Capítulo #47

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BIANCA

Olhei para noite esperando ela começar, eu queria muito que meu relacionamento com ela desse certo, que eu não saísse machucada e principalmente que ela seja minha pessoa de confiança. E eu estou disposta a contar todos os meus medos.

- Meu pai quando engravidou a minha mãe, já era do crime, ele sempre me quis do lado dele, independente se fosse menino ou menina. Quando eu nasci minha mãe morreu dois dias depois, ela estava mal pra caramba, meu pai fico por contra própria cuidando de mim. Eu cresci no meio da bagunça Bianca, todo dia via meu velho com um cigarro na boca, ele me levava pra boca direto todos no maior respeito comigo, me deu uma arma pra segurar no meu aniversário de onze anos, eu gostei pra caralho, eu já sabia até como segurar uma arma pô.

Ela dobrou o joelho ficando com as mão encima dele.

— O velho não teve culpa deu gostar da mesma vida que ele, eu que comecei a provar tudo sozinha. Usei Primeiro a maconha, depois a cocaína, depois as outras que eu não gostei muito. Eu estava nos onze ainda, já era desse jeito aqui, toda estourada, o povinho da escola tirava mó onda comigo por causa do meu pau, eu ficava cheia de ódio. Ai em um dia antes de ir para escola eu cheirei muito, e fui, antes mesmo deu pisar na escola um moleque veio tira onda comigo, eu bati nele até ele desmaiar, fiquei fudida também mas ele fico bem pior. Meu pai descobriu naquele dia que eu já estava viciada, me bateu pra caralho mesmo, e eu não tiro a razão dele, féria o mesmo com um filho meu.

— Você parou né? - ela nego com a cabeça.

— Voltei de novo com doze anos, na escola ninguém mais tirava com a minha cara, pelo contrário. Naquele tempo que eu comecei a fazer várias merdas na escola, me envolvia em muita briga, ficava sem estudar direto, já até beijava na boca, tu acredita que eu peguei um molequinho? Foi ruim pra caralho - dei risada negando com a cabeça - usando droga escondido de todo mundo, mas as vezes eu me deixava levar e ficava feia.

— E seu pai?

— Ele sempre conferia pra ver como eu estava, eu sabia disfarçar muito bem pô, o velho só descobriu quando eu fiz mas uma merda. Eu tinha quatorze anos, já estava descobrindo meu estilo, já me amarrava nas meninas, e não era difícil eu achar umas para ficar, pra tu ter ideia eu já tinha até transando com uma. Foi no mesmos dia da merda toda. Faltei a escola pra ficar com ela e depois nois voltou quase no final da aula. O irmão mas velho dela, veio me perguntar o que que eu estava fazendo com a irmã dele, cheio de peito para cima de mim, nossa eu estava doidona naquele fodida, falei na cara dela: "tava fudendo a sua irmã pau no cu"  cheia de marra, moleque me bateu primeiro, me fodeu, mas quando eu revidei, não parei mas, foi soco atrás de soco, e quando ele caiu no chão, eu só chutei a cabeça do cara, sem piedade pô. Meu pai chegou doido, primeira pessoa que eu matei, eu sabia que ia apanhar, então dei um jeito e fugi dali, fiquei escondida na favela e por uma semana ninguém me achava, naquela semana eu só conseguia maconha então fumava um toda hora.

— Meu Deus amor, você só tinha quatorze anos - ela concordou.

— Quando meu pai me achou ele me trato com toda calma, tento me tirar de perto de tudo que droga, mas eu era esperta, usava escondido na boca, nos fico nessa até meus dezessete, eu usava pouco mas ainda usava, arrumava briga por tudo, já usava as roupa que eu queria, falava como eu queria, já era eu tá ligada? Meu pai fico puto comigo, me pego e me colocou em um barraco fachado, sem janela, só a porta que ficava trancada. Me deixo lá por um mês, eu não comia nada, ficava pirada socando aquele barraco todo, eu tô ligada que foi foda pra ele, mas ele me salvou quando fez isso papo reto, eu sofri pra caralho naquele barraco bia, mais quando sair eu tava limpa, eu não se foi milagre oque foi, mas eu tinha volta a ser normal pô, mesmo que o meu normal não é muito diferente da drogada. Meu pai me observava, eu estava no controle, via cocaína não tinha vontade de usar, a maconha que foi o difícil de ficar longe, e pra tu ver eu não fiquei né, dei um jeitinho lá e continuei usando. Comecei a trabalhar com meu pai, ele foi confiando em mim pra isso, e nois trabalhou junto, nesse tempo eu já estava com a Ingrid,  aí meu velho foi preso e eu tive que assumir mesmo não querendo, o filho da puta do pavê chegou a ficar um tempinho aqui, ele fico puto com a velha guarda por me darem o comando, meu pai queria assim e só confiava em mim pra isso. Eu tô aqui hoje, neurótica desse tipo, estressada, mas pô branquinha, te conheci e de primeira já senti uma parada diferente, tu tá virando meu ponto fraco porra.

— Eu só fico com medo Naty, do tempo passar e você se transformar, igual a ele - respirei fundo - minha história não chega nem perto da sua, mais é meu pesadelo, meu medo de ficar sozinha ou a insegurança que eu tenho e totalmente ligada a uma pessoa, que eu ainda não superei, ou melhor eu não superei o que ela me fez.

— Quem te fez mal, só de pensar nessa merda meu sangue já ferve Bianca - me aproximei dela e abracei seu corpo deitando minha cabeça no peito dela e relaxando.

— Meu Ex namorado, eu estava com ele a mais ou menos três anos, e foram os piores da minha vida. Ele era uma pessoa totalmente diferente quanto eu conheci, era carinhoso, me elogiava, me tratava tão bem. Eu tinha uns dezeseis anos quando conheci ele, e ele era mais velho, tinha vinte e dois já. Ele tiro minha virgindade, me levou pra morar com ele e até dois anos de namoro foi maravilhoso. Ele sempre era muito ciumento comigo, e como eu ainda era bem nova achava que era só uma forma de demostrar carinho ou sei lá, minha avó bem que me avisou que eu deveria esperar e conhecer ele melhor.

— Tu deveria ter me esperado, nois duas com certeza iria se encontrar alguma dia - dei risada, seria ótimo se eu tivesse conhecido ela antes.

— Eu iria adorar amor - apertei mais ela - a primeira vez que ele me deu um tapa, foi porque eu tinha saído com algumas amigas e alguns meninos foram também, e eu não avisei ele, quando eu cheguei em casa ele simplesmente me xingou de vadia e me deu um tapa no rosto, eu fiquei muito assustada, no dia seguinte foi aquela história de sempre " Eu te amo, isso nunca mais vai acontecer, me desculpa" e eu aceitei. Depois só piorou, ele bebia com os amigos e eu era a culpa de seja lá oque for, era soco, chute, muito sangue em todo meu corpo - comecei a tremer e ela me abraçou mais forte - eu odeio falar sobre isso Naty.

— Você não precisa falar minha branquinha, o passado fica no lugar dele e a gente segue juntas só olhando pro futuro. Eu não te prometo ser perfeita, mas prometo que vou fazer o máximo pra você ser a mulher mas feliz do mundo, papo reto.

— Você promete? - olhei para ela e ela concordo dizendo que sim. Abracei o pescoço dela me acolhendo no lugar que eu me sentia mas segura no mundo inteiro, a Naty pode ser tudo de errado, mas comigo ela é diferente, eu tô apostando tudo nela.

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