Dor e...dor

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Oii meus amores! Tudo bem com vocês? Espero que curtam o quadragésimo sétimo capítulo de " My dream come true".
Não esqueçam de deixar seu voto!
Vamos lá💌

Dallas, Texas 🌍
13:28 pm ⏰
Lis Evans:

Aquela manchinha preta na parede, ela era a centésima que pude avistar. O hospital podia ser incrível e tals, mas ainda possuía algumas manchinhas na parede. E o por que estou falando disso? Nem eu sei. Acho que estou tentando sacanear meu cérebro, convencê-lo de que está tudo bem, tudo ótimo, mas não está. Relembrar a cena de horas atrás me causavam mais dor. Essa era a palavra, dor. Doía tudo, não no externo, mas no interno.
Em que mundo eu poderia imaginar que isso aconteceria com a "mulher de aço" que ela sempre foi.
- Querida, você deveria comer... - diz tia Olívia, isso era cansativo.
Para que comer? Eu não sentia necessidade disso a muito tempo. Não sentia prazer na comida, pois o vômito viria em seguida.
- Não sinto fome. - confesso, e ela bufa desistente.
É, acho que eu estou mesmo de volta ao fundo do poço. Um único acontecimento destruiu todo o pilar que eu havia construído, e agora me vejo cercada de medos e aflições. Onde estava com cabeça para interromper meu tratamento por puro orgulho?
- Eli! - Cloe me avista vindo da recepção. - O médico quer falar com você. - diz e sem nem esperar, me ergo.
- Onde?
- Primeiro escritório a direita. - responde e eu confirmo.
Ando rapidamente, a aflição me mataria em segundos se eu não obtesse respostas.
3 tocs, 2 segundos de silêncio, e um "pode entrar".
O escritório comum de um hospital, quatro paredes brancas, uma maca, duas cadeiras, uma mesa, uma poltrona, e equipamentos médicos, realmente clássico.
- Senhorita Evans, devo supor. - pronúncia me observando de cima abaixo.
- Sim, sou eu, doutor... - olho para o crachá em seu peito. - Granger.
- Pode me chamar de Henry, se assim se sentir confortável. - aponta para uma das duas caldeiras em sua frente. - Sente-se,por favor. - concordo com o pedido.
Me sento, e por um momento penso se queria mesmo saber o que aconteceu.
- Você se parece muito com sua mãe, devo admitir. - analisa minha face, seus olhos azuis profundos pecorriam cada centímetro meu.
Ele parecia curioso para me conhecer, era isso que demonstrava. Mas como sabia da minha existência?
- Não costumam dizer muito isso... - assumo, já que infelizmente puxei cabelos, cor de pele e até o fato de ser mais alta do meu pai.
- Pois deveriam, a mandíbula definida, olhos azuis acinzentados, nariz arrebitado, e pequenas sardas, uma cópia perfeita da mãe. - concluí e essa enrolação me preocupa ainda mais.
- Por favor, me fala como ela está. - encaro minha mão, ela estava fria, e começava a suar.
- Creio que não tenho direito para lhe contar a história toda, mas como representante da paciente, não posso esconder detalhes cruciais. - respira fundo, sua expressão se fecha. - Você vai precisar se a garota mais forte do mundo após receber essa notícia senhorita Evans. - paraliso, fecho meus punhos com força, lutando para respirar normalmente.
- Certo, o quadro da sua mãe está estável, realizamos um breve procedimento cirúrgico para costuramos o corte em sua nuca, e os desmaios foram provocados por conta da... - pausa. - cardiopatia isquêmica.
Um breu escuro toma minha visão após essas últimas duas palavras, meu mundo não estava girando, meus pés não possuiam chão, duvidei até se o coração em meu peito ainda existia, e enfim, senti meu corpo desmoronar até o chão frio.

Lorenzo Rossi:

Sabe, eu me lembro de que quando eu era pequeno e quebrei o braço, jurava que não haveria dor pior. Arranhados não doíam tanto, dores de cabeça ou musculares, nada se comparava a isso. Hoje eu tenho uma resposta para a minha mini versão, existe uma dor pior, a dor da perda.
Eu não sei que dia é, que horas são, se o dia está ensolarado ou chuvoso, se é dia ou noite, se noite, havia estrelas no céu? Eu não sabia de nada, e não me importava por não saber. A única resposta que eu queria obter era se essa dor vai passar.
Sempre ouvi as pessoas me chamando de perfeito, sem fraquezas. Mas nunca ficaram sabendo que eu possuia uma, que era capaz de acabar com todo o meu ser, a perda. Quando eu "perdi" meu pai, assim que o vi saindo com aquela mala no primeiro dia do inverno, eu desmaiei. Em seguida tive um convulsão, fiquei 2 dias no hospital, e quando voltei para casa, não saia da cama por nada. Foram exatos 2 meses assim, até eu notar que ele não iria voltar, não por mim, não para jogar comigo, não para me lambuzar de tinta, não para dizer que amava o seu primogênito, mas que voltaria pouquíssimas vezes apenas para entregar o dinheiro da pensão e que mal olharia na minha cara.
E agora me encontro no mesmo estado, uma merda não é? Eu simplesmente não consigo aceitar perder as pessoas, e isso me mata aos poucos.
Pego a foto em minha gaveta pela última vez, um polaroid de nós três, quando ainda éramos pequenos, ela havia perdido seu primeiro dente na época e fomos tomar sorvete para comemorar.  A ponta dos meus dedos tocam por cima de seu rosto, mas logo vão para o meu peito e noto que a cada batimento a única coisa que sentia era dor...e mais dor.

My dream come true!Onde histórias criam vida. Descubra agora