Capítulo #28

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NATY

A minha cabeça estava cheia, eu andava pensando em umas coisas tá ligado, e tem meu pai e o pave que agora apareceu do nada de novo e não para de vim para a favela. O problema nisso é que ele não tem vindo falar comigo, ele tá indo direto pro puteiro.

Ou o cara tá comendo muita mulher ultimamente ou ele tem esquema bolado com a Jô ou alguns das meninas. Que o cara fico puto comigo todo mundo sabe, que ele quer minha favela tá claro entendeu, então eu não duvido nada que ele tá de esquema com alguém só para querer informação minha.

O cara é invejoso e mal caráter, não sabe fazer o corre dele sem interferir nos dos outros. Ele já me odiava antigamente, agora com essa parada que eu fiz ele passar na frente dos chefão, pô o cara queria minha cabeça.

Fiquei sabendo que o patrão dele tiro ele do comando, não tem lugar nenhum mas na favela, e isso para um vagabundo e foda, tu fica sem família saco? Sem as mulher na cola, sem tu ter oque ostentar, para aqueles de cabeça pequena isso faz falta, e eu tirei isso tudo do maluco.

Se ele vim, eu vou tá preparada.

— Tu acha que ele tá de caso com quem em? - dei de ombro tirando a maconha da boca e passando a ponta no fogo do isqueiro. Eu e o Pipoca estávamos na laje da casinha, tinhas mas três maluco ali um em cada ponto olhando o movimento.

— Eu não sei e não vou esperar pra saber irmão, daqui a pouco eu colo lá e vejo qual é a dele vindo aí todo dia, vamo ver se hoje ele aparece - pipoca concordou - tu acha que a Jô é maluca pra ajudar a me fuder?

— Não sei peixe, essa aí faz tudo por dinheiro todo mundo sabe - concordei. Quando a Jô veio com o papo de abrir um puteiro pro meu pai eu ainda era mulecona, mas lembro dela se mostrando na rua, dando uma de rainha porque o negócio estava funcionando, ela ganha dinheiro para Caralho e hoje em dia tenho certeza que isso triplicou, tenho essa ideia porque o negócio dela rende grana pra mim, e é uma grana boa.

— Tô ligada, ela me deu quinze mil essa semana, disse que a outra parte ficava pro outro dia, então no próximo pagamento ela vai dar o dobro, fica esperto nesse dia pra ela não dá uma de esperar, tu vai pessoalmente receber.

— Pode deixa, ela não vai tentar passar a perna de novo, a veia já sabe como que funciona - ele riu. Ela é uma mulher perigosa pô, perigosa pra queles que não sabem lidar, a Jô tem contato por causa das meninas, tem cliente de fora que tem dinheiro, e eu tô ligada que ela faz mas que vende os corpo das mulheres dela, tô ligada que tem mais coisa rolando, só permito porque isso me dá o dobro de dinheiro que ela deveria me pagar, e tudo que fazer nessa porra não passa despercebido por mim.

Estava dando uma volta com o Pipoca pela favela, nois passou pela pracinha e continuamos andando a rua principal. Tirei a maconha da boca soprando ela devagar enquanto escutava o pipoca puxando outra música.

— Pô cara tu canta mal - parei de andar e me virei para ele que deu risada me mostrando o dedo do meio.

Voltamos a andar, olhei para o restaurante da Vanessa e vi ela varrendo a calçada da frente. Tinha vindo aqui quando voltei para a favela, aquela história da filha dela ter armado para mim ainda não saiu da minha cabeça, acabei brincando com ela, sei que a Vanessa tá protegendo a cria e eu tô me defendendo.

— Já avisou tua filhinha que eu tô procurando por ela, e o tempo dela já tá no vermelho - provoquei e ela me olhou - é pô, é bom ela ser esperta, ela me conhece bem.

— Para de fazer isso comigo - ela disse com raiva - eu já cuidei tanto de você, já ajudei tanto você.

— E é por isso que eu não vou fazer nada contigo, eu sei que tu sabe onde ela tá - ela nego e eu continuei - tua filha me tiro de otária, e isso não vai ficar baixo não.

— Você nunca vai achar ela Naty, meu Deus não vai deixar - dei de ombro colocando a maconha na boca de novo e passando por ela.

— Vamo ver pô.

A desgraçada sumiu, mas eu vou achar, mesmo se for fora do país eu pego ele e faço ela pagar por essa porra.

Pipoca bateu no meu ombro e eu olhei, ela apontou para direção na frente e eu olhei, era o carro do pavê, ela saiu de dentro colocando o boné e entrou no sobrado da Jô, porra era dia ainda o maluco não pode tá vindo até aqui para comer mulher.

— Tu vai lá? - pipoca perguntou, joguei a pontinha da maconha no chão e nem respondi ele só atravessei a rua e fui, ele veio atrás e mim. Comecei a bater na porta do sobrado até uma morena do cabelo branco atender.

— Nois não vai entrar não, chama a Jô pra mim - dei o recado e ela foi deixando a porta aberta. Passou uns cinco minutos e a Jô apareceu.

— Oi Naty, tá querendo alguma coisa? - cruzo os braços se encostando no batente da porta.

— O pavê tá por aí, esse é o carro dele né não? - ela riu e concordo.

— Ele tá com uma das minhas meninas no quarto, não vai tirar meu melhor ciente de mim né? - ela descruzo  os braços e eu olhei para o pipoca.

— Que garota ele tá, cinco da tarde e Maluco vem aqui pra transar é? A coisa é tão boa assim - o pipoca falou e a Jô riu mais alto.

— A minha biazinha é maravilhosa, a Naty sabe como ela pode ser boa - fez um sinal de boquete com a mão perto da boca e eu quase soquei a cara dessa filha da puta - ele adora ela, acho que de todas as vezes que ele veio aqui a maioria foi pra ver a Bianca ou ela e mas uma.

— A Bianca, branquinha com o cabelo preto grandão? - ela concordou, passei a mão no rosto e só virei as coisas saindo dali, pipoca logo veio atrás.

— Tá puta, peixe?

— Tô nada vou ficar porque? - mas na real eu fiquei bolada mesmo, logo a Bianca porra!. Mais eu não ia desconfiar dela, nois já se acertou ela me disse que não estava fingindo comigo, e eu confio.

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