BIANCA
Fazia mais de doze horas que eu não via a Naty, já tinha escurecido e ela ainda não tinha voltado. Eu fiz comida para me distrair, arrumei a casa toda, chorei tomei banho, chorei de novo e nada dela ainda.
Eu tentei de todos os jeitos esquecer ele, o que ele fez comigo e eu estava conseguindo porque tinha a Naty me distraindo me fazendo gostar dela, e eu não via mas ele. Mais ontem, quando ele apareceu do nada e começou a falar aquelas coisas, voltou tudo e todas as vezes.
Eu tinha que contar para ela, eu não ia conseguir ficar com ela escondendo isso e correndo o risco de ver ele novamente por aqui. E incrível o sentimento de proteção que eu tenho com a Naty, ela usa da violência sim, mas eu não sei explicar como ela se transformou no meu porto seguro, mesmo sendo essa Naty explosiva.
Eu estava no quarto dela agora, olhando nossas conversas no whatsapp e vendo o tanto de mensagens que eu enviei para ela, a tv estava ligando passando qualquer coisa que eu nem ligava, até escutar uma notícia.
Que o Rio de janeiro estava cada vez
Mas violento isso todo mundo já sabe
Esse vídeo foi postado a algumas horas
Embaçamos as imagens porque são fortes.Tapei a boca abafando meu grito quando vi a Naty, queimando um corpo em algum lugar, no vídeo podia escutar vários gritos e as frases cortadas dela, ela mato ele.
A vítima é um traficante de trinta e sete anos,
Fernando de Souza conhecido como pavê,
sobrinho do Marco Antônio, o gordão acusada de diversos crimes. A mulher que aparece torturando a vítima foi identificada como Naty Cristina de Oliveira filha do Henrique de Oliveira o Ciclone, atualmente preso, a polícia
Acredita que seja um acerto de contas entre os dois.Ela continuou falando sobre, mais a porta do quarto abriu e a Naty entrou me olhando, eu levantei da cama e corri até ela abraçando seu pescoço, ela me pegou no colo e eu respirei aliviada fungando e soluçando.
— Eu achei que tinham prendido você, a polícia já sabe - ela olhou para a tv e depois para mim, foi comigo até a beirada da cama me deixando no colo dela, pegou o controle e desligou a tv, o quarto ficou totalmente escuro - você tá bem?
— Não era pra tu ter visto isso - a voz dela estava roca, meia atrapalhada também - preciso tomar banho amor.
— Desculpa - pedi saindo de cima dela, ela levantou acendo a luz do quarto, reparei no rosto dela e vi o nariz mas vermelho e o olho mas fundo, respirei fundo e sequei meu rosto.
Ela entrou no chuveiro e fico por uns dez minutos lá, eu tinha separado a cueca e top que ela gosta de dormir. A Naty saiu do banho e se vestiu, apagou a luz e deitou na cama me puxando junto com ela.
— Ele não vai mas te fazer mal branquinha - senti a mão dela no meu cabelo e abracei mas forte o corpo dela deitado a minha cabeça no peito dela - quero que tu saiba que eu mato e morro por tu, qualquer coisa pô, qualquer pessoa que te fazer mal eu juro que.. - coloquei minha boca na dela quando escutei o coração dela mais acelerado.
A Naty ficou agitada, dei dois selinho e ela me beijou com calma envolvendo a língua depois, o beijo dela tem sempre o gosto de maconha e whisky, aí quando ela escovas os dentes esses dois se misturam com a mente e fica gostoso demais, eu amava isso.
— Eu sei amor - coloquei minha pernas encima dela e cheguei mas perto fechando meus olhos, eu estava morrendo de sono, e sabia que só ia conseguir dormir quando ela estivesse assim comigo.
Acordei de madrugada assustada, não me lembrava do sono que tive, mas sei que foi relacionado ao que eu vi hoje. Sentei na cama passando a mão nos cabelos, minha respiração estava acelerada e a insegurança batia forte, eu estava com medo.
Olhei para nada tão calma, relaxada. Eu precisava decidir o que queria, eu sei que ela pode mudar e se tornar agressiva comigo, eu odeio essa angústia. Comecei a acordar ela, chamando e mexendo no corpo dela, ela acordou sem entender nada.
Eu precisava contar meu passado e precisava que ela fosse clara comigo, era minha vida, e eu não posso passar ela do lado de uma pessoa que me faça mal, talvez eu esteja idealizando o Daniel nela, mais eu não tinha como ter certeza se a Naty não era uma pessoa como ele.
— Que foi Bianca? - ela sentou na cama, esticou a mão e ligou a luz - porque tá chorando? - eu via como ela se preocupava comigo, como me ajudava. Eu ainda não tinha me dado sem por cento para Naty, tinha uma parte minha que ainda estava escondida dela, e eu tô cansada de ficar com medo.
— Eu quero te contar porque vim pro Rio - ela passou a mão no olho respirando fundo - toda a merda que aconteceu comigo antes de pisar aqui, e depois você vai me contar sua história - ela me olhou - e aí eu vou decidir se eu posso ou não viver como uma como você.
— Traficante?
— Também Naty, mas agressiva também - ela riu negando com a cabeça - eu tenho medo de um dia eu tirar sua paciência e você me dar um tapa.
— Eu sou mulher Bianca eu... - eu não deixei ela continuar.
— Isso não justifica.
— Eu não faria isso contigo pô, eu sei da força que eu tenho pra tua. Isso é pelo vídeo? Vou te contar o que aconteceu pô, tu me disse que aquele merda te estrupo, eu usei cocaína, fumei muita maconha, fiquei com a mente doida, eu estava até escutando o capeta falando comigo Bianca, e quando eu cheguei aqui eu estava até pior, te tratei como? - ela só me abraçou e dormiu comigo - tu acalma tudo Bianca, tudo de ruim que tem aqui tu acalma - ela apontou para a cabeça dela e eu relaxei um pouco.
— Só me conta um pouco mais sobre você Naty, e depois eu vou te contar sobre mim, sobre o porque deu ser assim.
Ela respirou fundo, a gente precisa dessa conversa.
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Nossa História [ Pique Bandida ]
RandomComo diz nossa música: Se via com coração fechado Com medo da tristeza do passado Andando no caminho da razão Você apareceu na minha vida Abriu a porta pra uma saída São coisas que não tem explicação De repente eu me entreguei Não lutei, não resisti...