Normal

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Helena tinha recebido a ligação de Yoko uma hora atrás. A amiga da neta gostaria de saber se ela concordava em dar uma pequena festa de boas vindas para Enid quando a menina recebesse alta na próxima semana. A senhora Sinclair aceitou sem nem ouvir o resto da ideia. Não precisava. Confiava inteiramente naqueles meninos. Ela e Yoko discutiram sobre o que fariam e acabaram fazendo uma pequena lista de materiais para usar.

Agora ela estava na garagem à procura de barbante. Não queria deixar nada para última hora. Adiantaria tudo que pudesse, até porque Enid passaria pela cirurgia de correção da primeira lesão e Helena tinha que estar por perto.

- Tenho certeza que há um rolinho de barbante por aqui em algum lugar - disse ela vasculhando as maletas de ferramenta.

Darth a observava de cima das caixas como um rei do alto de seu trono.

- Você bem que podia me ajudar. É para recepcionar sua humana.

O gato miou como se tivesse entendido e pulou em cima de um amontoado coberto com lona azul. Uma interrogação se formou na testa dela quando viu o que parecia ser um pneu. Puxou a lona e quase caiu para trás. A bicicleta de Enid estava lá. Toda amassada e suja com o que ela não queria pensar ser o sangue da neta. O coração afundou no estômago. Ouviu o portão elétrico abrir e o barulho do carro.

- O que em nome do Senhor essa coisa está fazendo aqui? - perguntou com as mãos na cintura - Achei que tinha levado para o ferro velho.

Max desceu do veículo com uma careta de culpa.

- Me desculpe. Eu esqueci completamente.

- Está ficando caduco, Max. Quer que sua neta volte para casa e encontre isso aqui?

- Não, não, não – Max respondeu chacoalhando as mãos - Amanhã cedo eu levo a bicicleta embora. Prometo não esquecer.

Helena assentiu em acordo e os dois ficaram parados encarando a bicicleta retorcida.

- Acha que ela vai voltar a pedalar depois disso tudo? - indagou Helena receosa de que a neta adquirisse mais um trauma para sua vida.

- A Enid é o ser humano mais forte que eu conheço. Talvez no início ela não consiga, mas tenho certeza de que não vai deixar de fazer o que ama por medo - Max respondeu.

- Não sei. Ela deixou de cantar, não deixou?

- Mas voltou quando conheceu a Wednesday. Não seja tão pessimista, meu amor - Max respondeu passando o braço em volta dos ombros dela e a beijando no rosto - Ferdinand me ligou hoje.

- Advogados só ligam quando há problema. O que foi? Deu errado o documento para firmar sociedade com a Morticia?

Max foi até a bicicleta e a cobriu novamente com a lona azul.

- Não. Está tudo certo com a sociedade - Max contou sorrindo - Embora por um momento eu acreditei que ela não aceitaria.

- Morticia é uma mulher honrada. Era de se esperar que ela não aceitasse de primeira.

- Tem toda razão, meu amor.

- Fico muito feliz que ela tenha aceitado. A galeria pode abrir muitas portas para os talentos da Wednesday.

Max concordou limpando as mãos sujas de poeira.

- Concordo. E foi um dos argumentos que usei para convencê-la a assinar.

- Que bom, querido. Mas o que Ferdinand queria? - perguntou a senhora Sinclair observando o marido fechar o portão que havia deixado aberto.

- Nos avisar que o Gomez vai para o presídio amanhã e que talvez Enid precise da ajuda de um terapeuta para lidar com tudo por que ela vai ter que depor.

A corrida dos Excluídos - WENCLAIROnde histórias criam vida. Descubra agora