em frente à casa de Enid e passou a mão pelos cabelos se olhando no retrovisor. O capacete sempre o deixava meio descabelado. Rindo de si mesmo o garoto subiu os degraus da varanda e tocou a campainha. Enquanto esperava alguém lhe atender, ele observou o sino dos ventos pendurado no teto fazendo um leve som que sempre o deixava hipnotizado.

- Anthony?

O rapaz virou-se para a porta e Helena estava sorrindo para ele.

- Senhora Helena! – ele exclamou a cumprimentando com um abraço.

- Meu menino – Helena sussurrou ainda abraçada a ele – Vamos, vamos entre! Estou fazendo uma torta.

- Sua comida é irresistível, mas não vou demorar dessa vez – disse Anthony fechando a porta e a acompanhando.

- Uma pena.

- É. Na verdade eu vim saber como a Enid está – contou ele – Ela não foi para a academia hoje e não me atende. Sei o que aconteceu e pensei que ela poderia precisar de mim.

Helena assentiu com uma carranca no rosto.

- Você sempre tão atencioso com ela.

Anthony deu de ombros sorrindo.

- Ela é como uma irmã para mim. A senhora sabe.

- Sei sim e agradeço por isso – Helena respondeu afagando o rosto dele – A Enid não está. Ela foi para a clínica mais cedo hoje.

- Entendo. Mas a senhora não respondeu minha pergunta. Ela está bem?

- Eu não sei. Quer dizer, ela diz que sim, mas eu não tenho como saber se é verdade ou não por que ela não se abre comigo – Helena respondeu sentando-se no sofá – Tenho tanto medo Anthony – disse a mulher chorando – Ela é tudo que me restou deles. Tudo!

- Ei, ei. Não chore, por favor. Vai me fazer chorar também e a senhora sabe como sou chorão – disse o garoto se agachando na frente dela e segurando suas mãos – A Enid está melhor. Está tomando os remédios e até fazendo novas amizades e ela tem a mim. A nós! Ela só brigou com aquele idiota por que ele mereceu. Só isso, ok?

Helena fungou e enxugou o rosto se recompondo.

- Obrigada, Anthony. De coração.

- Não precisa agradecer. Quer que eu vá buscá-la hoje?

- Não. A Amber acabou de me ligar. Hoje é dia de ela atender as crianças carentes e Enid pediu para ajudá-la. Então Amber vai trazê-la mais tarde.

Anthony abriu um sorriso.

- Talvez anjos usem jalecos – disse ficando de pé.

- Concordo. Amber tem sido um verdadeiro anjo em nossas vidas desde o acidente. Assim como você.

O rapaz sentiu o rosto corar e riu.

- Bom, esse anjo aqui tem um encontro.

- O que? – Helena exclamou ficando de pé – Isso é sério?

- Claro! Não mentiria para a senhora. Agora me diga. Como eu estou? – disse o menino se afastando um pouco para trás para Helena o ver direito – Muito arrumado?

Ele vestia uma calça jeans marrom, camisa azul bebê de mangas, uma jaqueta preta por cima e botas de cano médio ideais para andar de moto.

- Anthony você está maravilhoso como sempre. Não se preocupe. Seja lá quem for, vai gostar.

- Ótimo. Obrigado – disse ele a beijando na bochecha – Agora eu preciso ir. Ligo para Enid a noite – disse abrindo a porta.

- Ok. Divirta-se! – Helena exclamou antes de ele fechar a porta – Você merece

A corrida dos Excluídos - WENCLAIROnde histórias criam vida. Descubra agora